‘De Repente no Espaço’ apresenta poetas Francisco Ferreira e Antônio Silva

De Repente no EspaçoA arte do improviso é uma das características mais marcantes dos cantadores nordestinos. Para exaltar o potencial dos poetas da Região, nesta quarta-feira (6), acontece mais uma edição do “De Repente no Espaço”, projeto da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc). O objetivo da ação é dar visibilidade a essa linguagem artística e literária, valorizando os poetas populares do Nordeste. As atrações são os repentistas Francisco Ferreira (RN) e Antônio Silva (PB). A noite dos poetas populares tem ainda como declamador oficial o poeta Iponax Vila Nova. As apresentações começam às 19h e ocorrem no mezanino do Teatro Paulo Pontes, no Espaço Cultural, em João Pessoa. A entrada é gratuita.

“De Repente no Espaço” é um evento mensal da Funesc que teve início no mês de junho e faz parte do projeto de ocupação do Espaço Cultural. Os encontros acontecem na primeira quarta-feira do mês. A cada edição, o público conta com diferentes atrações da Paraíba e de outros estados.

Repente – No Brasil, a tradição medieval ibérica dos trovadores deu origem aos cantadores – poetas populares que vão de região em região, com a viola nas costas, para cantar os seus versos. Eles apareceram nas formas da trova gaúcha, do calango (Minas Gerais), do cururu (São Paulo), do samba de roda (Rio de Janeiro) e do repente nordestino. Ao contrário dos outros, o repente se caracteriza pelo improviso – os cantadores fazem os versos “de repente”, em um desafio com outro cantador. Não importa a beleza da voz ou a afinação – o que vale é o ritmo e a agilidade mental que permita encurralar o oponente apenas com a força do discurso.

A métrica do repente varia, bem como a organização dos versos: há a sextilha (estrofes de seis versos, em que o primeiro rima com o terceiro e o quinto, o segundo rima com o quarto e o sexto), a septilha (sete versos, em que o primeiro e o terceiro são livres, o segundo rima com o quarto e o sétimo e o quinto rimam com o sexto) e variações mais complexas como o martelo, o martelo alagoano, o galope beira-mar e tantas outras. Todos se baseiam em métrica, rima e oração poética. O extremo rigor quanto à métrica e a rima perfeita é característico na cantoria dos repentistas violeiros. O instrumental desses improvisos cantados também varia: daí que o gênero pode ser subdividido em embolada (na qual o cantador toca pandeiro ou ganzá), o aboio (apenas com a voz) e a cantoria de viola.

Cordéis musicados – O repente se insere na tradição literária nordestina do cordel, de histórias contadas em caudalosos versos e publicadas em pequenos folhetos, que são vendidos nas feiras por seus próprios autores. Uma tradição que, por sinal, inspirou clássicos da literatura brasileira, como o “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, e “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto. O repente foi para o Sudeste em meados do século XX, junto com a migração de nordestinos para os grandes capitais. Chegou a São Paulo em 1946 com o alagoano Guriatã de Coqueiro (Augusto Pereira da Silva) e, no Rio, instalou-se na Feira de São Cristóvão.

Iponax Vila Nova – Nascido na cidade de Cajazeiras no alto sertão paraibano, filho do pernambucano Ivanildo Vila Nova, o maior dos repentistas da atualidade, Iponax cresceu com a poesia no seu dia-a-dia. A poesia e a viola de Ivanildo estavam em todos os lugares da casa, e aos poucos foi despertando no menino o desejo de participar dessa disseminação da cultura popular.

Fez da poesia a régua e compasso no seu projeto de vida. Ainda muito jovem, levou sua arte para os mais distantes grotões do país. Um verdadeiro ativista da cultura matuta, é um grande articulador da arte do repente, considerado um dos grandes nomes da poesia e da declamação dos nossos dias.

Sobre o projeto – O “De Repente no Espaço” é um evento mensal da Funesc lançado em julho de 2015 e faz parte das ações de ocupação do Espaço Cultural. Os encontros acontecem na primeira quarta-feira do mês. A cada nova edição, o público conta com diferentes atrações da Paraíba e de outros Estados da região. Em janeiro e julho de 2016 foram realizados o 1º e 2º “Desafio De Repente”, com várias duplas de repentistas da Paraíba e de outros Estados.

O apresentador oficial e declamador é Iponax Vila Nova, coordenador do projeto que além conduzir as cantorias realiza oficina de declamação e versos dentro do projeto.

DPB com Funesc

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Redação DiárioPB

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