Olimpíada do Rio terá uso de internet quatro vezes maior que em Londres

tráfego de dadosO tráfego de dados esperado para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro deverá ser quatro vezes maior que o registrado há quatro anos, em Londres, especialmente com o envio de fotos e vídeos. É que, além do uso maior de equipamentos como tablets e smartphones, o hábito de muita gente mudou: atualmente, todos querem compartilhar instantaneamente suas experiências.

“Hoje em dia, qualquer lugar que você vá a um evento esportivo ou a um show, nos primeiros minutos e durante grande parte deles, o pessoal está filmando e tirando fotos e se comunicando imediatamente; isso já está na cultura do proveito do evento poder realizar esse tipo de atividade”, disse o secretário de Telecomunicações do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Telecomunicações (MCTIC), André Borges, à Agência Brasil.

Enquanto em Londres foram transmitidos 60 gigabits (GB) de informações por segundo, no Rio de Janeiro o tráfego deve chegar a 240 GB por segundo.

A expectativa do governo é que não haja problemas no uso das tecnologias de telefonia e internet móvel durante a Olimpíada. Segundo Borges, todos os investimentos previstos para serem feitos pelas operadoras foram realizados e as atividades de planejamento e execução foram concluídas no prazo. “A nossa expectativa é que tudo corra bem, com um bom padrão de normalidade e funcionamento com qualidade”.

Segundo ele, foi feito um reforço das redes de transporte e de acesso para o aumento da capacidade de tráfego de dados. Além disso, da mesma forma como foi feito durante a Copa do Mundo de 2014, as operadoras de telefonia instalaram infraestruturas temporárias móveis para reforçar o sinal em áreas externas, que serão desmontadas depois dos Jogos. Dentro dos locais de competição, as empresas compartilharam a infraestrutura de cabos e antenas para a oferta de telefonia e internet móvel.

Problemas à vista

Apesar da expectativa positiva do governo, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) prevê que o uso dos serviços de telecomunicações durante a Olimpíada pode apresentar problemas. A maior dificuldade, de acordo com o pesquisador em telecomunicações do Idec, Rafael Zanatta, será para acessar a tecnologia 4G. É que em parte da cidade o 4G não está disponível ou tem sinal muito fraco, o que faz com que o acesso à internet seja feito por meio do 3G, que é mais lento.

“Isso pode ser especialmente problemático quando você tem uma grande concentração de pessoas em um mesmo local, como é o caso da Olimpíada. Além de não ter disponibilidade de rede 4G para aqueles que estão conectados, pode haver um congestionamento, um número muito grande de pessoas tentando compartilhar o sinal da mesma antena, o que a tecnologia não suporta”, explica Zanatta.

O especialista cita um estudo da empresa britânica de monitoramento e performance OpenSignal, que avaliou a oferta de internet móvel no Brasil, e aponta que, apesar dos investimentos feitos pelas operadoras de telefonia em cabos de fibras ópticas e antenas para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, a disponibilidade e a velocidade da internet pela tecnologia 4G “deixam muito a desejar”. A análise mostrou que, em algumas regiões do Rio de Janeiro, o sinal de internet é fraco, o que pode trazer problemas quando houver grande concentração de pessoas.

“O sinal e a disponibilidade de internet em Ipanema e Copacabana está indo muito bem. Mas, para a região de Deodoro, onde há um complexo esportivo, ou para Jacarepaguá, os sinais estão muito ruins. Então, dependendo de onde será o evento esportivo, pode ter gente que não conseguirá se conectar e terá muita lentidão para transferir fotos, acessar redes sociais e usar a internet para questões básicas”, diz Zanatta.

Para o especialista, os Jogos Olímpicos vão ser a prova de fogo para os investimentos que foram feitos pelas operadoras de telefonia. “Não é possível dizer que vai ser um fracasso, que haverá grandes problemas, mas os relatórios têm mostrado que o investimento não foi feito ao ponto de garantir disponibilidade das redes 4G o tempo todo”

Operadoras fazem investimentos

As empresas Claro, Embratel e NET, do grupo America Móvil, são as patrocinadoras oficiais de serviços de telecomunicações da Olimpíada do Rio, e serão responsáveis por todos os serviços de telecomunicações que dão suporte aos Jogos. O grupo diz que investiu R$ 30 milhões no Brasil nos últimos três anos, sendo que grande parte foi direcionada para a infraestrutura dos Jogos.

A Embratel irá disponibilizar uma rede com mais de 370 quilômetros de fibras ópticas, com velocidade de 40 gigabits por segundo. A empresa também fornecerá a rede que captará os sinais de vídeo de todas as competições esportivas para entregar ao centro de transmissão internacional, de onde sairão imagens para aproximadamente 5 bilhões de telespectadores de 200 países

A Telefônica Vivo informou que está trabalhando para ampliar a cobertura nas áreas onde haverá disputas nas regiões da  Barra da Tijuca,  Deodoro, Estádio  do Engenhão, Maracanazinho e Sambódromo. O reforço da cobertura atinge também a Cidade Olímpica, com aumento da capacidade de banda larga. A operadora também desenvolveu projetos específicos para aumentar a capacidade de cobertura em toda a cidade.

A TIM informou que já instalou no Rio de Janeiro 100 biosites, que são estruturas parecidas com a de postes de iluminação, onde são instaladas as antenas da operadora. A empresa diz que ampliou sua capacidade de rede em locais distribuídos estrategicamente nas rotas de mobilidade urbana e pontos de grande concentração durante as disputas do evento esportivo. A TIM também vai reforçar a cobertura em toda a região metropolitana do Rio de Janeiro, com destaque para as áreas de maior circulação de turistas.

A Oi diz que instalou novas antenas e aumentou a capacidade de estações já existentes para atender ao aumento da demanda por cobertura móvel e garantir que o cliente possa fazer chamadas e usar as redes 3G e 4G em todos os locais de competição. A empresa ampliou a cobertura móvel, com antenas definitivas e provisórias nos locais de competições e em áreas como aeroportos e rodoviária. Como a Oi foi a patrocinadora e fornecedora de serviços dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e da Copa do Mundo de 2014, a empresa diz que já tem como legado a presença em alguns locais que serão utilizados também na Olimpíada.

As operadoras instalaram centrais de monitoramento no Rio de Janeiro. Além disso, equipes do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Telecomunicações e da Agência Nacional de Telecomunicações estarão na cidade para acompanhar o funcionamento dos serviços de telecomunicações durante a Olimpíada. “Estaremos sempre a postos para apagar qualquer incêndio”, diz André Borges.

Agência Brasil

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