UFPB aprova por unanimidade título de Doutor Honoris Causa ao sambista Zé Katimba
O Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) aprovou nesta quinta-feira (28), por unanimidade, a concessão do título de Doutor Honoris Causa ao sambista paraibano José Inácio dos Santos, mais conhecido como Zé Katimba, e considerado um dos criadores da versão moderna do gênero musical.
A data da outorga será divulgada em três semanas. “O processo foi votado hoje. Depende do cerimonial e das agendas da reitora e do homenageado”, explica a coordenadora da Secretaria dos Órgãos Deliberativos da Administração Superior (Sods) Bagnólia Araújo.
No processo em que propôs a concessão do título, o diretor do Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA) David Fernandes argumenta que “A UFPB se engrandece quando acolhe e abraça um filho desta terra! Um artista que lutou e venceu preconceitos, medos, obstáculos imensos, e logrou alcançar um lugar lado a lado com os maiores ícones do Samba.”
No documento, o gestor afirma ainda que “A universidade tem, sim, muito o que apreender com o samba! Não para domá-lo aos cânones ditos cultos da estética, mas para efetivamente incluí-lo nos seus currículos, acervos, coleções e repertórios na busca de uma Academia cada vez mais brasileira.”
De acordo com o relator do processo, o professor do Departamento de Física Laércio Losano, o desejo de reverenciá-lo partiu do chefe do Departamento de Música e maestro da Orquestra Sinfônica da UFPB Carlos Anísio.
“Ele apontou a dimensão da obra. Eu elaborei a síntese dos pareceres favoráveis. Zé Katimba se destacou nos gêneros “Partido Alto” e “Samba de Enredo”. Começou como empurrador de carro na Escola de Samba Imperatriz Leopodinense. Hoje, é diretor. É o que teve mais sambas-enredo escolhidos para a avenida. Ao todo, já são 15”.
Paraibano de Guarabira, na Mesorregião da Borborema, a 98 km de João Pessoa, Zé Katimba compôs mais de dois mil sambas. Desses, cerca de 800 foram gravados por cantores como Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Emílio Santiago, Elimar Santos, Demônios da Garoa, João Nogueira, Agepê, Simone, Julio Iglesias, Alcione, Leci Brandão, Elza Soares e Jorge Aragão.
Trajetória
Quando criança, Zé Katimba fugiu da pobreza para o Rio de Janeiro, com a família. Na adolescência, ajudou a fundar o Grêmio Recreativo e a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, multicampeã do Carnaval Carioca, sendo, hoje, seu único fundador vivo.
Compôs, com seu parceiro Gibi, um samba-enredo com menos de 20 linhas, sintetizando o poema épico Martim Cererê, de 1928, do Cassiano Ricardo (1894-1974), para o desfile de 1972 da Imperatriz Leopodinense, que se tornou grande sucesso fonográfico daquele ano.
Na década de 70, virou personagem da novela Bandeira Dois, escrita por Dias Gomes para a Rede Globo, num Katimba interpretado por ninguém menos que Grande Otelo. Seu samba Martin Cererê, tema da trama, gravado pela Som Livre, vendeu 700 mil cópias.
Em dezembro de 2009, Zé Katimba foi homenageado com a medalha Pedro Ernesto. A entrega foi iniciativa do vereador Eliomar Coelho. É uma honraria concebida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro àqueles personagens que se destacam na sociedade brasileira.
No Carnaval de 2013, Katimba foi eleito Cidadão Samba do Rio, numa votação pela internet da qual participaram mais de 30 mil pessoas. Ainda em 2013, a convite da Prefeitura de Guarabira/PB, retornou à sua terra natal após 70 anos. Foi homenageado pela Câmara Municipal de Guarabira – PB, com a medalha honorífica “Osmar de Araújo Aquino” pela sua magnífica e exemplar história.
Em 20 de novembro de 2014, dia em que se celebra o Dia da Consciência Negra, Katimba foi homenageado no Quilombo dos Palmares, com a Medalha Zumbi dos Palmares, aprovada pela Câmara Municipal de Niterói.
Ainda em 2014, Zé Katimba foi homenageado no evento “Um Rio de Samba”, criado pela Secretaria Municipal de Turismo, com o diploma Baluarte do Samba Carioca.
Em 2015, durante o desfile das escolas de samba do grupo especial do Rio, o samba-enredo composto por Katimba e parceiros foi eleito o melhor pelo júri do prêmio Estandarte de Ouro, organizado pelo jornal O Globo.
Em março, lançou seu primeiro CD intitulado “Minha raiz, minha história”, com as participações especiais de Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Diogo Nogueira e Monica Mac. Aos 86 anos, continua em plena atividade poética.
Da Redação com Ascom/UFPB