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Marcinho VP toma posse na Academia Brasileira de Letras do Cárcere

Condenado a mais de 50 anos de prisão, ele ocupa a cadeira número 1 da recém-criada ABLC, batizada com o nome de Graciliano Ramos

Quem escuta o nome de Márcio dos Santos Nepomuceno não imagina como foi sua trajetória. Porém, quando o apelido Marcinho VP é mencionado provoca inúmeras reações, principalmente de medo.

Agora, surge com força uma nova face do criminoso, condenado a mais de 50 anos de prisão e apontado como um dos principais chefes do Comando Vermelho (CV), principal facção do tráfico do Rio de Janeiro. Ele responde por associação criminosa, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, homicídio, entre outras acusações.

Marcinho VP tomou posse, nesta quinta-feira (18), como membro da recém-criada Academia Brasileira de Letras do Cárcere (ABLC).Ele já cumpriu 37 anos na cadeia e, durante este período, escreveu três livros, cujos títulos são: “Preso de guerra”, “Execução penal banal comentada” e “Marcinho – Verdades e posições”.

O criminoso ocupa a cadeira número 1 da ABLC, batizada com o nome do escritor Graciliano Ramos.

Marcinho cumpre pena, em regime fechado, na penitenciária de segurança máxima de Campo Grande (MS). Por razões óbvias ele não pôde sair da prisão para ser empossado e acabou sendo representado na cerimônia por mãe, esposa e uma advogada.

Paloma Gurgel, advogada de Marcinho e coautora de “Execução penal banal”, declarou que, embora ainda esteja preso, seu cliente “não deve mais nada ao Estado”, pois atingiu o limite máximo de cumprimento de pena no Brasil.

“Os crimes as quais foi condenado já foram pagos”, disse, destacando que Marcinho se tornou um escritor com obras “de grande magnitude”, que “consegue sobreviver” no cárcere “escrevendo livros através de cartas”.

Na avaliação da representante de Marcinho, o convite para ingressar na ABLC representa um reconhecimento “pelo seu esforço e dedicação em se ressocializar através da produção literária”, enfatizou, de acordo com reportagem de O Globo.

Ao todo, seis presos tomaram posse

Além de Marcinho VP, outros cinco detentos foram empossados na ABLC. O principal critério para um preso ingressar na academia é ter um livro publicado.

“A Academia Brasileira de Letras do Cárcere surge como uma iniciativa pioneira destinada a reconhecer e valorizar as obras de escritores que produzem literatura mesmo estando privados de liberdade. Seu principal propósito é oferecer uma plataforma para que esses autores expressem suas vozes e compartilhem suas histórias, contribuindo assim para a diversidade e a riqueza da literatura nacional”, aponta o texto de apresentação da entidade.

A criação da ABLC foi uma ideia do desembargador aposentado Siro Darlan. Ele relatou que o projeto nasceu dentro das penitenciárias do país devido ao costume que muitos presos têm de ler dentro das celas.

Quem são os primeiros integrantes da ABLC e seus patronos

Cadeira nº 1 (Graciliano Ramos) é de Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP.

Cadeira nº 2 (Nelson Mandela) é de Fábio da Hora Serra, o Sagat.

Cadeira nº 3 (Martin Luther King) é de Edilberto José Soares.

Cadeira nº 4 (José Pepe Mujica) é de Emerson Franco.

Cadeira nº 5 (Marquês de Sade) é de Paulo Henrique Milhan.

Cadeira nº 6 (Cervantes) é de André Borges.

Com Revista Fórum

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Redação DiárioPB

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