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Jornal português diz que Brasil é “o pior exemplo” no combate à pandemia

Da agência Lusa: Macau e Brasil contrastam nas medidas e nos números da covid-19. O território, governado por Portugal até 1999, assumiu medidas draconianas desde cedo, logo em janeiro, quando registou o primeiro caso. Já o Brasil tem um Presidente que continua a minimizar a doença.

Apesar do inquestionável êxito no controlo da pandemia, com Macau sem registar casos há mais de cinco meses e de ter identificado somente 46 infeções, os custos fazem-se sentir.

Macau está praticamente fechado ao mundo em cerca de 30 quilómetros quadrados, numa ‘bolha’ e sob forte controlo fronteiriço, com uma crise económica sem precedentes e com o Governo a estimar quebra de 60,9% do PIB em 2020, fruto da diminuição do turismo e das consequentes quebras nas receitas do jogo.

A história de sucesso no controlo da pandemia começa logo no segundo dia do ano, a 02 de janeiro.

Cerca de 15 dias depois de o novo chefe do executivo ter tomado posse, Macau, uma das cidades com maior densidade populacional do mundo, anuncia o controlo de temperatura a todos os passageiros de voos provenientes da cidade chinesa de Wuhan, uma cidade do centro da China, onde o novo coronavírus foi detetado no final de dezembro de 2019.

No Brasil, o primeiro caso foi registado oficialmente no final de fevereiro, e, desde então, a pandemia de covid-19 teve no país sul-americano um dos seus principais focos mundiais, ao totalizar mais de 6,8 milhões de infetados e superando os 180 mil mortos óbitos.

Contudo, segundo especialistas, a evolução da pandemia no Brasil não pode ser desassociada dos posicionamentos públicos do Presidente, Jair Bolsonaro, que, entre não usar máscara em público, promover aglomerações, protestar contra o isolamento social ou afirmar que não se irá vacinar, foi considerado um dos chefes de Estado mais céticos em relação à gravidade da doença em todo o mundo.

Entre as posições mais polémicas de Bolsonaro este ano estão a classificação da covid-19 como uma “gripezinha“, a ampla defesa do fármaco hidroxicloroquina para tratamento da doença e, mais recentemente, o apelo para que o Brasil “deixe de ser um país de maricas“.

Nos últimos meses, o chefe de Estado tem sido criticado por politizar a Coronavac, potencial vacina chinesa contra a covid-19, que está a ser desenvolvida em São Paulo, estado governado pelo seu rival político, João Doria.

Em África, os especialistas estimavam uma tragédia devido à falta de cuidados de saúde, mas os números têm sido inferiores à média de outros continentes.

A juventude de grande parte da população, subnotificação de casos, baixos índices de circulação interna e a ausência de amplitudes térmicas terão contribuído para valores mais baixos. No total, estão registados pouco mais de 57 mil mortos confirmados em mais de 2,4 milhões de infetados.

Entre os países lusófonos africanos, Angola é o que tem mais mortes: regista 379 óbitos e 16.407 infetados.

Após o primeiro caso, detetado em março, o governo de João Lourenço decretou sucessivos estados de emergência e impôs cercas sanitárias em redor dos casos mais graves, com particular destaque para a capital.

O fim dos voos ajudou a conter a importação de casos, principalmente de Portugal.

No caso de Moçambique (145 mortos e mais de 17 mil casos), as preocupações estão centradas em zonas fora de Maputo, onde quase não existe estado central, como as províncias de Cabo Delgado, onde também se verificam fluxos grandes de refugiados, em fuga de ataques ‘jihadistas‘.

O ministro da Saúde de Moçambique, Armindo Tiago, disse que a covid-19 atingiu o pico no país em outubro, porque as autoridades conseguiram retardar a aceleração da pandemia.

“Consideramos que o Governo traçou dois objetivos [na luta contra a covid-19] e os cumpriu integralmente: retardar o pico e proteger o Sistema Nacional de Saúde”, frisou.

Na Guiné-Bissau (44 mortos e 2.446 casos), o primeiro caso verificou-se em março e, numa primeira fase, a epidemia alastrou de modo rápido, contaminando mesmo o primeiro-ministro, Nuno Nabiam, que não chegou a apresentar sintomas.

No entanto, a partir do verão, e após várias declarações de estado de emergência, a situação melhorou e o pior parece ter sido ultrapassado. Os voos já foram retomados com normalidade e não existe um visível aumento de casos diário.

Em Cabo Verde, o primeiro caso foi confirmado em 19 de março, num turista inglês de 62 anos, que ao fim de alguns dias seria também a primeira vítima mortal no arquipélago. Aconteceu na Boa Vista e rapidamente os hotéis daquela ilha registaram vários surtos, incluindo com turistas estrangeiros.

No dia 15 de abril, Cabo Verde registou um pico de 47 casos confirmados, e até final de maio, após sucessivos estados de emergência, contava com um acumulado de pouco mais de 430 casos de covid-19.

Iniciou-se em junho o desconfinamento gradual no arquipélago que, além de acabar por tornar a Praia no epicentro da doença, fez disparar o número de novas infeções, para o qual ajudou o novo foco que começou a surgir no final de agosto na ilha do Fogo, sobretudo em São Filipe.

Com cerca de 11.000 casos confirmados desde 19 de março e pouco mais de cem mortes por complicações associadas à doença, a pandemia está desde novembro em clara contenção, registando atualmente algumas dezenas de novos casos por dia e um total de casos ativos que ronda os 250 em todo o arquipélago.

Por seu turno, São Tomé e Príncipe registou o seu primeiro caso em abril e o país sofreu fortemente com o corte nos voos turísticos, a única fonte de entrada de divisas no país.

Com 17 mortos e 1.009 casos, o país regista a estagnação dos números, para o qual contribuiu uma equipa de apoio médica fornecida por Portugal, que alargou o número de testes e permitiu a despistagem de suspeitas.

Ao lado de São Tomé, a Guiné Equatorial apresenta números – 85 mortos e 5.195 casos — que muitos analistas consideram suspeitos. Ao contrário de outros países africanos, o país não reporta regularmente às autoridades e já fez várias revisões em baixa dos números oficiais.

Sem nenhuma morte e apenas três dezenas de casos, Timor-Leste é hoje um exemplo de combate à doença, graças a quase uma dezena de declarações de estado de emergência, que bloquearam a ligação da ilha ao exterior.

Os voos permanecem fortemente condicionados e o país nunca enfrentou uma situação de contaminação comunitária, tendo registado, sobretudo, casos importados.

Hoje, a par de Macau, Timor-Leste é o único local com língua oficial portuguesa em que é permitido circular sem máscara na rua e em que a normalidade impera, com atividades desportivas com adeptos e a restauração a funcionar sem qualquer constrangimento.

Fonte: https://www.folhaimpacto.com.br/

Publicado no site do jornal Mundo Ao Minuto, de Portugal

Redação DiárioPB

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