“Sempre quis vir ao Brasil”, diz David Gilmour antes de show em São Paulo
David Gilmour, ex-guitarrista e vocalista da banda inglesa Pink Floyd, está no Brasil para uma série de apresentações. A primeira delas será na sexta-feira, 11, no Allianz Parque, em São Paulo, e a segunda no dia 12, sábado, no mesmo local. Outros shows acontecerão em Curitiba (14, Pedreira Paulo Leminski) e Porto Alegre (16 na Arena do Grêmio). O músico, que agora tem 69 anos, participou de uma entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira, 10, em um anexo do local onde se apresentará em São Paulo.
Bem-humorado, educado e afiado nas respostas, Gilmour respondeu que não tem ainda opinião formada sobre o Brasil. “Só conheço o que vi de dentro da van”, brincou, “Eu desembarquei, passei rápido pelo hotel e vim para cá falar com vocês”. Mas, naturalmente, disse que a primeira vez nos país é estimulante. “Sempre quis vir ao Brasil. Por sorte, desta vez deu tudo certo e estou aqui em um bom momento”, falou. “Ainda estou vivo e minha vida é esta, tocar”, completou. Gilmour disse que não tem nada de diferente ou especial preparado para o público brasileiro. “Bem, o show por si próprio será algo bem especial”, garante.
Apesar de confessar não conhecer quase nada da música ou da cultura brasileira, Gilmour agora tem uma conexão com o nosso país – o saxofonista dele, João de Macedo Mello, de apenas 20 anos, que também estava no evento, nasceu no Paraná. Quanto ao repertório do show, será uma mistura de material solo, privilegiando faixas do Rattle That Lock, seu álbum solo mais recente, e algumas clássicas do Pink Floyd. Ele vai homenagear o cultuado Syd Barrett, primeiro guitarrista da banda, com a psicodélica “Astronomy Domine”. Mas Gilmour garante que é difícil montar um repertório que agrade todo o mundo. “Eu tenho que ficar satisfeito com o que toco no palco, assim como o público, é claro”, ele fala. “Mas é muito material, muita coisa. É natural que algumas coisas fiquem de fora”, explica.
Também estavam na coletiva o guitarrista Phil Manzanera (ex-Roxy Music e colaborador de longa data de Gilmour) e Polly Samsom, esposa de Gilmour, escritora e letrista – ela fez as letras de The Division Bell (1994), do Pink Floyd, e também ajuda nos projetos solos do marido. “Eu e a Polly colaboramos há mais de 20 anos. É uma satisfação trabalhar com Polly. Ela me ajuda de muitas formas. Polly também está no Brasil para divulgar o livro Um Ato de Bondade, que está saindo pela editora Record.
A essa altura, todos sabem que o Pink Floyd nunca mais retornará, apesar de Gilmour e o baixista Roger Waters pelo menos já não se odiarem tanto quanto nos anos 1980 e 1990. O guitarrista recorda que a última vez que os membros do Pink Floyd tocaram juntos, em uma ocasião especial no Live 8 em 2005, houve tensão. “Aquela foi uma causa beneficente importante e não podemos falar não para os organizadores”, ele recorda. “Mas teve momentos de tensão. Eu pensava: ‘por qual motivo ainda estou ao lado dessa gente?’ E quanto ao Roger, eu tive que lembrá-lo que ele era apenas um convidado naquela ocasião. Ele interferiu, quis mexer no repertório, mas a minha palavra prevaleceu”. Sobre a aparição surpresa dele e do ex-baterista Nick Mason em um show de Waters no O2, em Londres, em 2011, Gilmour lembra: “Bem, aquilo começou como piada”, medita. “Nós iríamos cantar, só de brincadeira, ‘To Know Him is To Love Him’, dos Teddy Bears, ex-grupo do Phil Spector. Fazíamos essa nos ensaios do Pink Floyd. Mas resolvemos no final fazer ‘Comfortably Numb’, de The Wall. E deu certo”.
Rolling Stones