Além de ser utilizada por Jair Bolsonaro para fazer propaganda política e promoção pessoal, TV Brasil parece estar se tornando um canal de comunicação e exaltação das Forças Armadas.
Neste sábado (14), a emissora pública que, por lei, deve ter caráter informativo e educativo, transmitiu por mais de 1 hora uma cerimônia do Exército na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ), com a presença de Jair Bolsonaro e do ministro da Defesa, general Walter Braga Netto.
Diferentemente da última cerimônia do tipo que Bolsonaro participou na Aman, desta vez o presidente não discursou. A TV Brasil, no entanto, deu grande destaque à presença do chefe do Executivo, veiculando imagens dele durante a maior parte da transmissão.
Outros militares presentes discursaram, como o ministro da Defesa. Este, inclusive, terminou o sua fala puxando um coro, entre os oficiais, com o slogan de campanha eleitoral de Bolsonaro. “Brasil acima de tudo!”, exclamaram os fardados, sob as lentes da TV Brasil.
este domingo (15), a emissora pública segue com a agenda da tropa. O programa “Brasil em pauta” veiculará uma entrevista com o General de Divisão Martinelli sobre o “serviço militar inicial”.
TV Brasil: abuso de poder e campanha antecipada
A fatídica live em que Jair Bolsonaro prometia apresentar provas de fraude eleitoral, realizada em 29 de julho, foi transmitida ao vivo pela TV Brasil
Para Renato Ribeiro de Almeida, advogado especialista em direito eleitoral, o uso do aparato público para a transmissão da live do presidente configura campanha eleitoral antecipada e abuso de poder.
“Uma TV pública não pode se prestar a isso. De forma alguma. Ela tem o pressuposto de informar a população, de mostrar diversas opiniões, e não de dar palanque a uma live do presidente que não apresenta nada de concreto, faz simplesmente um discurso retórico, requenta coisas anteriormente ditas. Isso é, sim, campanha antecipada, abuso de poder político e merece devida reprimenda, acionando o Ministério Público Eleitoral para que a Justiça Eleitoral tome as medidas cabíveis”, disse em entrevista à Fórum.
Em reação, o PT protocolou uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Bolsonaro pelo uso da TV Brasil para tal fim.
“Sem nenhum pudor de ordem moral, o representado conspurcou seu honroso cargo de presidente da República para utilizar indevidamente bem público e um assessor também pago com recursos do tesouro nacional para fazer autopromoção e difundir mentiras sobre o processo eleitoral, por mais de 2 horas, ao vivo em rede pública de TV”, diz um trecho da ação.
Fonte: Revista Forum