CINEMA

Filme de cineasta paraibano chega aos cinemas; veja estreias

O que é uma família? Talvez a explicação mais comum, de acordo com os padrões mais tradicionais da sociedade, seja a de um arranjo composto por um pai, uma mãe e seus filhos. No entanto, em 2019, esse conceito pode se expandir para outras possibilidades. É sobre esse e outros temas relacionados aos núcleos de afeto de nossas vidas que se estrutura Ambiente Familiar, novo filme do cineasta paraibano Torquato Joel. Assista ao trailer abaixo.

O filme estreia nesta quinta-feira (26) no circuito comercial em João Pessoa, com duas sessões no Centerplex Mag Shopping, às 17hs e 21h45. Além disso, a obra é exibida em 19 cidades do Brasil, em uma parceria com a rede Cinemark.

A história se centra no trio de amigos Alex (Alex Oliveira), Fagner (Fagner Costa) e Diogenes (Diogenes Duque), que moram juntos, mas que desenvolvem uma relação de afeto maior do que colegas que dividem uma casa. Torquato os conheceu quando colocou  um de seus apartamentos para alugar.

Ao estabelecer uma relação de amizade com eles, percebeu algo curioso ao viajar com dois deles para uma das praias do Litoral Sul da Paraíba. “O lugar não dispunha um bom sinal de celular, mas Alex e Diógenes expressaram uma preocupação excessiva em conseguir ligar pra Fagner, o terceiro locatário do meu apartamento. Os dois saíram em busca de sinal nos morros próximos à praia, tamanha era a preocupação em fazer contato com o amigo para relatar que estava tudo bem na viagem”, relembra.

Esse episódio lhe chamou atenção pois, na visão do cineasta, eles eram três amigos, sem vínculos familiares, sem relação sexual, um grupo que dividia uma moradia por conveniência e necessidade. No entanto, ele percebeu que havia algo diferente ali e que o cinema poderia ser resultado daquele olhar curioso. “Queria entender de onde surgia aquela preocupação e afeto que a gente normalmente vê entre pais e filhos, irmãos. Comecei a perceber que família não é necessariamente uma relação de consanguinidade”, explica.

No início, o filme era um documentário, mas ao aprofundar-se na história do trio, decidiu que era necessário mergulhar no campo da ficção, especialmente para destrinchar a origem de traumas e abandonos nas infâncias deles. Ambiente Familiar, de acordo com Torquato, lhe trouxe aprendizados não somente no sentido social e filosófico, mas também na própria forma de fazer cinema.

O uso de não-atores em cena não é uma novidade na sétima arte, mas o diretor percebeu que algumas coisas mudaram. “Eu tenho reparado, não só em meus filmes, pessoas sem experiência de atuação mais espontâneas e à vontade diante das câmeras. Quero crer que isso tenha a ver com os celulares com câmeras e redes sociais”, opina.

A única dificuldade inicial que relata foi no momento em que traz para o filme os atores profissionais, algo que acaba intimidando Alex, Fagner e Diógenes. É compreensível, já que a produção traz um elenco de peso, com nomes como Marcélia Cartaxo e Soia Lira (Pacarrete), Zezita Matos (A História da Eternidade), Fernando Teixeira (Aquarius), Suzy Lopes (Bacurau), Verônica Cavalcante, Kassandra Brandão e Cely Farias, além do elenco infantil composto por Matheus Henrique, Luiz Henrique Silva e Joaquim Lucena Viana. “Logo depois isso passou, foi apenas uma questão de ajuste”, complementa o diretor.

Cinema conectado com o público

Em termos de narrativa, Ambiente Familiar apresenta uma história fragmentada, passeando entre passado e presente. Em algumas dessas passagens, Torquato utiliza como referências os contos de fábula e também a linguagem da telenovela. “É uma narrativa densa, complexa, mas que também encontra nesses momentos uma forma de se conectar com o grande público. Estou curioso e ansioso para ver essa reação”, confidencia.

A escolha pelo tom de fábula também serve para atenuar e suavizar certas passagens mais delicadas. “Essas cenas condensam e sintetizam os momentos mais traumáticos vividos por essas pessoas no passado, tratados de forma alegórica. Trata-se de uma questão ética, já que estamos expondo a intimidade delas. Queria ser mais delicado, sutil”, enfatiza.

O diretor Torquato Joel afirma que a distribuição em grandes salas foi um movimento que o surpreendeu. “A gente lançou o filme no Fest Aruanda e queríamos circular por mais festivais, mas o pessoal de uma distribuidora viu e quis inserir no circuito”, revela, se referindo à Elo Company.

Uma de suas preocupações em relação ao cinema brasileiro é que, por muitos anos, em sua opinião, ele voltou as costas para o grande público. “Os cineastas com caráter autoral se voltaram muito para os festivais, se ensimesmaram. Eu mesmo não sei o quanto da minha obra é hermético ou não, mas eu quero me conectar com esse público mais geral, mesmo que seja através do sentimento e das sensações que o filme transmita”, completa.

Com informações do Correio

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Redação DiárioPB

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