Carta aberta ao jornalista Mario Vitor Rodrigues, da revista IstoÉ
Tive o desprazer de conhecê-lo hoje, graças à sua matéria, escrita na revista Isto É, uma das muitas porta-vozes da classe dominante, do golpe, da entrega do país no balcão de negócios multinacionais.
Já o respondi, na própria revista, e gostaria muito que me replicasse, para que iniciássemos um debate.
Pela ilustração feita do seu rosto, o Sr. é bem novo, provavelmente com idade de quase ser meu neto, o que me faz ver no incitamento ao assassinato de Lula um arroubo juvenil de quem não teria coragem de fazê-lo pessoalmente.
Não levei muito a sério tal disparate, preocupando-me muito mais o tipo de gente que o Sr. é, já que com a personalidade preferencial dos patrões da mídia, na hora da contratação.
É muito fácil ser valentão quando se está do lado do mais forte, ombreado com os três poderes e a mídia (quarto poder), com o aparelho de repressão do Estado.
Corajosos foram os que ousaram na Ditadura Militar, os de agora são heróis de aluguel, dublês de personagens dos mangás japoneses.
O que me conforta, diante de homens como o Sr. é que têm dias contados, já que, como toda mercadoria, são perecíveis, têm vida útil curta, graças à manipulação continuada dos seus proprietários.
Esta semana tivemos um bom exemplo do fim que levam os da sua verve, a dos locadores da própria consciência, redigindo o que o patrão quer, independente de conseqüências.
William Waack, segundo a Wikileaks, um ex importante e perigoso informante da Cia, foi para o ninho dos seus afins, para a Globo, como poderia ter ido para a Veja ou a Isto é, passando à verborragia em defesa da quadrilha que está no poder e dos interesses multinacionais aqui neste sofrido país de mercenários escribas, padrão Waacks, como o Sr. mesmo.
Frequentou a mansão dos Marinhos, teve livre trânsito na empresa e se acreditou todo poderoso, acima do bem e do mal, coisa típica dos covardes que se sentem blindados, e caiu.
Está afastado e deverá ser demitido.
O poder, a luz dos holofotes, o estrelato são fugazes porque o controle remoto está sempre nas mãos dos patrões com um dedinho no delet, pronto para descartar a laranja já chupada, tornada desidratado bagaço.
Isto é o que penso do Sr. enquanto jornalista, um menino deslumbrado com o poder que um teclado lhe dá, com o mesmo deslumbramento que uma AR-15 dá aos meninos da sua idade e caráter, nos morros cariocas, com a ressalva de que eles se expõem, enquanto o Sr…. Redige e passa no caixa.
Certamente o Sr. tem pai e, provavelmente, pela idade, avô, aos quais o Sr. deve devotar sentimentos bons, fazendo-os queridos seus.
Qual seria a sua reação, se um celerado sem princípios incitasse a que os matassem?
O alvo da sua cretinice é pai e avô, e tem um caráter diametralmente oposto ao seu, já que criticado até pela própria esquerda, por ser afável, respeitoso e cordial, longe, muito longe de tentar se acumpliciar com um homicida, por indução.
Gostaria muito de ver a sua coragem como jornalista, se cobrasse a propriedade de meia tonelada de cocaína no helicóptero de um senador; mais de seiscentos quilos de cocaína em jatinho que levantou vôo da fazenda de um ministro; se investigasse as malas de Temer ou a morte de Teori… Mas nadar contra a maré é para os fortes, está muito além da sua capacidade profissional e pessoal, de reles locador dos dedos, para digitar o do agrado dos seus donos.
Fico por aqui, alertando que mandarei cópia desta carta para a revista onde o Sr. loca a sua consciência, trabalhando desequilibrados, criminosos em potencial, para que façam o trabalho que os covardes não ousam fazer, limitados a coadjuvância do patronato, até se perceberem um puxa saco sem saco para puxar, porque desempregado.
Em tempo: Lula está liderando as pesquisas de intenção de votos em todas as situações, seja quem for o dono do saco que o senhor puxará mais adiante, e imagino, pelo porte da revista, que por um preço baratinho, baratinho.
Francisco Costa