Lewandowski: combate à corrupção no Brasil sempre foi mote para permitir retrocessos
247 – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski disse, em entrevista ao El País, que a Operação Lava Jato foi “extremamente seletiva” e que “o combate à corrupção no Brasil sempre foi um mote para permitir retrocessos”.
“O combate à corrupção é necessário. Todos nós queremos combater a corrupção. Mas, infelizmente, no Brasil, o combate à corrupção sempre foi um mote para permitir que se promovessem retrocessos institucionais. Foi assim na época do suicídio de Getulio Vargas, foi assim em 64. É uma visão moralista política do combate à corrupção, a meu ver, absolutamente deletéria. O combate à corrupção tem que ser feito diuturnamente, permanentemente, mas existem outros males igualmente graves no Brasil: a má distribuição de renda, a exclusão social, o sucateamento da educação, a precarização da saúde pública. São males que equivalem, se não são superiores, ao mal da corrupção”, declarou.
Como exemplo do que deu errado nas ações da força-tarefa de Curitiba, Lewandowski citou a seletividade e a ausência de democracia no modus operandi da Lava Jato. “Foram extremamente seletivas, elas não foram democráticas no sentido de pegar os oligarcas de maneira ampla e abrangente”. “Essa avaliação episódica que certas operações produziram pode se mostrar no futuro próximo realmente uma falácia”, completou.
O ministro comentou também o vazamento de mensagens trocadas entre integrantes da operação, inclusive entre o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol, pelo Intercept, na Vaza Jato.
“As revelações do The Intercept são gravíssimas, denúncias que precisam ser apuradas e que, diga-se, até o momento não foram desmentidas. Agora, o Supremo já corrigiu certos desmandos que ocorreram, não só no âmbito da operação Lava Jato, mas também em outros juízos, de 1º e 2º graus”.