Vandré rompe o silêncio e avalia atual momento da política brasileira

Geraldo VandréO músico Geraldo Vandré retornou a João Pessoa na última quarta-feira (9), após 20 anos de afastamento da cidade, oportunidade em que foi homenageado durante o 10º Festival Aruanda, que está sendo realizado até este domingo (13). Na quinta-feira (10), o paraibano recebeu o Troféu Aruanda de Contribuição ao Cinema Nacional, graças ao seu trabalho na trilha sonora do longa A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1966).

No mesmo dia, à noite, Vandré e o ator Lima Duarte foram recepcionados pela diretoria do Hotel Sapucaia, da Rede Nord de Hotéis, com um jantar especialmente preparado para os dois e uma comitiva de cineastas.

Em um instante que saiu para fumar no loby do hotel, Vandré falou rapidamente sobre o momento de turbulência política nacional. Em poucas palavras, muito bem humorado, Vandré disse que acha muito difícil que o impeachment contra a presidente Dilma Rousseff seja aprovado, e comparou o atual governo com todos os outros que já passaram pelo Palácio do Planalto. “É tudo a mesma coisa”, disparou.

Vandré disse ainda que não conseguiria compor qualquer música sobre esse atual momento, afirmando que nunca foi de “fazer música numa época, num momento”, apesar de ter composto um dos hinos da então democracia brasileira, onde milhões de pessoas saíram às ruas “caminhando em cantando, seguindo a canção, somos todos iguais, braços dados ou não…”.

A ENTREVISTA

– O que você acha do atual momento político brasileiro?

– Eu estou fora da realidade. De longe não dá para ver, está muito nublado, com condições meteorológicas não muito favoráveis. (risadas)

– Qual seria a sua música para esse momento? O que você comporia?

– Não, nunca fui assim de fazer música numa época, num momento, eu não sei. Eu acho que não faria nada. Se tivesse que fazer alguma música estaria fazendo. Dava para fazer não.

– Como seriam as multidões de hoje, comparadas com as suas?

– Eu acho que não existe… mas ficou demais, é? É uma grande ameba chamada essa cultura de massa. É uma loucura…

– O Congresso, qual a sua opinião sobre tudo que tem acontecido dentro dele?

– Congresso? Sei não… Congresso? Essa República Federativa do Brasil nasceu de um golpe, em 1964. E depois foi se ampliando, né? É muito fácil dizer que foi um golpe militar, a sociedade civil, os civis, os políticos civis, estão implicados nele, ou principalmente, implicados. Isso que está aí são os frutos da revolução.

– Impeachment contra Dilma seria um golpe? Ele vem?

Não sei, na verdade eu acho que não sei. Não sei mesmo. Acho difícil que venha. Eu acho muito difícil.

– Lula, Dilma, PT, escândalos. O que você acha disso tudo?

– É.. Dizer o que? É tudo a mesma coisa, saiu um e entra outro. Saiu e entra outro e a coisa é tudo igual. Tanto faz de um lado e do outro, é tudo igual.

– Você vê alguma liderança nova que passa no futuro mudar tudo isso? Essa lama?

– Lama? Aqui não tem lama, na areia (apontando para a praia de Tambaú). Estou por fora, na paralela.

 – Sai Dilma, sai Temer, Aécio pode entrar? O que você pensa sobre tudo isso?

– Sei lá. Há tempos já que eu cheguei a uma conclusão muito primária, simples. Todos esses pleitos são pleitos de maioria. Basta ser maioria para estar certo, né. No entanto, se as maiorias tivessem algum valor, se a opinião da maioria fosse respeitada, não estaria na miséria em que está. Isso é para pensar.

– Democracia existe?

– Eu não entendo disse não. Eu não sou democrata, eu sou aviador. (Risada)

Paraíba Já

Redação DiárioPB

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