“Faço isso porque sei cada dia mais quem eu sou”, diz Lucy Alves sobre nova fase

nova Lucy AlvesUma nova Lucy Alves apareceu definitivamente com o lançamento do clipe de Caçadora, seu primeiro single lançado pela Warner Music Brasil, nova gravadora da paraibana de 31 anos. A estética musical e visual dessa nova fase de sua carreira gerou controvérsia, dividindo opiniões de fãs da artista que a acompanhavam desde a época do Clã Brasil.

Teve quem não gostou da música porque acredita que ela está muito abaixo do que se espera de alguém com o talento de Lucy ou porque achou a mudança forçada. Também houve quem falasse que a “caçadora” nada tinha a ver com a essência musical da artista, uma escolha puramente mercadológica.

Muito se falou, mas pouco se ouviu de Lucy a respeito deste novo momento. Agora, é a vez dela.

Confira nossa conversa com Lucy Alves:

André Luiz Maia: A música tem um apelo mais popular. O visual do clipe também é diferente, com um toque de sensualidade maior. Como foi o processo de escolha de som e imagem para chegar a Lucy Alves de Caçadora?

Lucy Alves: É uma fase que estou vivendo. Sou uma mulher de 31 anos, sou jovem, eu quis flertar com esse mundo. As pessoas questionam o decote, mas te digo que já usei decotes assim nos meus shows. Eu gosto do meu corpo, por que não mostrar as minhas curvas? O figurino estava dentro do astral, da temperatura do clipe, que é leve. Ele não tem nada de tão insinuante, que foi algo que as pessoas falaram. Chegaram até a falar que era vulgar. Por quê? Por que estou com um decote, um body mais aberto? Acho que está bem feito e todos no clipe estão bem à vontade. Essa era a proposta.

Eu gostei da experiência toda. É a Lucy mulher, essa menina mulher que vocês conhecem desde pequena. Eu quis me vestir assim, ninguém me impôs nada. Foi uma decisão que eu tomei, estou muito tranquila. E essa música não determina o que eu vou produzir. Posso chegar com uma balada romântica, uma valsa, um fado. Eu gosto de ser eclética. Muitos estão me conhecendo agora e não sabem das minhas experiências com o forró, com o reggae, com o choro, com essa miscelânea toda. Gosto de ser camaleão. Quero sempre poder me aventurar, de me arriscar. Eu faço isso porque eu sei cada dia mais quem eu sou. Nesse momento eu quis trazer isso, porque o artista vai se expressando com cada momento, com o que ele está vivendo, com quem ele quer falar e nesse momento é essa caçadora que vive dentro de mim.

ALM: Quem viu seu show no Réveillon aqui em João Pessoa não deve ter tido uma grande surpresa ao ver o novo clipe, pois ali você já dava indícios do que viria a seguir. A imagem, a sonoridade, a postura no palco.

LA: Pois é, né! No show eu estava também com um decote, super à vontade no palco, já fiz mistura com música eletrônica, trouxe o que eu estava ouvindo de novo, uma canção com o Pretinho da Serrinha — inclusive, a gente já fez outra. É tudo reflexo desse outro lado, de tudo o que eu estou vivendo na cidade, das pessoas, da busca pela troca, pela mistura.

Lucy Alves participando do reality show musical “The Voice Brasil“ (Foto: Estevam Avellar)

ALM: Desde o The Voice até aqui, você entrou em contato com muitos artistas, produtores e toda essa possibilidade que o Rio de Janeiro te deu. O que lhe chamou atenção nesse processo?

LA: Ah, é maravilhoso, mas a minha história é aproveitar cada momento sem afobação. Eu sempre falo nas minhas entrevistas que eu adoro conhecer gente, adoro experimentar outras coisas, sempre falei isso. Que bom que eu pude vir para cá, conhecer outras pessoas, outros olhares profissionais, olhares artísticos que podem me acrescentar bastante e que eu também posso. Eu trago minha bagagem, meu sotaque, algo que é intrínseco, que nunca vai me deixar. Que bom que eu tenho essa bagagem, que bom que eu vivi tudo isso para poder ter essa troca. Eu estou sempre aprendendo, sempre aprendendo.

Tive um crescimento incrível do ano passado para cá, cresci cinco anos em um. Tudo o que estou vivendo, estou mastigando e jogando. Eu não tenho medo de testar. Esse é meu grande lance. Quero que meu público se identifique, seja com a sanfona, com o ritmo, com a poesia mais direta. Tenho a consciência de que não dá para agradar todo mundo, mas eu tenho que fazer, a Lucy tem que fazer, que produzir, experimentar. O artista pensa assim e assim eu quero ir até o fim da minha vida, me permitindo. Não tem amarra, não tem imposição. Espero que as pessoas estejam abertas para o meu trabalho, não sei ainda o que eu vou trazer para vocês no meu próximo single.

Lucy Alves caracterizada como Luzia, em Velho Chico. (Foto: Caiuá Franco/Globo)

ALM: Você disse que está se permitindo, procurando experimentar, mas você assinou com uma grande gravadora, a Warner Music Brasil. Imagino que haja uma expectativa dela ao investir no seu trabalho. Como é sua autonomia criativa dentro de uma gravadora desse porte?

LA: Tudo é parceria. Eu estou nessa casa porque eu sei que ela pode me ajudar com o planejamento e com a organização dos meus fonogramas, mas a gravadora, pelo menos no meu caso, não pode me impor nada. Eles não vão lançar nada que eu não assine embaixo. Eu tenho essa segurança e essa sabedoria de conduzir, de me expressar, de falar o que eu penso e também de escutar. São dois lados. Se eu estou lá, é porque sei que pode me acrescentar em alguma coisa.

ALM: Tanto é que houve um bom tempo entre o fim da novela e o lançamento deste novo clipe.

LA: É, eu quero fazer as coisas no meu tempo. Quando eu faço alguma coisa, eu quero que seja bem feito. O tempo da novela foi dedicado a ela, eu me joguei, não queria misturar as bolas. Não dá para lançar alguma coisa agora, assim. Eu tenho a paciência e a sabedoria de escutar. Eles me propõem coisas que podem ser interessantes, pois eles já trabalharam com vários artistas que passaram por aquela casa, têm experiência. E eu escuto todo mundo, não tenho a verdade absoluta.

(Foto: Divulgação)

ALM: Mas, como você disse, “você faz o que é melhor para você”. Não há imposição, a escolha é sua, então?

LA: Não, não, eu que quis fazer.

ALM: Você imaginava que esse lançamento ia gerar uma discussão tão grande? Qual foi o impacto que você teve com as reações?

LA: Imaginei que as pessoas iam achar diferente, porque o novo sempre gera discussão, às vezes assusta, e foi o que eu notei. As pessoas que me conhecem desde pequena passaram a questionar, ‘ah, nossa, aquela menina que já tocou com Sivuca, com Dominguinhos, que tem um passado calcado no forró e agora é ex-forrozeira?’. Como é? Como assim ex-forrozeira? Toda a bagagem que eu tenho continua dentro de mim.

Eu vi também comentários muito legais, de um público mais novo, entusiasmado com essa experimentação, de ir para outros lugares, de mistura. Foi uma decisão minha mesmo, eu quis flertar com a música eletrônica e com essa música que é tão libertária. Não dá para agradar todo mundo. Essa bagagem que eu tenho é muito sólida e isso me permite fazer o que fiz, de me arriscar, de me jogar. Enquanto artista, eu gosto de procurar coisas novas, de me redescobrir. Ainda estou me descobrindo, esse é o grande barato. Eu fiquei feliz com o resultado, com o primor com que a música foi feita. É isso, né, André, não dá pra agradar todo mundo, eu já sabia, mas eu quis fazer.

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Redação DiárioPB

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