GERAL

Orgulho é uma ilusão

Daniela AraújoOs meios de comunicação de massa realmente não sobrevivem sem massificar, e interessante é, que todo aquele que quer massificar, a eles recorre. As religiões, por exemplo, são poucas as que vivem atualmente e desenvolvem seu caminho sem o demônio da massificação. Por via disso é que as pessoas que pensam um pouco, e por isso são mais críticas, usam, para julgar as instituições e pessoas, uma frase proporcionalmente inversa: mais massificador menos credível.

Até bem pouco tempo e ainda hoje, essas seitas ditas evangélicas, que pouco ou nada de evangélico têm, falavam e falam horrores da Igreja Católica e do Candomblé. Quero deixar bem claro que este texto não é para depreciar nem tão pouco endeusar instituições, crenças nem pessoas, mas tão somente para refletir, ainda que por um viés um tanto oblíquo, os valores e a verdade da vida.

O orgulho, por exemplo, um dos maiores, senão o maior, contravalor da vida, e ele é um dos piores sentimentos que prejudica a vida, está por toda parte e não deveria ser cultivado. Logo, seu oposto, a humildade, é um valor importantíssimo para a vida, é o que deveria nortear a vida das pessoas. Se bem que Oscar Wilde disse que “a humildade é a perversão do orgulho”, mas isso depende da honestidade de cada um. E quando falo de humildade não estou falando de subserviência, de baixa autoestima, de imbecilidade, etc. O famoso folheto de Cordel O Pavão Misterioso, diz num dos seus versos, que “Orgulho é uma ilusão”. E é isso é verdade. Pois quanto mais se sobe mais a intensidade da queda aumenta. Por exemplo, esse pessoal, que se autointitula evangélico, estão sempre pronto a agredir católicos e a apedrejar candomblecistas, mas são incapazes de olharem para dentro de si e de seus templos e verem o que de fato há no seu interior. Em tudo eles veem o mal, sobretudo no fato de os padres não casarem ou de os candomblecistas fazerem oferenda aos santos, ou as pessoais beberem e fumar, isso para eles leva direto ao inverno. Mas são incapazes de verem que seus pastores casam, mas, em sua maioria, continuam tourejando as fiéis, isto é, aqueles que tendem às mulheres. Pois, lá dentro há de tudo que se possa imaginar e em grande quantidade, difícil lá é encontrar o que é bom.

Uma coisa a vida me ensinou. Quanto mais uma pessoa se mostra pura e intocável, mais é corrupta e desonesta. Açambarcando o título de evangélico, afetando-se santidade, e munidos de uma língua afiadíssima para condenar os católicos e sem religião, chamando a uns de idólatras, a outros de ímpios, dizem que os que estão fora de suas assembleias todos vão para o inverno. Com eles ou dá ou desce! Ou seja, o se o dízimo ou desce aos infernos. Eles sim, são puros, santos, ilibados moralmente e angelicais sexualmente. Bem… quem não os conhecem que os comprem!

Mas na semana passada houve um terremoto via internet e redes sociais. Circulou um longo áudio de uma cantora gospel de fama considerável, Daniela Araújo, brigando encarniçadamente com seu namorado ou ex, vai saber! Victor Romanini, por este ter confiscado sua droga tentando livrá-la do vício (segundo ele). No áudio, ela brigava com o cara, defendendo seu fornecedor de cânhamo (será que era só isso?), um certo Felipe. O embate não era uma simples discussão, era uma briga violeta com palavras de baixo calão, ofensas, acusações e ameaças. Ela queria a todo custo a cannabis que tinha sido confiscada.

Depois da repercussão, alguns bombeiros amadores tentaram apagar o fogo, mas findaram por lançar-lhe mais combustível. O famoso e traquejado guru dos neo pentecostais e neo malucos, Caio Fábio, minimizando a coisa (disse que não houve briga foi apenas uma discussão), para tentar lançá-la ao esquecimento. Partiu, porém, para o ataque contra o rapaz, atingindo inclusive sua masculinidade, teve efeito contrário, tanto porque estendeu a querela, deu mais visibilidade ao rapaz, quanto porque o rapaz o acusou, em tom de deboche, de ser também ele viciado maconha. Se é verdade ou não que o velho Caio também é chegado a uma marijuana não sei, mas que há pastores, e não são raros, que fazem de seus templos espaço de esconderijo e venda de produtos ilícitos, incluindo vários tipos de droga, lá isso é verdade.

Só que me vem à memória, nos anos 90 foi flagrado dois casos na Bahia e um em Aracaju. Em 2006 ou 2007 dois casos no Recife aconteceram, um que vendia droga nos fundos do templo, outro que usava uma bíblia falsa, isto é, oca, com uma arma dentro para assaltar. Como se vê a riqueza e prosperidade relâmpago desses grupos inescrupulosos não vem apenas de dízimo, ofertas, objetos e cartões de crédito que o pastor obriga os fiéis lhe entregarem, não. Há entre eles quem comercialize a erva do repouso, a pedra maldita, a caspa do capeta, etc. Há também os que depois de “dá um dois”, “fazem a cabeça” e sobem no púlpito, entram em trans, dizem barbaridades em nome de Deus e ainda fazem o rapa dos incautos que lhes dão ouvido.

Pois bem, adorar imagens e fazer ebó, não pode, e são graves pecados, mas vender e usar drogas, julgar e condenar os outros, isso sim o deus deles autoriza! Ou será que não?! A única coisa que me é autorizado a dizer é que não julguem ninguém, sobretudo quando não se tem unidade entre fé, palavra e vida.

Por Paulo Alves

Redação DiárioPB

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