MÚSICA

O brasileiro que foi homenageado com uma música de Paul McCartney

Chico Mendes foi o principal nome da luta contra o desmatamento no Brasil. Mas, infelizmente, é mais reconhecido internacionalmente do que no próprio país. Chico Mendes foi assassinado por lutar pelos direitos dos povos da floresta e ser contra o desmatamento no Brasil. Após a sua morte, o ativista foi homenageado pelo o ex-beatle Paul McCartney.

Chico Mendes nasceu em Xapuri, no Acre, em 15 de dezembro de 1944. Filho do migrante cearense Francisco Alves Mendes e de Maria Rita Mendes, o ambientalista só aprendeu a ler aos 19 anos, já que na maioria dos seringais não havia escolas, e os proprietários de terras não tinham intenção de implantá-las em suas propriedades.

A partir de 1976 Chico Mendes participou ativamente das lutas dos seringueiros para impedir o desmatamento. A tática utilizada pelos manifestantes era o “empate” — manifestações pacíficas em que os seringueiros protegem as árvores com seus próprios corpos.

Organizou também várias ações em defesa da posse da terra pelos habitantes nativos, chamados de ‘posseiros’. Em 1977 participou da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, sendo eleito vereador pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) local.

Recebe, então, as primeiras ameaças de morte por parte dos fazendeiros, o que lhe rende problemas com seu próprio partido, descompromissado com as causas pelas quais Chico Mendes lutava.

Em 1979, usa seu mandato para promover um foro de discussões entre lideranças sindicais, populares e religiosas na Câmara Municipal de Xapuri. Acusado de subversão, é preso e torturado, mas, sem apoio algum das lideranças políticas locais, não consegue registrar na Polícia a ocorrência da tortura da qual fora vítima.Já no ano de 1981, Chico Mendes assume a direção do Sindicato de Xapuri, do qual foi presidente até sua morte. Em 1984, foi julgado pelo Tribunal Militar de Manaus e absolvido por falta de provas.

Sob sua liderança, a luta dos seringueiros pela preservação do seu modo de vida adquiriu grande repercussão nacional e internacional. Do encontro saiu a proposta de criar uma “União dos Povos da Floresta”, que buscava unir os interesses de indígenas, seringueiros, castanheiros, pequenos pescadores, quebradeiras de coco e populações ribeirinhas, através da criação de reservas extrativistas.

Essas reservas preservariam as áreas indígenas e a floresta, além de ser um mecanismo de promover a reforma agrária desejada pelos seringueiros. Chico Mendes recebeu a visita de alguns membros da Organização das Nações Unidas (ONU) em Xapuri.

Denunciou projetos financiados por bancos estrangeiros que estavam levando à devastação da floresta e à expulsão dos seringueiros. Dois meses depois, levou as denúncias ao Senado dos Estados Unidos e à reunião de um dos bancos financiadores do projeto, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Os financiamentos a tais projetos acabaram sendo suspensos e Chico Mendes foi acusado por fazendeiros e políticos locais de “prejudicar o progresso”, acusações que não convencem a opinião pública internacional. Alguns meses depois, recebeu vários prêmios internacionais.

Ameaçado e perseguido pelos membros da então recém-criada União Democrática Ruralista, percorreu o Brasil participando de seminários, palestras e congressos onde denunciava as intimidações que os serigueiros estavam sofrendo.

Após a desapropriação do Seringal Cachoeira, de Darly Alves da Silva, agravaram-se as ameaças de morte contra Chico Mendes que, por várias vezes, veio a público denunciar seus intimidadores. Em 22 de dezembro de 1988, Chico Mendes foi assassinado com tiros de escopeta no peito na porta dos fundos de sua casa. Após o assassinato do líder extrativista mais de trinta entidades — sindicalistas, religiosas, políticas, de direitos humanos e ambientalistas — se reuniram para formar o Comitê Chico Mendes. Todos exigiam que os autores do crime fossem punidos.

Em dezembro de 1990, a justiça condenou os fazendeiros Darly Alves da Silva e seu filho, Darcy Alves Ferreira a 19 anos de prisão pela morte de Chico Mendes.

A morte de Chico Mendes trouxe apoio mundial à causa dos seringueiros. Devido, em parte, à cobertura do assassinato pela mídia internacional, a Reserva Extrativista Chico Mendes foi criada na área onde ele morava. Outras 20 reservas, semelhantes às propostas por Mendes, cobre hoje mais de 32.000 km².Em 1989 o Grupo Tortura Nunca Mais, uma ONG brasileira de defesa dos direitos humanos, criou o prêmio Medalha Chico Mendes de Resistência, uma homenagem não só ao próprio Chico Mendes, mas também a todas as pessoas ou grupos que lutam pela consolidação dos direitos humanos no país.

Em 1989 o ex-beatle Paul McCartney lançou a faixa “How Many People”, em homenagem ao seringueiro, no álbum Flowers in the Dirt. O compositor Clare Fischer, que havia fornecido os arranjos orquestrais para o álbum de McCartney, dedicou a faixa “Xapuri”, de seu álbum Lembranças (Remembrances), lançado no mesmo ano, à memória de Chico Mendes. O ambientalista é reconhecido como um dos maiores brasileiros de todos os tempos.

por Observatório do Terceiro Setor

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Redação DiárioPB

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