Líder camponês desaparecido há 16 anos é lembrado em missa
As celebrações em comemoração aos 30 anos de fundação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Nordeste II, durante o final de semana, foram marcadas por uma missa em memória do camponês Almir Muniz, 40 anos, que é tido como assassinado desde o dia 29 de junho de 2002, quando desapareceu na zona rural de Itabaiana.
A missa em memória aos 16 anos de desaparecimento do camponês foi celebrada pelo deputado estadual Frei Anastácio, no assentamento que leva o nome de Almir Muniz, em Itabaiana.
Segundo ele, foi um momento marcante nas comemorações dos 30 anos da CPT. “Almir Muniz foi um líder destemido. Ele enfrentou os latifundiários na luta por terra para os trabalhadores até o último dia de sua vida. No dia em que desapareceu, ele estava indo para Itabaiana dirigindo um trator. Dias depois, o veículo foi encontrado abandonado em Itambé, na divida da Paraíba, com Pernambuco, todo sujo de lama, para encobrir impressões digitais, e com marcas de tiros”, relatou.
De acordo com o deputado, “infelizmente, na época não houve o empenho devido das autoridades para desvendar o caso, nem localizar o corpo de Almir. O caso foi arquivado sete anos depois, sem nenhuma conclusão, em 2009. Os assassinos estão impunes. A família, parentes e movimentos sociais ligados a terra ficaram sem explicações. Mas, o sangue dele continua clamando por justiça e regando a luta dos trabalhadores pela terra e na terra”, disse Frei Anastácio.
Denúncia na OEA
O parlamentar relata que diante da inércia das autoridades, várias ONGs enviaram petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciando o caso. O caso do desaparecimento de Almir Muniz é uma das centenas denúncias de violação de direitos humanos que constam contra o Brasil no órgão.
Frei Anastácio e o deputado federal Luiz Couto estão lutando para incluir o caso de Almir Muniz em ações indenizatórias pelo Estado Brasileiro. No dia 19 de junho, os dois parlamentares participaram de reunião no Ministério Público Federal com a representante do Ministério dos Direitos Humanos e o procurador federal, Guilherme Ferraz. O objetivo foi tratar da questão indenizatória para os casos de assassinatos na Paraíba, incluindo Almir Muniz da Silva, Margarida Maria Alves, Manoel Luiz da Silva e Márcia Barbosa de Souza. “São todos casos negligenciados pelo estado que precisam de reparação”, afirmou.
Assessoria