Rádio Democracia já é um fato político
A Rádio Democracia não é fake, nem coisa de extraterrestres. É uma rede de comunicação que se espalha contra os abusos do Poder Judiciário. Somos um movimento social que quer debater e construir uma outra comunicação para o Brasil. Circula nas redes sociais informações de que o movimento construído para a cobertura do julgamento do Presidente Lula, com a criação da Rádio Democracia, é um fake. Quer dizer: uma informação falsa! E se essa campanha de desqualificação já começou, é porque a rede de rádios formada em torno da Rádio Democracia já está incomodando.
Na realidade, os fakes noticiosos surgiram no Brasil desde que foram concedidas para as elites brasileiras as primeiras concessões de rádios comerciais Em noventa anos de radiodifusão no Brasil, as grandes concessionárias de veículos de comunicação nunca fizeram comunicação de fato, fizeram a difusão de seus valores para manter modelos de exploração.
É certo que soa como uma coisa extraterrestre, um modelo de comunicação popular, com corte de classe e construído de forma horizontal e democrática. Afinal, é quase um século de comunicação unilateral e não dialógica. Mas não somos extraterrestres! Somos vozes atendendo a um chamado da classe trabalhadora, que produz riquezas e que luta para que esta riqueza seja distribuída.
Temos clareza do processo político e histórico que vivenciamos com a criminalização dos movimentos sociais e da democracia. As rádios livres e comunitárias surgiram com o ar da democracia nas veias, com a promulgação de nossa Constituição e tratados internacionais assinados pelo Brasil. Mesmo assim, o Poder Judiciário se autojulgou no direito de alterar as regras do jogo democrático.
Para as nossas rádios, isso começou bem antes. Desde 1992 (ano que a Rádio Livre Reversão, na Vila Ré, em São Paulo, foi fechada) tivemos mais de 30 mil emissoras comunitárias e livres reprimidas pela “Justiça”, numa das maiores perseguições políticas da história mundial da radiodifusão em plena “Democracia”.
Nossa luta e existência, portanto, não são de agora. A luta por liberdade é filha dos maiores movimentos sociais deste país, desde o Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, a luta pelo fim da escravidão, da Revolta da Chibata, de Canudos, das Ligas Camponesas, da Luta contra a ditadura, dos Sem-Terra no campo pela reforma agrária e dos Sem Teto nas cidades pelo direito à moradia, e da luta do povo contra o golpe e a retirada de direitos.
A estratégia da direita é fazer com que toda essa história da resistência pareça fake, mas o povo está vivo e atento! Apesar da mídia tentar nos esconder e nos criminalizar.
Para buscar a democratização da Comunicação, travamos uma luta cotidiana contra o monopólio do setor. Chamaram nossas rádios de “piratas”, capazes de derrubar aviões ou até as acusaram de fazerem parte do “crime organizado”.
Resistimos bravamente e construímos nossa luta. Hoje somos quase um milhão de comunicadores e comunicadoras populares em Rádios Livres, Comunitárias e Rádios Web, com uma grande inserção na luta do povo brasileiro.
Neste momento, nos apresentamos neste campo da luta política, em defesa da democracia e do presidente Lula, e também pela democratização efetiva das comunicações, com uma bandeira clara de luta: o fim do controle privado sobre as concessões da radiodifusão
Já somos 205 emissoras comunitárias, livres, público-estatais e educativas. Centenas de correspondentes e uma rede já articulada em 20 estados da Federação. Estamos na Argentina, Bolívia, Equador, França, Moçambique, Portugal e Itália.
Estamos prontos e prontas para construir uma comunicação dialógica e necessária para furar o bloqueio da grande mídia que destrói a verdade e legitima as mentiras.
Estaremos em Porto Alegre com nosso site, com nossos aplicativos e com nossas emissoras relembrando o feito histórico de Leonel Brizola, que em 1961 construiu a Rede da Legalidade, um dos únicos momentos da história deste país em que a radiodifusão foi usada para a luta de um povo.
Este feito histórico de Brizola nos inspira a continuar a luta por um Brasil decente e justo, por democracia e em apoio ao ex-Presidente Lula, que trava uma luta heróica contra o poder mais conservador da sociedade brasileira: o Poder Judiciário. Esta luta de Lula é também das Rádios Comunitárias e das Rádios Livres. Por isso nossa adesão total.
Novos Rumos Jornalistas em Movimento