Repercussão do discurso de Bolsonaro na ONU é ruim entre diplomatas, políticos e analistas
Diplomatas, políticos, analistas e jornalistas estão horrorizados com o discurso de Jair Bolsonaro na ONU na manhã desta terça-feira (24). O clima de é perplexidade e de condenação a um discurso considerao sem precedentes por sua agressividade e acento de extrema-direita.
Um dos mais experientes correspondentes internacionais do país, Jamil Chade, resumiu assim a perplexidade global: “Jair Bolsonaro não tinha chegado sequer à metade de seu discurso e meu whatsapp, Signal e email já estavam sendo bombardeados por mensagens de diplomatas e representantes de entidades internacionais. Todos chocados com o que estavam ouvindo. Mas uma das mensagens particularmente dura veio de um representante que faz parte da cúpula das Nações Unidas: ‘Ele (Bolsonaro) acabou de perder a última chance de ser respeitado’. Em outra mensagem, um mediador perguntava: ‘há algo mais extremo que essa visão de mundo?’.“
Se na diplomacia internacional a condenação é unânime, o ambiente no Itamaraty não é diferente. Sob a condição do anonimato, diversos diplomatas conversaram com a jornalista Bela Megale e avaliaram o discurso como sendo o mais agressivo já feito por um presidente brasileiro desde 1949, ano em que o Brasil começou a abrir a cerimônia. Para os diplomatas, o teor do discurso proferido por Bolsonaro deverá ampliar a tendência de isolamento internacional do Brasil.
No Congresso Nacional, parlamentares ligados ao campo democrático consideraram o discurso de Bolsonaro como “vergonhoso” Para o líder do na Câmara, Paulo Pimenta, Bolsonaro demonstrou o seu “cinismo” durante sua fala. “Que vergonha! Bolsonaro é cínico ao se mostrar como defensor dos povos indígenas e hipócrita ao acusar gente como o cacique Raoni, que tem décadas de militância ambiental em defesa da Amazônia e por isso é odiado pelos ruralistas amigos do presidente miliciano”, postou o deputado no Twitter.
A deputada federal pelo PSOL-SP, Sâmia Bonfim afirmou que Bolsonaro “usou a tribuna da ONU para atacar ONGs, cientistas, ativistas dos direitos humanos e a própria democracia brasileira. Agressivo, negou o inegável a respeito do desmatamento na Amazônia. Chegou a dizer que os indígenas também fazem queimadas”.
A candidata à vice-presidência pelo PSOL, a ex-deputada federal Manoela D’Ávila (RS) usou seu perfil para apontar o retrocesso no tom adotado por Bolsonaro: “Após o discurso de Bolsonaro na ONU, concluí que estamos em 1963 já que tudo se justifica pelo medo da “infiltração de agentes cubanos”. Ele anunciou 1) o fim do programa mais médicos q atendia aos mais pobres do país; 2) que os nativos brasileiros são seres humanos; 3) que a vergonha não tem fim”.
O senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) classificou como “vergonhoso” o discurso de Bolsonaro: “O Brasil nunca passou tanta vergonha na ONU! Bolsonaro foi até lá culpar nossos indígenas pela sua gestão ridícula da crise na Amazônia, atacou nações que nos ofereceram ajuda, defendeu a ditadura militar e esbravejou asneiras ideológicas diante do mundo! Vexame!”.
Brasil 247