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Espaços independentes de cultura do Centro Histórico fecham suas portas como forma de protesto

Centro HistóricoCom bandeiras pretas nas fachadas dos casarões, empreendimentos culturais integrantes do Movimento Varadouro Cultural localizados na Praça Antenor Navarro e Largo de São Pedro, um dos principais cartões-postais da 3ª capital mais antiga do país, fecham suas portas na noite desta sexta-feira (2) como forma de protesto diante da falta de segurança pública e das frequentes ocorrências no local.

Movimento Varadouro Cultural

Nos últimos 10 anos, uma onda de ocupação da área do centro por grupos culturais de caráter mais coletivo e colaborativo junto a outros que já resistiam no território, fez surgir o movimento organizado em rede “Varadouro Cultural”, dando nova movimentação ao Centro, provando que ele está vivo mas que ainda precisa de muita sensibilidade e cuidados por parte do poder público. O que não tem impedido, por exemplo, que só a área da Praça Antenor Navarro e Largo de São Pedro (mesmo com o Hotel Globo fechado) receba mais de 10 mil turistas por mês, de acordo com guias de turismo da região, ainda que grande parte da população da própria cidade sequer conheça nosso patrimônio histórico.

Em 2012 a rede foi reconhecida e premiada pelo Ministério da Cultura do Brasil, através da Secretaria de Economia Criativa com o Edital de Fomento a Iniciativas Empreendedoras e Inovadoras – Categoria Modelos de Gestão e em 5 de agosto de 2015 lançaram a plataforma virtual www.varadourocultural.org com um mapeamento da cultura na região, notícias e agenda de atividades.

Entre os objetivos do Arranjo Criativo Local estão estimular o desenvolvimento social e econômico do território de forma humanizada e sustentável, dialogando com os moradores e os agentes culturais que atuam no centro para com isso potencializar o Centro Histórico como território de referência cultural e criativa da cidade e do estado, sempre respeitando as crenças, culturas e etnias, colocando-se assim como um movimento laico.

Entretanto, é momento de destacar um objetivo em especial: chamar atenção, pressionar e reivindicar ao poder público em todas as suas instâncias, políticas estruturantes que fortaleçam o centro da cidade enquanto território criativo e promovam o desenvolvimento diferenciado da região.

Falta de segurança

Neste momento reivindica-se especificamente a segurança pública, mas entendemos que esta situação é reflexo da inexistência de uma estrutura social que ofereça elementos básicos para uma vida digna, através de políticas públicas de cultura e educação, sobretudo para a juventude.

Desde 2009 o movimento tem realizado diversas audiências com os órgãos de segurança do município e do estado, solicitando um posto fixo na região de forma a atuar com a prevenção do que hoje se tornou uma triste realidade. Durante todos esses anos, dezenas de ofícios foram enviados, um abaixo-assinado foi levado ao Ministério Público, PM e Guarda Municipal, além de dezenas de ligações realizadas todas as noites solicitando segurança pública no local. Porém, todo o esforço do movimento em alertar as autoridades foi ignorado e não conseguiu impedir que gangues e facções criminosas tomassem conta do território, trazendo um descarado tráfico de drogas, sucessivos assaltos, aliciação dos jovens das comunidades do entorno e até estupros no espaço abandonado do antigo Convento de São Pedro (que sequer tem portão, que dirá segurança).

As autoridades alegam falta de efetivo e inexistência de estatísticas no local (mesmo diante de anos de audiências, ofícios e ligações). Nos últimos 3 anos a situação piorou de forma drástica, enfraquecendo um crescente e importante movimento de cultura, assustando o público frequentador da região. Há cerca de 1 ano o movimento conseguiu articular a liberação do espaço de uma antiga creche desativada ao lado da Igreja São Francisco e a prefeitura prometeu instalar um posto fixo da Guarda Municipal, mas até agora o que se vê é apenas o descaso total e a crescente onda de ocorrências criminosas no local.

A sexta-feira foi escolhida para o ato devido a presença massiva de gangues no local sempre neste dia da semana. Nas paredes e fachadas dos casarões é possível ver inúmeras pixações com os dizeres “OKD” que significa “Okaida”, uma das gangues que tem levado terror à várias regiões da cidade. Só na última sexta (25) cerca de 10 assaltos foram testemunhados na Praça Antenor Navarro enquanto shows de reggae, rock e MPB aconteciam em casas de shows da região. Estão envolvidos no ato desta sexta (2) os empreendimentos: Vila do Porto, Centro Cultural Espaço Mundo, Pogo Pub, Cachaçaria Philipeia, Ateliê de Nai, Gata Preta, Balaio Nordeste, Cosmopopeia, Quem tem boca e pra Gritar e Espaço Paralelo, além de moradores do local.
Ascom Varadouro Cultural

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Redação DiárioPB

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