Português Marcos Girão expõe o desassossego de Fernando Pessoa

Baseado na obra “Livro do Desassossego”, do escritor Fernando Pessoa, outro português, chamado Marcos Girão, criou a exposição de artes plásticas que leva o mesmo nome do livro e que se encontra exposta para visitação pública, no primeiro pavimento da Torre Mirante da Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes, no Altiplano. A entrada é gratuita e o horário de visitação é de terça a sexta-feira, de 9h às 18h. Sábados, domingos e feriados das 10h às 18h.

“Não são as minhas confissões e, se nelas nada digo, é que nada tenho para dizer. De resto, com que posso contar comigo? Uma acuidade horrível das sensações, e a compreensão profunda de estar sentindo”, comentou Marcos Girão.

Na exposição o visitante vai encontrar passagens dos livros transcritas para telas pintadas em fundo de madeira. São mais de 15 telas em tamanhos variados. É a poesia de Fernando Pessoa em forma de artes plásticas.

Marcos Manuel Nobre de Sousa Girão é natural da cidade de Beja, no Baixo Alentejo, em Portugal. De seu pai, um professor de Educação Visual e Tecnológica o artista recebeu o gosto e o amor pela pintura e notadamente pelas artes em geral. Além do incentivo inicial da figura paterna, no deslindar de sua existência Girão encontrou professores e amigos que lhe estimularam a percorrer o caminho do ofício artístico, o que de certo modo o predestinou a nele permanecer e desenvolver suas aptidões. Para o artista, a pintura não é uma profissão, mas um modo de estar na vida e no mundo.

A primeira exposição de Marcos Girão ocorreu em 1972, em Lisboa. A partir de 1974 vieram as exposições internacionais, tendo exibido seus trabalhos na Espanha, na França, no Canadá e nos Estados Unidos, entre outros países. Hoje, a obra do artista encontra-se distribuída em inúmeras coleções espalhadas pelo mundo. Marcos Girão também realiza diversos estudos que contemplam temas como composição, teorias da cor e da forma, bem como várias ações de formação versando acerca de técnicas e tecnologias das artes, preparação de receitas de materiais e utensílios, bem como estruturas e suportes.

É como Fernando Pessoa (1888-1935) apresenta o “Livro do Desassossego”, que escreveu sob o semi-heterônimo Bernardo Soares. Publicado em 1982, 47 anos após a morte de Pessoa, é um livro biográfico com os pensamentos de um dos maiores gênios do século XX. Composta de centenas de fragmentos que perfazem uma espécie de diário íntimo, a obra revela vivências e questionamentos de um ajudante de guarda-livros, sem uma narrativa definida, com princípio, meio e fim.

Secom/JP