Procurador da República apura violência contra trabalhadores rurais, em Mogeiro
A violência contra trabalhadores rurais na região do Agreste da Paraíba levou o procurador da República, José Godoy, a secretária de Desenvolvimento Humano do Estado, Cida Ramos, representantes da Polícia Militar, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e os mandatos de Luiz Couto e Frei Anastácio a uma reunião no acampamento fazenda fazendinha, em Mogeiro, ontem (7), com famílias que estão sofrendo, espancamento, ameaças de morte e tiveram casa incendiada por capangas, principalmente, da fazenda Salgadinho.
Segundo o deputado estadual Frei Anastácio, “a capangagem se reorganizou e faz ameaças constantes, já atiraram em ônibus, queimaram casa de trabalhadores e esta semana um agricultor foi cruelmente espancado por cinco capangas da fazenda Salgadinho, que pertence à família Silveira”, denunciou o deputado.
A reunião em Salgadinho foi resultado de várias reuniões realizadas com a Secretaria de Desenvolvimento Humano, com a participação da CPT e representantes de agricultores para discutir a situação de violência que predomina no imóvel contra as famílias acampadas. Além da violência, as famílias estão tensas com a liminar de reintegração de posse determinada pelo juiz da Vara Agrária. Como também ver como avançar o processo de vistoria e desapropriação do imóvel.
A secretária Cida Ramos fez abertura da reunião apresentando os motivos da visita. Em seguida, o procurador José Godoy continuou explicando para os camponeses que estava ali também, como Procurador da Defesa do Cidadão e que é seu papel é cumprir o que está na Constituição, e no caso de Salgadinho tem o papel de combater a violência e defender a Reforma Agrária. Depois as famílias fizeram um relato da história naquela Fazenda. Que seus pais avós sempre trabalharam na propriedade para o proprietário Mário Silveira, dedicando quatro dias para o patrão e três para elas.
“Depois que o Senhor Mário Silveira dividiu a propriedade com os filhos, estes impediram as famílias de trabalharem na terra. Passado um ano sem terem onde trabalhar, as famílias se organizaram e entraram juntas pra plantar na terra. Mas, a partir de 2015, o novo proprietário da fazenda, José Otávio Silveira, só tem praticado violência contra as famílias com dois despejos, campanhas 24 horas ameaçando os trabalhadores, principalmente, as lideranças”, disse o deputado.
Foi relatado que no dia anterior, dia 06/11, um agricultor estava saindo do acampamento em direção à cidade de Mogeiro e capangas fizeram tocaia e o pegaram. Espancaram, xingaram e o ameaçavam de matá-lo. Felizmente o deixaram vivo. A CPT relatou o sentimento de insegurança que vivem as famílias que temem até prestar queixa na delegacia para não sofrem represália. “De modo que toda a truculência dos capangas contra estas famílias, não foi registrada em delegacia, apenas o incêndio da casa da família de Fernando e Isabel, no assentamento João Pedro Teixeira, vizinho a Salgadinho”, relatou o deputado.
Providências do Procurador da República
Como encaminhamento da reunião ,ficou defino que na sexta feira 17/11, às 9h na Procuradoria da República, serão ouvidas todas as pessoas que sofreram violência. Este relato será encaminhado para Secretaria de Segurança Publica. Na tarde do mesmo dia, haverá uma audiência com o Secretário de Segurança Pública, Secretaria de Desenvolvimento Humano, os deputados Frei Anastácio e Luiz Couto, os agricultores e CPT para discutir a situação de insegurança vivenciada pelas famílias. O procurador vai convocar para o mesmo dia, uma audiência com o INCRA para ver a situação de desapropriação do imóvel.
“Em relação à desocupação do imóvel, a CPT vai refletir com as famílias envolvidas uma forma que não seja tão dramática e procurar um local para onde estas famílias possam ir. O representante da PM, que também estava presente, garantiu que fará o esforço de manter a segurança das famílias”, destacou.
Em relação ao despejo, o coronel Roberto que é o coordenador da equipe de Gerenciamento de Crise, informou que não dar mais para esperar tanto uma vez que a liminar já foi concedida há mais de um mês. “Porém, houve uma reação dos trabalhadores. Existe o tempo da justiça e o tempo do povo que não tem pra onde ir, eles não têm trabalho e precisam de uma solução”, afirmou o deputado.