O ator Elias Gleizer morreu neste sábado, dia 16, aos 81 anos, no hospital Copa D’Or, em Copacabana, no Rio. Ele estava internado desde o dia 6 de maio após fraturar cinco costelas e perfurar o pulmão numa queda em uma escada rolante numa galeria em Copacabana. A morte foi consequência de complicações que levaram à falência circulatória por conta de uma bronco-pneumonia.
Conhecido pelos tipos bonachões que interpretou na TV, onde já viveu mais de 50 personagens em novelas, minisséries e especiais, Gleizer esteve doente nos últimos anos. Ele tinha um problema renal crônico e passou por várias internações de 2011 para cá.
Filho de poloneses, Gleizer começou na TV Tupi no final da década de 1950. Entre seus personagens preferidos estavam o Jairo, de “Tieta” (1989), o tio Zé, de “Sonho meu” (1993), o Canequinha, de “Anjo de mim” (1996), e o Pepe, de “Era uma vez” (1998). Ele costumava dizer que não escolhia seus papéis, mas também afirmava que não queria mais interpretar padres, um tipo recorrente em sua carreira.
— Tenho cara de padre bonachão, que come bem. Mas já fiz muitos — argumentava.
Para Gleizer, o trabalho nunca esteve ligado ao glamour:
— É o meu ofício, o meu prazer. É a minha vida. Não tenho vaidade de nada. Penteei o cabelo agora para ser fotografado. Mas sou um bon vivant. Gosto de viver — afirmou, em entrevista à Revista da TV, em 2013.
O ator vivia no mesmo apartamento há pouco mais de 13 anos, na Barra da Tijuca, cercado por CDs, DVDs de filmes e músicas. Nos porta-retratos, estavam fotos de familiares, de alguns de seus personagens e do ator ao lado de artistas como Juliana Paes e Xuxa.
A participação mais recente do veterano na TV foi na novela “Flor do Caribe” (2013), escrita por Walther Negrão. Em entrevista à Revista da TV à época, Gleizer afirmou que o trabalho teve uma importância enorme para ele. O ator havia entrado para fazer uma participação na reta final da trama como o cigano Manolo, sobrevivente de guerra junto com Samuel, personagem de Juca de Oliveira.
— Voltei a viver com esse trabalho. Vou falar com toda serenidade. Pensar na minha profissão foi o que me salvou. Eu estava esperando uma escalação. Mas não saía, e eu caía um pouco. Quando o autor (Negrão) me convidou, eu aceitei com a maior alegria. Não consigo ficar parado. Se você está trabalhando, não tem tempo de morrer ou ficar doente — afirmou.
Na ocasião, o ator tinha acabado de se recuperar de sérios problemas de saúde e ainda se submetia a sessões de três horas de diálise — ele tinha um aparelho na sala de casa — quatro vezes por semana.
O estado de saúde do ator começou a piorar quando ele estava no ar em “Passione” (2010). Com problemas de pressão, ele teve que colocar um marca-passo.
— Eles descobriam coisas novas nas outras passagens pelo hospital. Na terceira internação, fiquei na UTI e peguei pneumonia. Não levei a pneumonia. Peguei lá. Mas, depois disso tudo, eles me deixaram 100% — relatou o ator, ainda em entrevista à Revista da TV.
— Se você está trabalhando, não tem tempo de morrer ou ficar doente — afirmava.
O ator não era casado e não deixa filhos. O enterro deve ser neste domingo, no Rio.
Extra
Ouça nossa Rádio enquanto você navega no Portal de Notícias