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Morre Monarco, símbolo da Portela e do samba

Baluarte mais antigo da Portela, Monarco morreu neste sábado, 11, ao 88 anos O sambista estava internado no Hospital Federal Cardoso Fontes, onde passou por uma cirurgia no intestino. Integrantes da Portela confirmaram o falecimento ao Globo.

Referência da escola de Madureira ao lado de nomes da nata do samba, como Paulinho da Viola e Clara Nunes, Hildemar Diniz ficou conhecido por um apelido de infância, que ganhou quando ainda vivia em Nova Iguaçu. Filho do marceneiro e poeta José Felipe Diniz, chegou a ajudar a mãe, separada, nas despesas da casa, vendendo mangas na feira da cidade da Baixada Fluminense.

Aos 10, o carioca do bairro de Cavalcanti voltou a morar no Rio, desta vez em Oswaldo Cruz, onde passou a frequentar as rodas de samba. Ali conheceu bambas como Paulo da Portela, fundador da Azul e Branco, de quem se tornou discípulo. Na década de 1950, ingressou na Ala de Compositores da escola, levado por Alcides Malandro Histórico, de quem se tornou parceiro. Cavaquinista e percussionista, também foi diretor de harmonia.

Na década de 1960, chegou a trocar a Portela pela Unidos de Jacarezinho (que o homenageou em 2005 com o enredo “Monarco; Voz e memória do samba, um passado de glória”), mas retornou à Portela em 1969. Em 1970, gravou, junto à Velha-Guarda da Portela, o disco “Portela passado de glória”, produzido por Paulinho da Viola.

É autor de alguns de sambas clássicos que exaltam a escola, como “Passado de glória”, um dos “esquentas” obrigatórios da Portela antes de entrar na Avenida. O primeiro disco solo veio em 1976, com temas como “O quitandeiro” (com Paulo da Portela) e “Lenço” (com Francisco Santana). Outros de seus sucessos são “Triste desventura”, “Vai vadiar” e “Coração em desalinho”, essas duas últimas se tornaram grandes sucessos na voz do também portelense Zeca Pagodinho.

Em 1999, a cantora Marisa Monte, também portelense, convidou Monarco e a Velha Guarda para gravar o CD “Tudo azul”. Em 2008, foi lançado o o documentário “Mistério do samba”, de Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor, também produzido por Marisa Monte, tendo Monarco como um de seus principais personagens. Em 2010, grava seu primeiro DVD, “Monarco: A memória do samba”, a partir de um show no Teatro Oi Casa Grande.

Em seu aniversário de 87 anos, celebrado em 2020, durante a pandemia de Covid-19, Monarco fez uma live comemorativa com a participação de amigos como Paulinho da Viola, Marisa Monte e Maria Rita, Criolo, Nelson Sargento, Martinho da Vila, Teresa Cristina, Diogo Nogueira, Glória Pires e Orlando Moraes.

Em entrevista ao Globo, na época, ele afirmou que estava com saudades do público e da neta, mas não se exporia ao risco de contaminação pela Covid-19:

— Cantar é a maior alegria da minha vida. Desço do palco e as moças e os rapazes vêm me abraçar. Sem falar que estou duro, né? Mas nem tudo é dinheiro, eu estou vivo! – disse ele, completando. – Ela (a neta) diz que não quer nem saber, que vem me ver e pronto. Mas ficaremos distantes. Ela acena para mim, e eu aceno para ela. Sou esse negócio de idoso e do grupo de risco, né? Sei que um dia vou morrer, mas não vou procurar sarna para me coçar antes da hora, né? Só vou no dia que o mestre maior disser: ‘Monarco, acabou, vamos subir’.

Entre “Portela Passado de Glória”, de 1970, e “Monarco de todos os tempos”, de 2018, o compositor lançou 16 discos em sua carreira.

Monarco também fundou uma verdadeira linhagem do samba: é pai dos compositores e cantores Marcos Diniz (Trio Calafrio) e Mauro Diniz, idealizador do Trem do Samba. Sua neta, Juliana Diniz (filha de Mauro) é atriz e cantora.

EXTRA

Redação DiárioPB

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