COLUNASCRÔNICAS DO COTIDIANO

A INDIGÊNCIA INTELECTUAL

A INDIGÊNCIA INTELECTUAL - Crônicas do Cotidiano por Rui Leitão

Nem sempre a indigência intelectual é uma manifestação própria de quem tem deficiência mental. Ela às vezes é praticada pelos que, culturalmente ignorantes, se acham capacitados a discutir temas que desconhecem, mas foram induzidos a defender opiniões as quais não conseguem formular argumentos inteligentes e racionais. Alienados, e seduzidos por discursos que exploram uma retórica político-ideológica, assumem apaixonadamente o papel de intérpretes de ideias e pensamentos que sequer têm domínio de conhecimento do que falam. E não percebem que se tornaram massa de manobra.

O mais impressionante é que esses indigentes intelectuais não estão nas periferias dos grandes centros urbanos ou nos grotões distantes das metrópoles. Eles estão encastelados em prédios luxuosos ou condomínios fechados onde residem grandes empresários, advogados, médicos, jornalistas, professores universitários e outros integrantes da chamada classe média alta. Ou aqueles que se imaginam pertencer à elite.

Nem percebem que estão sendo inocentes úteis pugnando por causas que trazem prejuízos a eles próprios. Porque não se esforçam em questionar o que ouvem, acreditando na primeira informação que recebem, uma vez que se enquadra no pensamento do grupo ao qual decidiram se incorporar. Carentes de compreensão intelectual optam pelo exercício da repercussão do que lhes ensinaram a falar e que passaram a admitir como verdades absolutas.

Não há dificuldade em identifica-los em qualquer debate. Na discussão perdem-se na falta de raciocínio lógico. Insistem na apresentação de frases repetitivas, jargões, linguagem viciada, desprovida de conhecimento sobre o assunto em pauta. Quando contestados irritam-se por se verem incapacitados de replicar com fundamento racional. Decidem partir para as agressões, os xingamentos, as ofensas. Propagandistas do que desconhecem, se veem perdidos nas polêmicas, não se constrangendo em dizer asneiras, bobagens.

Alguns são apenas ingênuos. Outros são contaminados pela malícia de seus líderes. Mas existem os que se colocam a serviço de uma causa por voluntária escolha, mesmo que sejam apontados como bobalhões, tolos, não se dando conta das consequências dos seus procedimentos. São facilmente manipuláveis, em razão da ignorância cultural. Cegos pelo oportunismo, normalmente são indivíduos preconceituosos, submissos, alienados.

Os indigentes intelectuais não pensam por si próprios. Seguem a vontade dos outros, reféns dos que são treinados na arte de seduzir. Ouvem o galo cantar, mas não sabem onde. Sonâmbulos autômatos. Na polarização política que se evidencia no atual quadro histórico de nosso país, estamos vivendo a “síndrome da indigência intelectual adquirida”.

Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Redação DiárioPB

Portal de notícias da Paraíba, Brasil e o mundo

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo