Quase 3 mil casos de Dengue já foram registrados na Paraíba este ano
Cerca de 3 mil casos prováveis de dengue já foram notificados, este ano, na Paraíba, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PB). O número é 20% maior que as notificações registradas em 2018. Segundo a responsável pelo setor de arboviroses do Núcleo de Doenças Transmissíveis Agudas da SES-PB, Fernanda Vieira, “a Paraíba está em estado de alerta”.
As informações foram apresentadas, na manhã desta segunda-feira (20), durante uma reunião promovida pelas Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde e da Defesa do Patrimônio Social da Capital, com diversos órgãos para discutir estratégias de combate e prevenção ao mosquito ‘Aedes aegypti’, responsável por transmitir além da dengue (tipos I, II, III e IV), mais duas doenças graves: o zika vírus e chikungunya.
A reunião aconteceu no auditório da Procuradoria-Geral de Justiça, em João Pessoa, e foi presidida pelos promotores de Justiça Jovana Tabosa e João Geraldo Barbosa. Ela integra o procedimento administrativo instaurado na Promotoria da Saúde da Capital para apurar o aumento dos casos de dengue no município. “No Brasil, temos visto um aumento muito grande no número de casos de dengue, chicungunya e zika vírus e, na Paraíba, temos visto que as condições climáticas estão muito favoráveis à proliferação do mosquito que é o vetor dessas doenças. Isso requer medidas do poder público e também a sensibilização e a educação da população sobre o assunto”, disse Jovana.
Participaram da reunião representantes das Secretarias Municipais de Infraestrutura, Saúde, a Empresa de Limpeza Urbana da Capital (Emlur), a SES-PB, Corpo de Bombeiros, Companhia de Abastecimento de Água e Esgoto (Cagepa), da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), da Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), da Associação de Catadores, entre outros órgãos e entidades.
A SES-PB informou que já está fazendo uma interlocução com o Conselho Regional de Medicina (CRM-PB) sobre ações e medidas que podem ser adotadas em relação ao problema e disse que vai adotar a mesma medida em relação ao Conselho Regional de Enfermagem (Coren).
Palestras
Durante a audiência foram ministradas duas palestras. Na primeira, o coordenador do Centro de Zoonoses de João Pessoa, Newton Guedes, falou sobre os fatores que facilitam o surgimento de pragas e vetores de doenças (como a abundância de água, no caso do Aedes aegypti); sobre o ciclo de vida do mosquito; métodos de controle e ações preventivas realizadas no município, inclusive em parceria com outros setores e órgãos, como o Creci e a Cagepa, por exemplo.
Ele explicou que a única forma de controle para prevenir a dengue, a chicungunya e o zika vírus é a vetorial e isso exige, além de medidas e ações do poder público, uma mudança de comportamento e a educação ambiental de todas as pessoas para evitar o surgimento de criadouros do mosquito. “Algumas das medidas que as pessoas devem adotar é a limpeza de calhas e a higienização das caixas d´água periodicamente”, exemplificou.
Disse ainda que há uma parceria com o Creci para que os agentes ambientais possam fazer inspeções em busca de focos e criadouros do mosquito, em imóveis que estão à venda ou para alugar. Falou ainda das dificuldades enfrentadas em relação aos terrenos baldios e aos imóveis localizados no Centro de João Pessoa, que foram tombados pelo Patrimônio Histórico que estão abandonados.
De acordo com os representantes da Prefeitura, em todos esses casos, por se tratarem de propriedades privadas, cabe aos donos adotarem as providências necessárias e multas estão sendo aplicadas, quando há a omissão do proprietário. O promotor de Justiça João Geraldo, que atua na defesa do patrimônio histórico e artístico e na área do urbanismo, também informou que o Iphaep já foi provocado a adotar medidas em relação ao problema.
A segunda palestra foi ministrada pela representante da SES-PB, Fernanda Vieira. Ela apresentou dados estatísticos sobre a dengue, a chicungunya e o zika vírus no país e na Paraíba. Falou dos protocolos para a notificação dos casos suspeitos, confirmados e óbitos. Segundo os dados apresentados por ela, em todo o país, já foram notificados 451 mil casos prováveis de dengue, apenas nas primeiras 15 semanas do ano. O número é quatro vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2018.
De janeiro até agora, 123 pessoas morreram de dengue e três, de chikungunya. Na Paraíba, dois óbitos estão sendo investigados, um por suspeita de dengue e outro, de chikungunya. “Estamos em estado de alerta total. Precisamos ‘vestir a camisa’, como fizemos em 2016, em que toda a sociedade se conscientizou e adotou medidas para combater o mosquito”, disse.
Entre 2016 e 2017, houve uma redução de 89% nos casos de dengue notificados na Paraíba, passando de 44.532 para 4.692.