Suplicy se despede do Senado com críticas a ‘erros’ do PT
Depois de 24 anos no Senado, Eduardo Suplicy (PT-SP) fez nesta quarta (17) seu discurso de despedida do Congresso com um pedido para que o PT faça uma reflexão sobre seus “erros” nos últimos anos. Ao afirmar que o partido perdeu eleitores em São Paulo –Estado que não reelegeu o petista para mais um mandato –Suplicy disse que o PT viveu um “tsunami” que reduziu a votação da sigla.
“Todos nós do PT devemos fazer uma reflexão de profundidade, especialmente em São Paulo, para conhecermos melhor as razões pelas quais encontramos tantos obstáculos. É necessário refletir sobre os erros cometidos para que venhamos a tomar medidas necessárias para prevenir, corrigir e não incidir mais nos tropeços que macularam a nossa imagem”, afirmou.
Apesar do pedido de reflexão, Suplicy não mencionou escândalos de corrupção que envolveram membros do partido, como o mensalão. Mas apresentou números que comprovam a redução da força do PT em São Paulo, reduto político onde a sigla surgiu na década de 80, como a reduzida votação de Alexandre Padilha (PT) para o governo do Estado.
“A alegria que senti pela vitória da presidente Dilma, sobretudo pela votação nos Estados do Norte, Minas e outros me recompensou pela tristeza de não ter sido eleito”, afirmou.
Emocionado durante todo o discurso, Suplicy fez um histórico de sua atuação no parlamento, com destaque para a proposta de sua autoria que cria a renda básica de cidadania. O petista fez um apelo para que a presidente Dilma Rousseff atenda seu pedido para criar um grupo de trabalho para discutir a implementação da renda mínima no governo.
“Espero que ela possa atender essa iniciativa de bom senso, antes que termine o meu mandato.”
Suplicy foi derrotado por José Serra (PSDB-SP) nas eleições para o Senado. Será a primeira vez desde 1991 que o petista ficará sem mandato no Legislativo Federal. O senador fez rápida menção ao tucano no discurso quando agradeceu aos mais de seis milhões de eleitores que escolheram seu nome para o Senado.
“Agradeço aos oito milhões de votos em 2006, eleição da qual fui vencedor. E aos seis milhões que votaram em mim em 2014, quando José Serra foi vencedor.”
HOMENAGENS
Suplicy recebeu sucessivas homenagens de colegas, incluindo membros da oposição, como Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e Aécio Neves (PSDB-SP). Candidato derrotado por Dilma na corrida à Presidência, Aécio disse que o petista sempre terá o seu respeito e admiração. “Gostaria de ressaltar que seu gesto sempre juvenil de continuar militando na política sem abrir mão de nossas convicções”, disse.
Ex-mulher do petista, Marta Suplicy (PT-SP) também falou em homenagem ao senador para exaltar sua atuação no parlamento. Marta disse que Suplicy honrou o seu Estado e sempre atendeu aos eleitores de forma igualitária, abrindo seu gabinete para todos.
“Isso o distingue nesta Casa. Coerente, determinado e competente em busca de seus ideais. Boa sorte e que tudo continue muito bem na sua vida.”
Emocionado após ouvir as palavras de Marta, com quem tem três filhos, Suplicy também exaltou qualidades da ex-mulher, como o trabalho exercido quando ocupou a Prefeitura de São Paulo.
Sentada no plenário do Senado, a atual namorada de Suplicy, Mônica Dallari, acompanhou o discurso do senador. No início de sua fala, o petista disse que a namorada o honrava com a sua presença.
Amigo pessoal de Suplicy, Pedro Simon (PMDB-RS) foi o primeiro a falar para destacar qualidades do petista como seriedade, integridade e firmeza.
“O Suplicy é das pessoas mais corretas, sérias e puras que conheci. Ele não vem [de volta ao Senado], mas suas ideias não ficarão. Foi o grande nome do PT. Foi o primeiro e único senador do PT, que brilhava nesta Casa, como parece que não está fazendo.”
Folha Online