CRÔNICAS DO COTIDIANO

As mentiras políticas

A CPI da Pandemia tem nos revelado personalidades que se esmeram em produzir malabarismo verbal com o objetivo de esconder a verdade de fatos absolutamente incontestáveis. Manejando palavras constroem narrativas onde não há dificuldades em perceber as mentiras nelas incluídas. Há um ditado popular que diz “muita esperteza acaba por comer o dono”. A tentativa recorrente de alguns depoentes em proteger o chefe, tem resultado efeitos contrários, porque é difícil negar o óbvio.

As respostas apresentadas aos inquisidores, por não serem convincentes, deixam explícita a intenção em confundir, já que não podem explicar. Não se constrangem em dar falsos testemunhos, mesmo que sob o juramento de dizerem a verdade. A dissimulação política como regra essencial para construir mentiras. Os blefes, os ocultamentos, as manipulações, são apresentados como frágeis argumentos de defesa, ainda que tenham o intuito de viabilizar a aceitação do falseamento.

A naturalização da mentira política fere os conceitos da ética e da moralidade. Através dela busca-se legitimar ações reprovadas pela sociedade. O propósito maior é evitar que se conheçam as verdades inaceitáveis. Todavia, são traídos pela incoerência da história relatada com a veracidade dos fatos. São incompetentes até na elaboração das mentiras. A retórica e a realidade se desencontrando, tirando a máscara dos mentirosos. Sugerem dados falsos. Aproveitam-se da polarização política para minimizar os debates racionais.

É de Kant a afirmação de que a mentira provoca o aniquilamento da dignidade humana. As circunstâncias não autorizam faltar com a ética da responsabilidade. Notícias falsas se fundem em narrativas ideológicas nocivas ao próprio exercício da cidadania. É preciso que fiquemos atentos para o fato de que mentiras contadas de forma consciente têm efeitos danosos no cotidiano coletivo, exigindo que rejeitemos a possibilidade de nublarem nossas mentes impedindo a compreensão da realidade que vivemos. Que os mentirosos compulsivos sejam repelidos da prática política. Fortaleçamos a nossa capacidade de conhecer a verdade e a ciência, o que garantirá que possamos ter a implementação de políticas públicas que atendam efetivamente às demandas da sociedade.

Rui Leitão

Rui Leitao

Rui Leitão nasceu em Patos e é radicado em João Pessoa. Jornalista, já foi responsável pela superintendência da Rádio Tabajara. Atualmente é Diretor de Rádio e Tv da EPC - Empresa Paraibana de Comunicação.

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