Olimpíada, mentira e os poderosos
Sabemos que os poderosos são desprovidos de compromisso com a verdade e com o bem. E não me perguntem o que é a verdade, porque mesmo sabendo o que seja (utilizo sempre o entendimento de verdade utilizado por São Tomás de Aquino: veritas intellectus rei est), eu me comportarei qual Jesus ao ser interrogado por Pilatos, a respeito desse assunto. Mas retomando o assunto, a História está repleta de exemplos em que os poderosos recorrem a qualquer tipo de expediente para obterem o que desejam e prejudicarem a quem eles considerem inferior. Tragamos aqui dois fatos apenas: quando o ditador Getúlio Vargas, querendo fazer um mimo ao III Reich, deportou Olga Benário grávida para a Alemanha, disse e comprometeu-se com os colegas de prisão da mesma que ela iria a um hospital fazer exames de saúde, e até permitiu que outros dois presos políticos acompanhassem-na. Contudo, apenas saíram das dependências da prisão: separou-se as acompanhantes da paciente, desviou-se o percurso e levaram-na para o navio que a aguardava no porto a seguir para a Europa. Quando o famigerado Rui Barbosa incinerou todos os documentos restantes e existentes sobre o tráfico de africanos para criminosa e vergonhosamente escravizá-los, mentido levianamente, dizendo ser para extinguir a mancha da escravidão do território brasileiro, sabemos, todos de bem, que isso era uma manobra baixa para impedir que no futuro nenhum negro pudesse exigir do Estado, com bases legais, uma reparação, mínima que fosse, através da justiça. Essa sua ação não apagaria mancha nenhuma: primeiro porque o que foi feito está feito, suprimir as provas legais em nada muda; segundo, porque esta tal mancha está na mente e no caráter de pessoas como ele. Só tenho pena de o demônio ter que suportá-lo ad infinitum.
Tomando a outra ponta do novelo que quero aqui desenrolar, Lima Barreto diz, em um de seus artigos, que os EUA são capazes de tudo. E essa Olimpíada de 2016 comprovou o que quase cem anos atrás afirmou o escritor carioca.
Eis que em uma de suas peripécias ou mesmo quem sabe un tour sexuel pelo centro do Rio de Janeiro, ao voltar de manhã o “senhor” Ryan Lochte e sua súcia afirma ter sido assaltado. E então o mundo inteiro “cai de pau” em cima do Brasil. Até aí nada de mais. O País é um dos mais violentos do mundo, basta olharmos a maneira como a elite trata os pobres: é de uma violência aviltante. Turistas têm uma pele, sotaque, comportamento etc. geralmente diferente, e a bandidagem vai em cima mesmo, leva o que puder e que puder mais chore menos. Pois o Brasil é esta zona de baixíssimo nível em que só se lamenta assalto quando ocorre com europeus ocidentais, estadunidenses, canadenses, e o resto que se exploda, as “otoridade” nem estão aí nem vão chegando… Ou algum brasileiro comum, que foi vítima de assalto, já viu, após a queixa, seu caso, ou qualquer outro problema, ser resolvido com afinco?
Essa história não é coisa inocente, não, ele é mal, trambiqueiro escolado, tanto é que ele montou a farsa e fugiu: criminoso, covarde e foragido. E deixou os outros que o acompanhavam: Gunnar Bentz, Jack Conger e James Feigen. Desses, pelos menos dois foram retirados da aeronave, já iam fugir também, tiveram passaportes apreendidos, tiveram de prestar depoimentos na polícia e pagaram multas. A mentira, o perjúrio, o falso testemunho, o dolo ao outro faz parte da cultura institucional estadunidense e de todos os países que tentam imitar a Europa. Deste continente nunca saiu nada de bom para o resto do mundo: só a violência, o crime, o roubo, o dolo: bref, o mal; a se estender sobre a humanidade de outras regiões. Se alguém duvida dá uma olhadela na história, ainda que o historiador não seja confiável, ele não consegue esconder tudo.
Mas retornando ao pai da mentira, isto é, “senhor” Lochte, ele saiu para dar uma desestressada, beber uns gorós, badernar, cair na pândega, vandalizar e outras cositas más que não declinarei aqui, para bem da ética. Afinal, toda essa gente que vem para o Brasil já conta com a permissividade do brasileiro para com eles, de forma que, eles aqui podem tudo o que não podem lá. Como foram obrigados a pagar o prejuízo no posto de combustível, eles chateados, para se vingarem, inventaram a história do assalto, com aquilo que lastreia a vida deles: a mentira. Porém, embora subserviente aos estrangeiros, ditos de primeiro mundo, era de mais às “otoridade” do Rio de Janeiro engolirem a seco. E para salvar a própria pele resolveram tirar isso a limpo.
Ora isso estava claro que era lorota má intencionada, porquanto como é que no Brasil, alguém é assaltado e chega em casa com celular, relógio, carteira e outras coisas mais que eles maldosamente disfarçaram na chagada à Vila Olímpica? Alguém responde isso? Além do mais, as imagens das câmeras da residência os mostram descontraídos, alegres, gaiatos… a senha estava dada, bastava apertar os mentirosos e a verdade apareceriam. No entanto, os dirigentes cariocas se apressaram em logo pedir desculpas… Isso é de uma subserviência nauseante, nunca se pede desculpa ao culpado.
Não custou muito e a verdadeira sujeira assomou ao mundo, e revelou-se o que é os EUA, e toda essa corja que se acha de primeira linha. Nada mais é do que a escoria humana.
Mas claro as “otoridade” cariocas, na pessoa do diretor de comunicação do Comitê Rio 2016 Mario Andrada, logo veio em socorro com panos quentes: as mesmas subserviências de sempre. Que não precisaria os mentirosos, ditos nadadores, pedirem desculpas, que eles se prepararam muito para estarem aqui, que a vergonha pública já foi o suficiente, que com isso eles iriam aprender uma lição, etc, etc…
Vamos por partes, Se alguém é humano e quer dar exemplo de grandiosidade com desculpas faça isso com as pessoas humildes, não com as arrogantes, como esses pútridos atletas; então, se eles cometeram essas estultícias que se os rebaixe até a sarjeta; se eles se prepararam para virem nadar que também se preparem humanamente e se comportem como gente, pois o ser humano só e apenas só, vale pelo seu valor humano, não porque seja exímio profissional; se eles passaram vergonha pública é problema e culpa deles, mas que peçam desculpas formais, tanto porque se fosse um brasileiro lá, na mesma situação, mesmo esses que por aqui se acham elite, seriam lá reduzidos a nada, achincalhados ao extremo; e como aqui nos os enchemos todos de mesuras e salamaleques? Além do mais, gente desse nível, nunca aprende lição nenhuma, todos o sabemos, é gente ruim, pior que assaltante que mata gente nos sinais de trânsitos, pois eles sempre tiverem rios de dinheiro em suas mãos, inclusive dados por empresas que queriam velos brilharem na sociedade, mas fazem o mal por prazer, chafurdam na lama. Contudo, uma questão se impõe: será que se tivesse sido um negro brasileiro ou um favelado as “otoridade” e o senhor Mario Andrada seriam tão “finos”, solícitos, educados, “humanizados” assim? Dispensando os meliantes sem precisar nem de um simples pedido de desculpas? Iriam “passar a mão pela cabeça” tão paternalmente assim? Então se esse povo vem para cá e agem desse jeito, se eles se referem a brasileiros como sub-raça, a culpa e dessa gente que está sempre desculpando a eles e “deixando para lá”. Quer ser respeitado? Respeite e exija respeito seja diante de quem for!
Eu pessoalmente, sou brasileiro e nunca fui rico, mas sempre procuro saber respeitar e exigir respeito e colocar essa gente no lugarzinho delas. Certa vez, quando eu fazia mestrado, morava numa república e lá chegou um estadunidense, dizendo que fazia doutorado (malgrado só tê-lo visto, vez por outra, com um único livro de Alfredo Bosi) e veio estudar corrupção e violência policial. Eu achei muito estranho, mas um monte de babacas jogou-lhe o tapete vermelho. Ora, se ele queria violência policial encontraria no seu país, como todos sabemos a polícia de lá também nunca foi santa, e se ele queria corrupção lá ele tem muita, como eu certo dia lhe falei inclusive num caso bem, emblemático do ex-presidente Richard Nixon que foi investigado e para não ser impedido de governar renunciou pelo Watergate, um dos escândalos. A diferença é que lá quase sempre se pune os culpados, Ele não me tragou. Certo dia engrossou comigo e eu tranquilamente disse a ele como a coisa para mim funcionava. Ele se distanciou, depois deve ter caído em si e tornou-se às boas. E a coisa seguiu sem muito problema. Se quiser que o trate como qualquer um tudo bem, mas tapete vermelho jamais joguei nem pretendo jogar para quem quer que seja. Todo mundo é feito do mesmo pó, o que vai diferenciar é a ética e o comportamento e pelo que já se sabe essas criaturas dos EUA, na maior parte, é da pior espécie. Aliás, como se diz, se a sociedade é um lixo a elite nada mais é do que a nata desse lixo, lixo esse que ela mesma produz, é bom que se frise.
É como disse Lima Barreto: eles são capazes de tudo, as mentiras mais sórdidas, as ações mais deprimentes, as atitudes mais pútridas para tentar destruir os outros e se mostrarem mais importantes. Ou já esquecemos as mentiras do ex-presidente George W. Bush para invadir o Iraque e trucidar milhares de pessoas?