Em qualquer que seja o marco institucional o poder tem a ver com prática política. É o momento em que o indivíduo assume a autoridade que lhe dá direitos de agir, mandar, deliberar, decidir. Passa a ter a capacidade de impor sua vontade sobre os outros. Essa é a razão pelo qual tanto fascina e tanto atrai.
Ocorre, no entanto, que nem todo mundo está preparado para exercer o poder. Muitos ao serem alçados a qualquer posto de comando imaginam-se seres superiores, mudam a personalidade, olham os subalternos com ares de supremacia, revelam seu verdadeiro caráter. Normalmente, são pessoas inseguras, que se desequilibram com facilidade quando estão diante de alguém que lhes imponha respeito pela postura ética ou pelo nível de inteligência. Detestam críticas.
O poder legítimo é aquele que praticado pela competência, pelo senso de justiça, pelo carisma, pela ausência de prepotência e arrogância. A autoridade não se impõe, se conquista. É reverenciado pela capacidade de se fazer amado, não pela força que causa medo. Sabe que o poder é efêmero, daí não ter receio de perdê-lo.
O temor de ser destronado da posição de mando faz o detentor do poder ficar vulnerável à prevaricação, às negociatas, à desonestidade, desde que tais atitudes facilitem a sua permanência no cargo que eventualmente ocupa. Os fracos de espírito são desprovidos de consciência moral para renegarem as tentativas de suborno e de aliciamento e caem nas armadilhas da corrupção. Detestam quem lhe lhes faça sombra, porque não têm auto confiança para enfrentar a competitividade.
Os que têm vocação para déspotas, ditadores, absolutistas, crêem que representam o Bem contra o Mal, e nada que divirja do seu pensamento pode ser aceito como verdade. Por isso são cercados de bajuladores, subordinados que são hábeis na adulação e nas louvações.
Conheço muita gente que ao perder a autoridade entrou em depressão, vivenciando a ressaca da embriaguez do poder.
Rui Leitão
Jornalista e escritor.