BRASIL

‘Minha identidade negra está ferida’, relata adolescente agredido por PM

Mãe do jovem diz que ele 'dorme e acorda assustado' após abordagem truculenta

Foto: Bruno Wendel/CORREIO

O símbolo de resistência não suportou a truculência da Polícia Militar baiana. “Estou com medo até de sair de casa, tenho receio que algo aconteça comigo e com a mi

Minha família”, declarou o adolescente 16 anos que levou murros, chutes e insultos racistas por parte de um policial militar durante uma abordagem. Até então, ele mantinha o penteado black power como forma de autoafirmação. “É mais que moda, é a minha identidade negra que agora está ferida”, complementou o jovem que disse querer cortar o cabelo.

As agressões do PM, filmada por um morador, circula nas redes sociais e  ganhou repercussão nacional. O vídeo mostra toda a ação no bairro de Paripe, que aconteceu no domingo (2). “Você pra mim é um ladrão. Você é vagabundo! Essa desgraça desse cabelo. Tire aí [o chapéu], vá! Essa desgraça aqui. Você é o quê? Você é trabalhador é, viado?”, disse o PM no vídeo ao jovem.

Amedrontado, ele disse que vai cortar o cabelo. “Não vou usar mais. Vou cortar”, disse ele. A mãe do adolescente, Carina Barros, 32, endossou a vontade do filho. “Não quero mais que ele use. Isso nos traumatizou bastante. Dorme e acorda assustado”, contou ela, que atualmente trabalha fazendo faxina.

 Desde o episódio, o adolescente não sai de casa. “Penso que ele pode vir atrás de mim por causa do vídeo. Não estou saindo de casa para nada”, disse ele, que emendou sobre a repercussão. “Não tinha ideia que o vídeo pudesse causar tudo isso. Tenho muito medo que ele desconte tudo isso em mim”.

Questionado se já havia passado por uma situação semelhante, o rapaz respondeu: “uso o corte há mais de um ano e nunca passei por isso, sequer fui alvo de comentários racistas, enquanto no domingo fui espancado”, finalizou.

Justiça
O adolescente é o mais velho dos três filhos de Carina Barros. Ela espera justiça. “Fica o medo, mas a gente acredita na justiça. Meu filho não errou. O erro foi do policial. Mesmo que meu filho tivesse feito algo de errado, o que ele não fez, não é dessa forma que se deve abordar as pessoas. Meu filho foi espancado por quem deveria proteger os cidadãos”, declarou.

No domingo, o adolescente voltava para casa, junto com a namorada, quando casal parou para falar com um amigo que estava em um carro. No momento que conversavam, uma equipe da PM se aproximou e um dos policiais disse: “O que está acontecendo aí?”.

 Na abordagem truculenta, o PM retira a boina do jovem que usa cabelo no estilo black power e a joga no chão. “Colocou os meninos encostados no muro e começaram as agressões. Além de xingá-lo de vagabundo, deu bicudas e socos nele. Fiquei chorando, mas não podia fazer nada por que ele estava me olhando com raiva”, contou a namorada do rapaz.
DPB com Correio 24 Horas

Redação DiárioPB

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