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Atletismo russo segue suspenso e está fora da Olimpíada do Rio 2016

Federação Internacional de AtletismoResponsável por 17 medalhas em Londres 2012, o atletismo da Rússia ficará fora da Olimpíada do Rio. A decisão foi tomada na reunião do conselho da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), nesta sexta-feira, em Viena, e confirmada pela Federação Russa de Atletismo (Rusaf). A entidade decidiu que o país não apresentou mudanças suficientes no cenário antidoping local e seguirá sem autorização de participar de competições internacionais. Os russos estão suspensos desde novembro.

– A IAAF decidiu de forma unânime que a Rússia não cumpriu com as condições e, portanto, não poderia ser reintegrada (…) Como presidente da IAAF, gostaria de ver o maior número possível de países competindo, mas minha responsabilidade é ter o maior número de atletas limpos. Não foi uma decisão fácil. É um dia triste. Qualquer que fosse a decisão seria triste. Há humanidade aqui, não foi fácil – disse o presidente da entidade que rege o atletismo, Sebastian Coe, em coletiva de imprensa.

Na próxima semana, no entanto, o Comitê Olímpico Internacional (COI) poderá dar uma nova chance aos “atletas limpos”. Uma comissão se reunirá na terça-feira para decidir se russos que nunca testaram positivo para substâncias proibidas, como a recordista mundial do salto com vara Yelena Isinbayeva, poderão competir sob a bandeira olímpica. A decisão final, no entanto, está na alçada da IAAF.

Denúncias feitas pela imprensa internacional em 2014 desencadearam as investigações, que em 2015 apontaram para o envolvimento da própria IAAF no acobertamento sistemático de doping na Rússia. A suspensão, em novembro do ano passado, veio após um relatório enviado por uma comissão independente da Agência Mundial Antidoping (Wada) expor um esquema que teria, inclusive, apoio do governo local e da Federação Russa de Atletismo (Rusaf).

Por se tratar de um escândalo, a suspensão punirá, por ora, todos os atletas, inclusive aqueles que jamais tiveram o nome envolvido em suspeitas de doping. É o caso, por exemplo, de Isinibayeva, que escreveu um manifesto essa semana pedindo para poder competir na Rio 2016.

Responsável pela comissão especial do caso dentro da IAAF, Rune Anderson afirmou que, de fato, houve progressos significantes apresentados pelos russos. No entanto, não foram capazes de alterar uma chamada ”cultura semeada” de tolerância ao doping no país. Ele afirma que um forte sistema capaz de punir e prevenir doping ainda não foi criado, apontando obstáculos para se testar atletas no país. Anderson reiterou que a comissão independente considera que, se atletas que provarem individualmente serem ”limpos” podem conseguir autorização, mas não sob a bandeira da Rússia.

– Se provarem e convenceram que não fizeram parte do sistema russo porque estiveram fora do país e submetidos a outros e fortes sistemas de antidoping, podem aplicar a um processo para ter a permissão. Não pela Rússia, mas como atletas neutros – explicou, apontando mudança de regras nesse caso.

Rune Anderson reiterou que atletas que deram alguma contribuição na luta contra o doping, também poderão aplicar por essa permissão. Em particular, citou o caso de Yulia Stepanova, a maratonista que denunciou parte do esquema.

– Será estreito, não haverá muitos atletas aptos a passarem por essa brecha pois os atletas terão que provar que passaram por controle antidoping mais restrito que o russo – disse Anderson.
Ministro do Esporte russo, Vitaly Mutko disse à agência de notícias TASS que a decisão da IAAF era esperada, mas que o país definitivamente deve reagir a ela.

Presidente da Rússia, Vladimir Putin se manifestou antes da confirmação oficial da IAAF negando que haja um acobertamento de doping por parte do governo.
– Não há e não pode haver nenhum apoio do Estado, principalmente no que diz respeito ao doping – disse o presidente russo durante o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo.

Nos meses que antecederam o anúncio da IAAF, os russos tiveram a oportunidade de apresentar as adequações que puderam fazer desde a suspensão do país. Mutko garantiu que todos os esforços foram feitos para garantir que os atletas da Rússia entrassem na lista ”limpa e justa” dos Jogos Olímpicos. E pediu novamente uma reconsideração.

Mutko afirma que a Rússia tem trabalhado, desde o início da suspensão, para reformar seu programa antidopagem, com alterações que envolvem a reformulação de testes, novas regras e testes independentes. A reforma, entretanto, não convenceu.

LINHA DO TEMPO MOSTRA DESENROLAR DO ESCÂNDALO

3 de dezembro de 2014: rede alemã ARD denuncia doping sistemático de atletas russos
11 de dezembro de 2014: chefe do atletismo russo e tesoureiro da IAAF, Valentin Balakhnichev, e consultor de marketing da IAAF e filho do ex-presidente Lamine Diack, Papa Massata Diack, renunciam a cargos diante de investigação da Comissão de Ética da IAAF.
16 de dezembro de 2014: Agência Mundial Antidoping (Wada) estabelece comissão independente chefiada pelo ex-presidente Dick Pound para investigar denúncias de doping.
1º de agosto de 2015: ARD e o jornal britânico “The Sunday Times” denunciam que IAAF teria encoberto casos de doping em Mundiais e Jogos Olímpicos de 2001 a 2012.

18 de agosto de 2015: em meio a escândalo de doping, Sebastian Coe vence eleição contra Sergey Bubka e sucede Lamine Diack como presidente da IAAF. Senegalês estava há 16 anos no cargo.
1º de novembro de 2015: Lamine Diack e conselheiro Habib Cissé passam três dias presos em Paris acusados de lavagem de dinheiro, corrupção e conspiração.
6 de novembro de 2015: IAAF abre processo disciplinar contra Papa Massata Diack, Balakhnichev, Alexei Melnikov, ex-técnico chefe de fundistas russos, e Gabriel Dollé, ex-chefe de controle antidoping da entidade.
9 de novembro de 2015: Comissão Independente da Wada entrega o primeiro relatório referente às investigações sobre corrupção e manipulação de processos antidoping envolvendo IAAF e Rússia erecomenda suspensão da Rússia das competições internacionais.
13 de novembro de 2015: Conselho da IAAF suspende provisoriamente a Federação Russa de Atletismo (Rusaf), e atletas são impedidos de competir fora do país
17 de novembro de 2015: A composição da força-tarefa da IAAF para avaliar a Rusaf é anunciada com o especialista norueguês Rune Anderson como chefe independente.
19 de novembro de 2015: Wada suspende a Agência Russa de Controle Antidoping (Rusada)
26 de novembro de 2015: Conselho da IAAF anuncia que a Rusaf aceitou a suspensão integral sem requisitar julgamento.
11 de dezembro de 2015:IAAF define condições contra doping para liberar russos para Rio 2016
22 de dezembro de 2015: é realizado o primeiro encontro entre a força tarefa da IAAF e o comitê interino de coordenação russa.

7 de janeiro de 2016: Comissão de ética da IAAF bane de forma vitalícia Papa Massata Diack e Balaknichev por aceitarem propina e encobrirem casos de doping russos.
11 de janeiro de 2016: força-tarefa da IAAF faz primeira visita à Rússia
14 de janeiro de 2016: Comissão Independente da Wada publica segundo relatório e afirma que lideranças da IAAF deviam saber de esquema devido a sua dimensão e institucionalização.França emite, via Interpol, alerta considerando Papa Massata Diack, filho de Lamine e ex-conselheiro da IAAF, foragido.
6 de março de 2016: ARD denuncia que Rússia segue infringindo legislação antidoping
11 de março de 2016: Relatório da força-tarefa afirma que ainda há muito trabalho a ser feito pela Rússia e mantém suspensão, impedindo atletas do país de competirem no Mundial Indoor de Portland.
12 de maio de 2016: ex-chefe do laboratório russo antidoping, Grigory Rodchenkov, exilado nos EUA, descreve doping generalizado, incluindo pelo menos 15 medalhistas dos Jogos de Sochi, e envolvimento do Ministro do Esporte, Vitaly Mutko.

8 de junho de 2016:Mutko volta a negar acusações, faz apelo e cita esforços antidoping
10 de junho de 2016: Conselho de Ética da IAAF suspende trio suspeito de acobertar doping russo. Dentre os citados está Nick Davies, ex-chefe de gabinete de Coe.
17 de junho de 2016: Conselho da IAAF mantém suspensão ao atletismo russo, que fica fora do Campeonato Europeu, em Amsterdã, em julho, e dos Jogos do Rio, em agosto.

Globo Esporte

Redação DiárioPB

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