Manifestantes sairão às ruas em defesa da Ancine e contra seu desmonte
247 – Manifestantes organizam um ato em defesa da Agência Nacional de Cinema (Ancine), após Bolsonaro criar uma série de medidas que paralisam centenas de produções, além de promover censura na agência.
A manifestação ocorrerá nesta terça-feira (17), às 17h, na rua Graça Aranha, em frente à Ancine.
Veja a íntegra do manifesto convocando o ato:
ATO FICA ANCINE:
pelo audiovisual e contra a censura Desde 2017, o setor audiovisual tem passado por um período de turbulência. A insegurança institucional paralisou centenas de produções que seguiram à risca todas as regras definidas pelo governo. A mesma insegurança institucional breca o trabalho da Agência Nacional de Cinema (Ancine), onde um corpo de servidores altamente especializado se via até a semana passada às voltas com ordens desencontradas, rumores de remoção para Brasília e suspensão de programas e editais sem justificativas razoáveis.
Resultado dessa desordem e da falta de regulação, o público do cinema brasileiro fica à mercê de uma dieta muito mais pobre de produções. Um único filme estrangeiro ocupa quase 90% das salas de cinema, tirando espaço de produções nacionais de sucesso e de outras que nunca chegam a encontrar seu público. Na terra sem lei da internet, a questão se repete: sem regulamentação, serviços globais de streaming oferecem o que é mais barato, privando o público da grande diversidade de obras feitas em seu próprio país. Isso a despeito do fato do combustível do setor ser sua própria receita, revertida periodicamente em novas produções, de maneira sustentável e *sem onerar o Estado brasileiro.*
Essa arte também é uma indústria forte: fatura cerca de 20 bilhões anuais, emprega meio milhão de pessoas e até meses atrás vinha sobrevivendo bravamente à crise. Até o ano passado, para cada real investido em audiovisual, três reais voltavam para a economia do país. Neste ano, o número de produções despencou, deixando uma quantidade imensurável de profissionais à deriva, sem trabalho. Foi pensando em unir essas três pontas fundamentais – público, gestores e produtores – que decidimos fazer um ato em apoio aos trabalhadores que lutam diariamente para construir um audiovisual 100% nacional, original, livre e democrático. NACIONAL porque nenhuma cinematografia vai retratar nossa vida, nossa alma e nossos sonhos como a que é feita por autores brasileiros. ORIGINAL porque nosso cinema brilha nas telas de todo o planeta, conquista prêmios nos principais festivais internacionais, impressiona olhos e ouvidos em todos os continentes contando histórias que apenas brasileiros podem contar. E LIVRE porque é assim que a arte deve ser: capaz de dialogar com públicos de todas as idades, gostos, classes sociais, orientações afetivas e inclinações políticas.
Portanto esse ato é:
• A FAVOR de uma Ancine bem-gerida, eficiente e mantida no Rio, evitando que o governo, em meio a enorme crise fiscal, *tenha gastos milionários* com a mudança do escritório central do Rio para Brasília. Além do gasto exorbitante, a agência corre o risco de perder boa parte de seu corpo técnico de quase 400 funcionários, baseado há 18 anos no Rio de Janeiro.
• A FAVOR da proteção de um mercado bem regulamentado, *onde filmes, programas e séries nacionais e estrangeiras têm espaço equilibrado*, sem concorrência predatória. O audiovisual é um patrimônio tão importante quanto nosso petróleo e nossas florestas. É nosso e deve ser protegido. • A FAVOR do diálogo profundo entre setor audiovisual e Congresso a respeito do PL 3832, que trata do futuro da produção independente brasileira. Saudamos ainda a iniciativa da Ancine de finalmente pôr em discussão a regulação dos serviços de video on demand.
• CONTRA *qualquer censura de conteúdo.* Estamos certos de que o público sabe escolher o que quer ou não ver, o que seus filhos devem ou não ver. A Constituição garante que essas são questões de foro íntimo e o governo deve ficar fora delas. *Conhecemos a censura muito bem e não queremos seu retorno.* Por isso nessa 3ª-feira, vamos celebrar pacificamente nosso cinema e mostrar que, quando unido, ele é forte. ATO FICA ANCINE: Pelo audiovisual, contra a censura Em frente ao Escritório Central da Ancine, Rua Graça Aranha, 35 – Centro, Rio de Janeiro. Dia 17 de setembro, 17 horas.