GERAL

A difícil arte da composição política

tarjaePauloAlves

Política é como trepadeira, se não consegue apoio não vai a lugar nenhum, simplesmente rasteja pelo chão. Passado o primeiro turno, é hora de uns porem-se a lamber as feridas e outros correrem à cata de apoio para ver se conseguem angariar os preciosos votos que alguns candidatos, que não passaram ao segundo turno, tiveram. Nesse momento começam as conversações, os entendimentos e, sobretudo, as negociações políticas que findam em negociatas econômicas. Rapidamente se descobre que seu então adversário agora tem tudo em características compatíveis com a proposta do interessado.

Aécio Neves diz que Marina Silva tem tudo a ver com a proposta do PSDB, que é a mudança, o que, para ele,se resume em demover o PT do poder. Marina, por sua vez, faz-se de difícil e afirma que uma das condições de apoio é alterar o programa de governo e incluir na pauta a extinção da reeleição, para o mineiro interessa apenas o bônus não o ônus. Ele vai tentar cozinhar o galo, ir, como todo mineiro que se preza, comendo pelas beiradas, para obter o apoio e deixar os poréns para depois. E depois… é depois!

Já Dilma Roussef começa a cutucar o PSB, afirmando que este partido até bem pouco tempo tinha um projeto político em comum com o PT, o que é verdade. O PSB só se afastou do governo, de quem era aliado, quando Eduardo Campos, que fora ministro do Governo Lula, da ciência e tecnologia, decidiu lançar-se candidato.

Na atual conjuntura, é difícil acertar um prognóstico de alianças políticas. Uma vez que na tradição política brasileira os políticos se aproximam e se afastam não por lógica política ou coerência de programas de governos, mas tão somente por interesses econômicos ou brigas pessoais. Mas é bom não esquecer que, na maioria das vezes, esquecesse-se rapidinho as desavenças quando a oferta financeira é “generosa”. Exemplos não faltam.

O quê se pode concluir por enquanto,é que Marina está numa sinuca de bico. Por qualquer decisão que tomar vai receber críticas e algumas com razão, se não vejamos: Se ficar neutra, como em 2010, está demonstrando uma certa passividade num momento decisivo,como se lhe faltasse iniciativa ou criatividade. Se apoiar o PT pode parecer sem amor próprio, pois a campanha do primeiro turno foi um pouco rude e a candidata Dilma “bateu” bastante em Marina, em muitos casos por imperícia desta última, por reproduzir vícios da política nacional, como, por exemplo, discursar para agradar aos ouvidos do público sem pensar no dano que muitas atitudes podiam causar. Dizer que Chico Mendes era elite e que ia convida FHC para governar com ela e isso era nova política pegou muito mal e deu deixa para a adversária “bater”. Se ela apoiar o Tucano vai ser criticada também e essa seria a decisão mais desastrosa a sua fortuna política pessoal, pois confirmaria o que ela tanto nega: seu alinhamento cada vez mais com a direita comprometida até a raiz com a elite e contra o povo. Vale lembrar que ela fizera parte do PT por mais de duas décadas, fora ministra do Governo Lula por mais deum mandato. Essas mudanças comprometem. O PT mesmo paga altos juros por essas alianças motivadas apenas por votos.

O que dá para arriscar é que Marina Silva, por estar ferida com PT [mas ela também feriu], apoiará o PSDB; o PSV, o PV, o PPS e até o PSB já se declararam pelo PSDB. A Rede Sustentabilidade recomenda três possibilidades votar em Aécio, nulo ou em branco. O PSOL, recomenda não votar em Aécio, diz que ele é um retrocesso, no que Luciana Genro tem Razão. O coerente para o PSB seria apoiar o PT, ou pelo menos a neutralidade, mas aliar-se a extrema direita, em que se tornou o PSDB, é comprometedor. E aí mais uma vez embaralha todo o traçado político alinhavado até agora. O que vai exigir do povo memória sócio-política, análise e coerência, e aprender a votar estrategicamente. O governo do PT está longe de ser um ótimo governo, mas nem se compara com o do PSDB que destroçou o país, e, verdade se já dita, na história política brasileira (e olhe que já vão cinco séculos, caro leitor), apenas em dois momentos se fez alguma coisa para pobres: o governo Getúlio Vargas e o governo do PT, o resto flatusvocis, falatório vazio sem nexo com a realidade.

Mas como diz o matuto, vamos pra frente que atrás vem gente. E como ninguém é de ninguém, também os candidatos não são donos dos eleitores.Mesmo não sendo muito sábio, o povo ainda é soberanoe usa bem do livre-arbítrio.

Redação DiárioPB

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