Temer é reconduzido a presidência do PMDB
Em menos de dez minutos de fala, Temer disse não ser possível ignorar as crises política e econômica, que ele chamou de “gravíssimas”. “O quadro recessivo, o desemprego crecente, a carestia são realidades que precisam ser combatidas”, afirmou, salientando que o PMDB tem oferecido propostas como a “Agenda Brasil” e o “Uma Ponte para o futuro”, apelidado de “Agenda Temer”. O vice-presidente afirmou que, em breve, o partido apresentará a já chamada “Agenda Temer 2”, com propostas na área social.
A convenção do foi marcada por uma série de discursos e moções que pediam o rompimento com o governo. Uma “Carta de Brasília” foi lida pelos oposicionistas. O documento pede o desembarque imediato, mas a cúpula do partido decidiu que a decisão oficial será tomada em 30 dias. Governistas pressionaram para que o “aviso prévio” fosse maior. O ministro do Turismo, Henrique Alves, queria 60 dias, segundo o Estado apurou.
Apenas a ala contrária ao governo discursou. Governistas como o ministro da Saúde, Marcelo Castro, e o deputado Mauro Lopes (MG), cotado para assumir a Secretaria de Aviação Civil nesta semana, foram convidados a falar pelo oposicionista Geddel Vieira Lima (BA), mas recusaram.
A plateia era formada majoritariamente por críticos da presidente Dilma Rosuseff e apoiadores do vice-presidente da República, Michel Temer. Os militantes gritavam “fora, Dilma” e “saída, já”, inscrição que estava em adesivos afixados à roupa de parlamentares como a senadora Marta Suplicy (SP). Apenas uma mulher pediu a saída do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), gritando “fora, Cunha”.
A “Carta de Brasília” foi elaborada por deputados federais e senadores como Romero Jucá (RR). O senador Valdir Raupp (RO) já se disse favorável ao desembarque. O grupo ainda tenta convencer apoiadores do governo, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), a apoiar abertamente o desembarque.
No documento, os peemedebistas dizem que “demônios” exorcizados da sociedade brasileira voltaram ao País, como a inflação e o desemprego. “Na base de tudo está uma condução desastrada do País, sem rumo e sem esperanças de melhora para a sociedade”. O documento chama o governo atual de “inchado” e “desacreditado”.
“Diante de tal quadro, o PMDB não pode ficar de braços cruzados. É hora de nos posicionarmos, claramente, ao lado da sociedade e dos mais altos interesses nacionais”.
O PMDB tem atualmente, além da Vice-Presidência, seis ministérios – Saúde, Ciência e Tecnologia, Minas e Energia, Agricultura, Turismo e Portos. Na próxima semana, deve receber também a Secretaria de Aviação Civil, oferecida à bancada de Minas Gerais em troca de apoio à recondução do governista Leonardo Picciani (RJ) à liderança do partido na Casa.
Na carta, a ocupação de pastas é alvo de crítica. “Considerando a manifesta insatisfação dos filiados com a participação do PMDB nacional nos quadros do governo federal, traduzindo a idêntica perplexidade popular ante a ausência absoluta de perspectivas para o futuro.
Se o desembarque se confirmar, os ministros serão orientados a deixar as respectivas pastas. A ala oposicionista acredita que os focos de resistência serão pontuais, pois a maioria aceitará abrir mão do cargo tendo em vista a perspectiva de que Temer assuma a Presidência, caso Dilma seja derrotada no processo de impeachment no Congresso.
Estadão
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