Morre “El Comandante” Fidel Castro aos 90 anos

Fidel CastroGrande líder revolucionário para uns, ditador implacável para outros, Fidel Castro, que teve a morte anunciada neste sábado (26), foi o responsável por implantar o regime comunista em Cuba, em meio à Guerra Fria.

A ousadia da revolução custou à ilha, até então um refúgio de lazer para americanos, um hiato de 53 anos nas relações diplomáticas com Washington. A reaproximaração só veio em 2014. 

Após derrubar o ditador Fulgêncio Batista, “El Comandante”, como era conhecido, foi exaltado pela população por elevar as taxas de alfabetização e universalizar a saúde. 

Apesar disso, restringiu liberdades civis. Sindicatos foram proibidos de fazer greves, a imprensa censurada, e instituições religiosas perseguidas. Opositores foram extirpados: executados, presos ou exilados à força. Sob seu governo, cerca de 12 mil pessoas foram mortas, segundo entidades de defesa dos direitos humanos. 

Saindo de cena progressivamente ao longo da última década, Fidel passou o bastão a seu irmão Raúl. Em agosto de 2016, durante a comemoração de seus 90 anos, uma das suas últimas aparições, ele estava frágil. Ainda assim, Fidel atraiu 100 mil pessoas.

A ousadia da revolução custou à ilha, até então um refúgio de lazer para americanos, um hiato de 53 anos nas relações diplomáticas com Washington. A reaproximaração só veio em 2014. 

Após derrubar o ditador Fulgêncio Batista, “El Comandante”, como era conhecido, foi exaltado pela população por elevar as taxas de alfabetização e universalizar a saúde. 

Apesar disso, restringiu liberdades civis. Sindicatos foram proibidos de fazer greves, a imprensa censurada, e instituições religiosas perseguidas. Opositores foram extirpados: executados, presos ou exilados à força. Sob seu governo, cerca de 12 mil pessoas foram mortas, segundo entidades de defesa dos direitos humanos. 

Saindo de cena progressivamente ao longo da última década, Fidel passou o bastão a seu irmão Raúl. Em agosto de 2016, durante a comemoração de seus 90 anos, uma das suas últimas aparições, ele estava frágil. Ainda assim, Fidel atraiu 100 mil pessoas.

Em 1952, o general Fulgêncio Batista, ex-presidente de Cuba (1940-1944), cancela as eleições e derruba o governo. Recém-formado em direito, Fidel organiza uma insurreição com outros membros do Partido Ortodoxo. Em 26 de julho de 1953, cerca de 150 pessoas atacam o quartel de Moncada, em Santiago de Cuba, em uma tentativa de derrubar Batista. O ataque falha e Fidel é capturado. Após julgamento, é condenado a 15 anos de prisão. O incidente, entretanto, o torna famoso no país. 

Em 1955, após ser anistiado, Fidel funda o movimento 26 de Julho, de oposição ao governo. Nessa época, ele se encontra pela primeira vez com o revolucionário Ernesto ‘Che’ Guevara e se exila no México. 

Os embates continuam até que, em 30 e 31 de dezembro de 1958, as vitórias revolucionárias assustam Batista, que foge de Cuba para a República Dominicana. Aos 32 anos, Fidel consegue assumir o controle do país. 

Os embates continuam até que, em 30 e 31 de dezembro de 1958, as vitórias revolucionárias assustam Batista, que foge de Cuba para a República Dominicana. Aos 32 anos, Fidel consegue assumir o controle do país.

Fidel assume como primeiro-ministro em 1959, após a renúncia de José Miro Cardona. Nesta época, Cuba inicia relações com a então União Soviética. A partir daí, o líder começa a implantar o comunismo. Em 1960, nacionaliza a indústria açucareira de Cuba, sem pagar indenizações. Três anos depois, amplia a reforma agrária ao estatizar as fazendas. 

Em 1961, o governo proclama seu status socialista, o que gera uma fuga em massa dos ricos do país para Miami, nos Estados Unidos, que rompem as relações diplomáticas com Cuba. Quatro anos depois, como líder do Partido Comunista cubano, Fidel lança campanha para apoiar a luta armada contra o imperialismo na América Latina e na África.

Poucas figuras históricas são tão controversas quanto Fidel Castro. Em 1967, Che é assassinado na Bolívia dois anos depois de deixar Cuba para expandir a revolução. Com isso, Fidel vira o único rosto da Revolução Cubana. 

Apesar de os EUA se comprometerem a não invadir a ilha, houve ataques de outras formas, como o bloqueio econômico e centenas de tentativas de assassinato contra Fidel. O líder cubano disse que, se driblar tentativas de assassinato fosse esporte olímpico, ele ganharia medalhas de ouro. As relações diplomáticas entre norte-americanos e cubanos, rompidas em 1961 quando a ilha se declarou socialista, só foi retomada em 2014. 

Em seu governo, Fidel investiu na educação – foram criadas cerca de 10 mil novas escolas, e a alfabetização atingiu 98% da população. Os cubanos têm um sistema de saúde universal, que reduziu a mortalidade infantil para 11 a cada mil nascidos vivos.

Entretanto, as liberdades civis foram confiscadas. Sindicatos perderam o direito de realizar greves, jornais independentes foram fechados e instituições religiosas perseguidas. Castro removeu opositores com execuções, prisões e exílio forçado. 

Em 1986, instituições de defesa dos direitos humanos realizaram em Paris o “Tribunal de Cuba”, onde ex-prisioneiros da ditadura deram seu testemunho. Entidades calculam que cerca de 12 mil pessoas morreram nas mãos do governo. 

Centenas de milhares de cubanos fugiram do país ao longo das décadas, muitos para a Flórida, nos EUA, bastante próxima da costa da ilha. A maior saída ocorreu em 1980, quando o governo autorizou a saída: 125 mil deixaram Cuba – 15 mil delas se jogaram ao mar amarradas e canoas, pneus e botes. 

Em 1996, Cuba bombardeia dois aviões civis pilotados por exilados cubanos em Miami, retomando as tensões com os EUA. No ano seguinte, Fidel apontou seu irmão, Raúl, como seu sucessor. 

Em 2002, o presidente dos EUA George W.Bush EUA cria uma prisão para suspeitos de terrorismo na base de Guantánamo, em território cubano. A decisão, impulsionada pelos atentados de 11 de setembro de 2011, foi seguida pela inclusão do país na lista dos que apoiam o terrorismo. 

o dia seguinte ao que Fidel formalizou Cuba como estado socialista, cerca de 1,3 mil exilados cubanos apoiados pela CIA atacam a ilha pela Baía dos Porcos. A tentativa de derrubar o governo foi um fracasso – centenas de mortos e quase mil capturados. Os EUA negam seu envolvimento, mas admitem que os exilados foram treinados pela CIA. Décadas após o incidente, o país confirmou que a ação era planejada desde 1959. 

O ataque fez Fidel consolidar seu poder. Ainda em maio de 1961, ele anuncia o fim das eleições democráticas, denuncia o imperialismo americano e nomeia Che Guevara para o Ministério da Indústria. A resposta dos EUA veio em 1962, com um bloqueio econômico total à ilha que isola o regime. 

Fidel intensifica a relação de Cuba com a União Soviética e aceita financiamento e ajudas militares. Em outubro de 1962, o Moscou concebe a ideia de implantar mísseis nucleares em Cuba. Instala-se uma crise com os EUA, que quase gera uma guerra nuclear. Dias depois, o premiê soviético concorda em retirar os mísseis desde que os EUA se comprometam a não invadir Cuba. Fidel, porém, não participa das negociações. 

A ajuda comercial dada pela União Soviética à Cuba acaba em 1989, com a queda do muro de Berlim. O bloco também retira seus 7 mil militares da ilha.

O revolucionário nasceu em 13 de agosto de 1926, em Mayarí, na província de Holguín, sul de Cuba, e foi batizado como Fidel Hipólito. Lina Ruz Gonzalez, sua mãe, trabalhava para a mulher de seu pai, o latifundiário espanhol Ángel Castro. Apenas quando Fidel chega à adolescência, seu pai se separa da primeira mulher e assume a família com Lina, com quem teve outros cinco filhos. Nesta época, Fidel é assumido oficialmente pelo pai e recebe o nome de Fidel Alejandro Castro Ruz. 

Apesar de não registrado pelo pai na infância, Fidel sempre estudou em escolas particulares e em meio à riqueza, um ambiente diferente da pobreza do povo cubano. Inteligente, o jovem se interessava mais esportes do que por estudos. Ainda assim, o líder cubano entra na Universidade de Havana em 1945, onde conhece o nacionalismo político cubano, o anti-imperalismo e o socialismo, e se forma em direito em 1950. 

Em 1948, Fidel se envolve em sua primeira luta revolucionária. Viaja à República Dominicana, onde fracassa ao tentar derrubar o ditador Rafael Trujillo. Ao voltar para a faculdade, junta-se ao Partido Ortodoxo, fundado para acabar com a corrupção no país. 

No mesmo ano, Fidel se casa com Mirta Diaz Balart, de família rica. Eles têm só um filho, Fidelito. O casamento acaba em 1955. Durante a união, Fidel mantém um caso com Naty Revuelta, com quem tem uma filha, Alina Fernández-Revuelta. Em 1993, ela se passa por turista espanhola para fugir da ilha para os Estados Unidos, onde se asila e de onde passa a disparar críticas contra o pai. Além da filha Alina, uma das irmãs de Fidel, Juanita Castro, também se mudou para os EUA, no início da década de 1960. 

Com sua segunda mulher, Dalia Soto del Valle, Fidel tem outros cinco filhos homens cujos nomes começam com a letra “A”: Alexis, Alexander, Alejandro, Antonio e Ángel. Na noite de 31 de julho de 2006, Fidel Castro surpreende Cuba e o mundo ao anunciar que cedia o poder ao irmão Raúl, em caráter provisório, depois de sofrer hemorragias. Foi a primeira vez que saiu do poder. 

Sem revelar sua doença, Fidel admite estar à beira da morte. Perde quase 20 quilos nos primeiros 34 dias de crise, passa por cirurgias e depende por muitos meses de cateteres. Em dezembro de 2007, o comandante cubano escreve não estar aferrado ao poder, nem que obstruiria a passagem das novas gerações. Em janeiro de 2008, porém, é eleito deputado e fica tecnicamente habilitado para uma reeleição – o que não ocorre. 

Desde março de 2007, já afastado do cenário público, e visto só em vídeos e fotos, Fidel Castro se dedica a escrever artigos para a imprensa sob o título de “Reflexões do Comandante-em-Chefe”. Ele só deixou o poder definitivamente em fevereiro de 2008. 

 

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Redação DiárioPB

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