Como a Netflix driblou a pirataria e fez do Brasil seu ‘foguete’

narcos19n-3-webEm 2007, o cineasta José Padilha ficou sabendo que o então ministro da Cultura, Gilberto Gil, faria em sua casa uma sessão de seu longa, “Tropa de Elite”. Padilha ficou furioso, pois o filme tinha acabado de ser lançado no cinema. Mas uma cópia do longa tinha vazado durante a pós-produção e acabou indo parar em sites de compartilhamento de arquivos quatro meses antes do lançamento oficial.

Na época, o filme se transformou no grande “hit pirata” do Brasil. Alguns analistas estimam que mais de um milhão de pessoas assistiram cópias ilegais de “Tropa de Elite” antes do longa ser lançado nos cinemas.

Mas quando Padilha ficou sabendo que o ministro da Cultura estava prestes a entrar para esta estatística, ele driblou os seguranças e foi bater na porta da casa de Gil exigindo que o DVD pirata fosse entregue a ele. O que foi feito imediatamente por um empregado constrangido.

Download ilegal
Há tempos o Brasil tem sido um refúgio seguro para filmes piratas. Um estudo do governo descobriu que 41% dos usuários da web no país já baixaram conteúdo de forma ilegal.

A pirataria também é muito comum nas ruas: DVDs estão à venda por todo o lugar. Às vezes até em frente a cinemas. Por isso, poucos acreditavam que um serviço de assinatura como a Netflix seria bem-sucedido no país.

Mas, desde seu lançamento, em 2011, o número de assinaturas aumentou muito. A empresa não libera números de assinantes em cada país, mas dois estudos independentes sugerem que o Brasil se transformou no quarto maior mercado para a Netflix, logo depois de Estados Unidos, Canadá e Grã-Bretanha. São 69 milhões de usuários no mundo todo.

O presidente da Netflix, Reed Hastings, que geralmente não comenta sobre países específicos, disse que o Brasil é o “foguete” da empresa.

Brasil e América Latina foram palco da estreia do serviço fora da América do Norte, em setembro de 2011.

E a região foi escolhida por três razões: a penetração da banda larga era considerada grande o bastante; a renda da população, na época, estava aumentando rapidamente; e havia uma demanda por conteúdo produzido em Hollywood.

Jonathan Friedland, chefe de comunicações da Netflix, também lembra de outra razão importante. “Na Europa você precisa comprar licenças individuais de conteúdo para cada filme ou programa de TV em cada país, como França, Alemanha ou Espanha”, afirmou.

“Na América Latina você só precisa de duas licenças – uma para todos os países que falam espanhol e outra para o Brasil.”

Competitividade
A estratégia da Netflix para enfrentar a pirataria no Brasil foi apostar na competitividade. “Oferecer bom conteúdo a preços baixos e rapidamente – lançando séries ao mesmo tempo no Brasil e Estados Unidos – faz a pirataria menos atraente”, disse Friedland.

Um dos elementos mais importantes é o preço. A assinatura da Netflix varia entre R$ 19,90 e R$ 29,90 por mês. Apenas um ingresso de cinema em São Paulo custa por volta de R$ 30. Pela mesma quantidade de dinheiro você pode comprar cerca de dez DVDs piratas nas ruas, mas a qualidade nem sempre é confiável.

E, mesmo com muitos brasileiros ainda baixando filmes e séries de TV de forma ilegal, outras pessoas não entendem tanto de tecnologia para fazer isso. Ou temem

BBC BRASIL

Redação DiárioPB

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