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Bandeiras, patriotismo chocho e alguns termos chulos, sob o manto da crítica política

patriotismoSímbolos têm que continuar na condição de símbolos, caso contrário, tornam-se banais e perdem a simbologia, pelo menos a genuína. Amor ao torrão em que nasceu não precisa de patriotismo, pois este é tal qual religião e futebol; se não tivermos muito cuidado desanda em fundamentalismo, sectarismo e outras coisas do gênero. Afinal, em se tratando de Brasil, quem quiser amá-lo há que saber fazer a necessária distinção entre o que é amor a terra em si, isto é, o ambiente em que nasceu, à entidade pátria e à realidade sócio-política: essa é uma porcaria, sempre foi! Ademais, desconfio sempre de amores exagerados, simplesmente porque se é exagerado não é amor, o exagero altera e adultera a ontologia de qualquer realidade ou sentimento, atos ou ações, atitudes ou decisões.

No dia Sete de Setembro, acesso determinado portal, como de costume, e eis que me deparo com o excelentíssimo cantor Fábio Jr. embrulhado com a Bandeira do Brasil, com aquele ar de quem acabou de retornar do além…, encimado pelo título: “Dilma, Lula, Zé Dirceu, PMDB, vocês não tem mais o que fazer, não, p…?”, protesta Fábio Jr”. A priori, não entendi. Nunca tinha percebido este cantor com rasgos de crítico político. Além de empacotado com o Símbolo nacional. Gente, (apesar de semiologia não ser minha praia) um símbolo é sempre representante de algo, tem função restritiva e única. Se o aplica a um sem número de coisas, termina por não representar nenhuma. Vale ressaltar ainda que símbolo nacional é uma coisa, indumentária circense ou de espetáculo é uma outra. Mesmo que a referida apresentação se desse no tal Braziliam day, o quê, criado em Nova York e reeditado a cada ano, inclusive já fora exportado para outros países, consiste em papagaiada de pessoas colonizadas. Coisa de classe média reacionária que desterritorializada perdeu o topete que aqui mantinha, e vivendo em pleno coração do monstro fica chorando as pitangas e alisando as barbas do famigerado Tio Sam (se ele as tivesse). Aqui, esse povo achava-se Paxás, lá não passa de Zé-ninguém; lavando pratos, limpando o chão e levando esculachos dos ianques. Agora bebem do próprio veneno que outrora envenenava a vida dos pobres, com os preconceitos, racismos e arrogâncias, que lhe são bem característicos.

Voltando ao cantor Fábio, não sabia, como disse, que ele tivesse essa veia de crítico político, talvez seja aquilo que os antigos sertanejos pontificavam: “Em onça morta todo cachorro urina encima”. Até agora a maior contribuição nacional do cantor Fábio Jr., além de umas musiquinhas mamão com açúcar, era aos cartórios de casamento e às varas de separação. Mas agora resolveu ser crítico político, ótimo! Só que alguém tem que avisá-lo que criticar não é só falar qualquer coisa; tem que saber o que diz, com base sólida, com exemplos reais e argumentos robustos para que a crítica não seja como planta sem raiz. Qualquer um pode arrancá-la. Há de ficar atento à história, e, de preferência, fazer uma análise um tanto percuciente, caso contrário, para onde ele parou: referindo-se a lugares-comuns e usando termos chulos. Também… não dá para se esperar muita coisa… né?

Senão vejamos quais foram seus argumentos: primeiro, referindo-se ao lema da bandeira, diz que é Desordem e roubalheira. Alguém deve avisá-lo que isso acontece aqui há cinco séculos, desordem e roubalheira é o primeiro produto importado da península Ibérica (aliás, a única coisa que lá existia), portanto, ele acordou muito atrasado. Depois, referindo-se ao governo, afirma que é uma quadrilha. Até agora nenhuma novidade. Eu, que sou muito mais novo do que ele, estou careca de saber disso, desde que em Salvador foi implantado o sistema dos Governadores Gerais e depois o de Vice-Reis, não se pratica outra coisa, a não ser desordenar e roubar. Depois continua: Tenho o maior orgulho de vestir essa bandeira, mas às vezes eu tenho vergonha alheia, sabe? De ver nossos governantes lá… Todo mundo roubando, todo mundo metendo a mão e eu querendo ser brasileiro, querendo agradecer onde eu nasci, o país que eu acredito. Será que ele queria mesmo ser brasileiro? Com orgulho? Não parece. No início de sua carreira ele brincava de cantar em inglês macarrônico. Isso não revela amor a uma pátria, revela amor pelo dinheiro a qualquer preço. Um dos maiores elementos de identidade de uma cultura é a língua, e trocá-lo por tentativa de faturamento não soa como exemplo de patriotismo.

E para fechar seu profundo discurso usa a seguinte pérola, que tanto revela o nível ético e moral do discursador quanto a capacidade de reflexão de sua assistência. “Dilma, Lula, Zé Dirceu, PMDB, vocês não tem mais o que fazer, não, p…? Vocês sabem onde está aquele dedinho que o Lula perdeu, né? Onde é que ele enfiou, né? No nosso”. Se ele fosse viver de análise política ou de humor iria morrer de fome, pois até como marido e pai ele fracassou. A piada que circula entre os humoristas do Rio é que quando ele vai convidar para um novo casamento já entrega um segundo convite para o casamento subsequente. Eu tenho pena também da sua filha mais velha (não sei os outros) que se criou sem pai, enquanto ele vagava procurando rabo-de-saia. É fácil criticar um governo que enfrenta sérias dificuldades, mas não é fácil ser ético e cumprir o papel de homem com o qual se comprometeu. Alguém tem que ajudá-lo a compreender que a crise do Brasil, como do mundo, é ética; e dessa descendem todas as outras. Aqueles que estão no governo ou a ele ligados (nesse e em todos os outros que aqui houve) que desviam verba, assaltam os cofres públicos, roubam o dinheiro da merenda e dos hospitais, não tem a mínima ética; nem também a tem aquele que abandonam uma família em busca de uma nova fêmea, pelo simples desejo de variar de pernas. Ética é assim, quem não a tem na esfera privada também não a possui na esfera pública, nem os acometidos de esquizofrenia conseguem ser um no espaço público e outro no privado.

Ainda um último ponto a considerar: lá pelas tantas diz ele: Dilma, Lula, Zé Dirceu, PMDB, vocês não tem mais o que fazer, não, p…? Ora, nos meus anos de estudos filosóficos, aprendi que o que não é dito, é tão importante quanto o que é dito para a compreensão final de um discurso. Citando os que não têm mais nada a fazer à frente do país, ele não falou no PSDB; logo, está claro que o seu discurso empossa o tal partido e seu candidato à presidência como alguém que tem sim algo a fazer na condução do país. Pergunto eu: em que o PSDB foi melhor do que o PT no governo? Em nada. Só não o sabe que não o quer. Pelo contrário, fora muito pior. Gostaria que o sr. Fábio Jr. explicasse qual foi o expediente utilizado pelo governo FHC para a aprovação da emenda da reeleição. Ele não o sabe por que além de não entender de política, ele deveria andar muito ocupado em viabilizar um novo matrimônio. E mais, onde está o dinheiro das privatizações feitas por aquela cavalgadura? Todos sabemos que ao se vender objeto 1 compra-se objeto 2, se o administrador é idôneo e responsável, por suposto. Quem me responde o que foi comprado com esse dinheiro? Os reacionários não sabem nem querem saber, por que deve ter feito parte do grupo daqueles que tomaram parte no espólio.

Inclusive, o dinheiro relativo à venda da Vale do Rio Doce. Esta empresa representa(va) uma parte incalculável da riqueza deste país entregue de mão beijada aos capitalistas estrangeiros; a venda dessa empresa consistiu um crime de lesa-pátria. Pois ela retira a matéria-prima do subsolo e, segundo as leis deste país (leis que só existem e funcionam para oprimir os pobres), o subsolo pertence à união não constituindo propriedade particular. Dessa forma, se o proprietário de um terreno descobre petróleo, por exemplo, o petróleo não pertence mais a ele e sim à união, a ele cabe tão somente receber os royalties pela exploração do produto. E o governo desse partido (PSDB) entregou o subsolo brasileiro em mãos dos exploradores estrangeiros, para satisfazer interesses estrangeiros e obedecer a ordens do FMI. Belo serviço prestado à pátria!

Ainda uma outra qualidade ao contrário do PSDB: FHC queria, de todas as formas, privatizar todas as universidades federais, não o fez porque houve uma grita geral dos governadores estaduais, assim ele recuou. Os governadores reagiram porque simplesmente a privatização de tais universidades iria quebrar os Estados. Por exemplo, no Estado da Paraíba o segundo maior orçamento é o da UFPB e o terceiro do IFPB, perdendo apenas para o orçamento do próprio Estado. Com a privatização dessas duas instituições o Estado ficaria privado dessas verbas e com certeza iria à falência. E FHC vangloriava-se de ser doutor, ao passo que Lula, semianalfabeto, no governo do PT, aumentou em mais de trinta por cento as universidades federais. No governo FHC, a política de bolsas para a pós-graduação (mestrado e doutorado) era miserável: para se ter uma ideia, na UFPE, que se considera a todo-poderosa do Nordeste, no programa de pós-graduação em Letras (Literatura) havia três bolsas para mestrando e três para doutorando, o resto fosse pastar; no governo Lula havia bolsas para todo mundo e ainda sobravam em torno de dez bolsas. Isso, afirmou em classe a coordenadora de então. E essa política de melhoria na educação e atenção inclusiva a pobres e negros, apesar das dificuldades, continua no governo Dilma. Para o sr. Fábio Jr. que brinca de cantar e para um direitista raivoso, que não sabem quanto custa um quilo de feijão, isso representa nada, mas é bom saber que alguém pobre, sem bolsa, simplesmente não pode se dedicar a uma pós-graduação em tempo integral, isto é, estudar, qualificar-se, tornar-se gente e se fazer respeitar, para falar no mesmo tom (porém, com segurança e educação) dessa classe média reacionária e falida. E é essa a raiva desse pessoal que critica cegamente o governo Dilma, sem reconhecer os avanços sociais, porque ameaçam suas posições, e golpeiam sua arrogância preceituosa herdada dos mandatários dos antigos engenhos de açúcar, verdadeiros campos de concentração e trabalhos forçados mais cruéis que os da Segunda guerra mundial.

E todos esses críticos dos governos do PT é essa gente originária dos que possuíam os engenhos e mandavam na política, transformando as instituições públicas em seu quintal privado para beneficiar a si e a seus apaniguados. Isso continua até hoje. E essa insatisfação da elite e de muitos pobres alienados é o medo de perderem o controle das arcas públicas e verem o que é público servindo a todos, como deve ser. Ainda está longe de ser como deveria, temos que avançar muito ainda, para quebrar esses privilégios. Se quisermos ser uma democracia; pois, onde há privilégios não há democracia.

Ou nós dividimos o bolo ou teremos de arcar com os cacos da travessa.

Ainda em termos de roubalheira, como vociferou nosso insigne cantor, será que ele sabe quantos ladrões de colarinho branco foram para a cadeia no governo FHC? Nenhum. O que foi que o governo de então fez quando se escancarou o roubalheira na Sudene? Nada. Simplesmente fechou a autarquia e os ratos foram roer queijo em outra dispensa, todo mundo livre!!! É esse o partido que tem alguma coisa a fazer pelo Brasil?

Agora, pelo menos se investiga e se dá nome aos bois; temos de ser realistas.

Redação DiárioPB

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