RIFANDO A BOLA

Seleção Brasileira: entre o afeto e o dinheiro

A seleção Brasileira ainda vai falar?

A seleção brasileira tem vivido semanas agitadas. Um encontro prazeroso pelo orgulho de vestir a camisa que representa seu país; e naturalmente, pela ambição da valorização de seu trabalho, elencado entre os melhores de sua nacionalidade. Em outras palavras, entre o afeto e o dinheiro.

Casemiro, capitão da seleção brasileira. Imagem: Reprodução TV Globo
Casemiro, capitão da seleção brasileira. Imagem: Reprodução TV Globo

Os Afetos

É importante que tenhamos em mente a fala categórica de Casemiro, no rápido atendimento à imprensa após a vitória ensossa contra o Equador por 2 a 0 em Porto Alegre. O capitão encerrou a entrevista relâmpago deixando claro: “Quando fala alguém, falam todos os jogadores, com o Tite, com a comissão técnica. Tem quer ser unânime, todos juntos”. Ou seja, é um grupo. Este grupo avisou que falaria mais à imprensa após o jogo contra o Paraguai, em Assunção (pertinho de Luque, sede da Conmebol).

A convivência deste grupo traz alegria, satisfação; e entre eles, outros sentimentos. Lógico, a angústia de viver um período pandêmico na história da humanidade deve fazer parte das conversas do cotidiano de quem divide um quarto, um refeitório, um campo. Além da convivência na Granja Comary, há outro fato da rotina que os conecta enquanto grupo; e falo por experiência: nada melhor que fazer amigos e se juntar à galera durante uma viagem.

Desta forma; fazendo parte da Seleção, obviamente os jogadores e a comissão técnica viajam juntos. Convivem. Nascem amizades, solidificam relações, estabelecem vínculos. Assim, a vitalidade do grupo se retroalimenta, se oxigena. Embora uns e outros sejam alternados nas convocações, o grupo já está formado. Certamente, existe uma concorrência entre aqueles que se alternam em convocações; mas algo saudável, leal, respeitoso.

Assim, a vivência cotidiana entre corredores e vestiários consolida referências, indica lideranças. Tite responde pela comissão técnica; Casemiro, pelos atletas. Embora de perfis distintos, são como as chuteiras: são pés diferentes que nos levam a um mesmo lugar. E qual será esse lugar? Onde levarão os afetos que batem no peito e ressoam na mente dos jogadores, treinador e restante da comissão técnica? Diante disso, o que acontece no peito e na alma dos atletas inscritos na Copa América?

… E o Dinheiro

Na outra ponta da discussão, estão aqueles que só usam gravata. Ou talvez nem usem, tentando fugir do estereótipo; como o (agora afastado) presidente da CBF Rogério Caboclo. Aqueles que, vez ou outra, aparecem envolvidos em escândalos. Empresários, lobistas, dirigentes, agentes esportivos; gente que fatura alto em cima do futebol como um negócio.

E por que não falar dos grandes grupos de comunicação e mídia? Afinal de contas, os direitos de transmissão são caros, existem compromissos com os anunciantes e há uma audiência que aguarda este conteúdo. Além disso, a Conmebol anunciou o aumento do prêmio para o país campeão da Copa América. Segundo a entidade continental, é seu jeito de demonstrar “paixão por fazem bem as coisas”. É muito dinheiro, minha gente!

Dinheiro e poder caminham juntos. E claro, trilham o caminho de duas vias alimentado pelo fluxo da política. E quando falamos de política no Brasil para realizar a Copa América na pandemia; falamos no arauto da perversidade negacionista, Jair Bolsonaro. O presidente capitão e sua escalação de generais inclusive mandou recado: sugeriu intervenção na seleção. É o fim da picada.

Alarmou a FIFA, que já teve de lidar com suspensões da mesma natureza com outras nações. Pelo precedente, as entidades nacionais de futebol e os clubes do país estariam suspensos de competições internacionais. Ou seja, a seleção brasileira estaria fora da Copa América e da Copa do Mundo; além dos clubes brasileiros, impedidos de jogar a Libertadores, a Sul-Americana e um eventual Mundial de Clubes.

O Brasil é o único país que participou de todas as Copas do Mundo. Além disso, o futebol brasileiro é celeiro de talentos e respeitado no mundo inteiro. Como imaginar um protagonista sacado de seu espetáculo por conta de um capricho? Como a plateia reagiria à isso? É um risco enorme e um valor incalculável para apostar. Muito dinheiro envolvido.

Todos queremos saber o que o grupo da Seleção tem para falar entre a oitava rodada das eliminatórias  da Copa do Mundo e a primeira rodada da Copa América. Ou melhor, queremos saber se ainda há algo a ser falado. Ao contrário do que Casemiro afirmou; a coisa não está, assim, tão clara. Deu até saudade de João Saldanha.

Por João Jales.

Rifando a Bola

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