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Justin Trudeau: o ‘Mujica canadense’?

Justin TrudeauO novo primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, teve uma infância confortável, viajou por mais de cem países e acaba de se tornar o segundo político mais jovem a assumir o governo de seu país.

Já o ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica lutou num grupo guerrilheiro, passou 13 anos na cadeia e ficou conhecido como “o presidente mais pobre do mundo”.

Essas duas trajetórias parecem ter pouco em comum. Mas as propostas do jovem político canadense – que incluem legalizar a maconha e refundar as relações com os povos indígenas – têm despertado reações similares às suscitadas pelo veterano uruguaio.

Filho do ex-primeiro ministro canadense Pierre Trudeau (1919-2000), Justin Trudeau, de 44 anos, levou o Partido Liberal ao poder após uma década de domínio conservador.

Poucas semanas depois de assumir o cargo, em novembro, ele despertou a atenção internacional ao receber pessoalmente refugiados sírios num momento em que vários países restringem a entrada de estrangeiros.

A BBC Brasil listou cinco das principais plataformas de governo de Trudeau que têm lhe atraído a simpatia de progressistas – e a reprovação de conservadores – mundo afora.

Representatividade
Cumprindo uma promessa de campanha, Trudeau nomeou mulheres para chefiar a metade de seus ministérios. “Eu sou feminista. Tenho orgulho de ser feminista”, ele disse numa entrevista, em outubro.

Entre os escolhidos, há ainda dois indígenas, uma deficiente visual, um gay e quatro ministros de origem indiana. Ao escolhê-los, Trudeau disse ter levado em conta a diversidade do Canadá.

Relação com povos indígenas
Trudeau diz que uma de suas prioridades são os povos indígenas, também conhecidos no Canadá como as Primeiras Nações e que compõem 4,3% da população do país. Para o premiê, grupos indígenas e o governo devem negociar “de nação para nação”.

Ele lançou uma série de audiências públicas para investigar as mortes e sumiços de cerca de 1.200 mulheres e crianças indígenas e anunciou 2,6 bilhões de dólares canadenses (R$ 7,4 bilhões) para a educação de indígenas nos próximos quatro anos.

Para Trudeau, conciliar-se com as Primeiras Nações é essencial para que o Canadá assuma sua vocação de “Estado pós-nacional”, formado por múltiplos povos e sem uma identidade étnico-cultural predominante.

Legalização da maconha
Trudeau defendeu a legalização da maconha em sua campanha e já admitiu ter consumido a erva algumas vezes, inclusive após se tornar parlamentar, em 2008.

O premiê diz que, desde 2006, 465 mil pessoas tiveram suas vidas “arruinadas” no Canadá por serem condenadas pela posse da droga, que para ele é menos nociva que o cigarro ou o álcool.

No fim de novembro, ele pediu ao ministro da Justiça que se coordenasse com os ministérios da Saúde e Segurança Pública para lançar um processo para a legalização e regulamentação da substância.

Mais impostos para os ricos
Trudeau aumentou em quatro pontos percentuais o imposto sobre a renda dos mais ricos.

Canadenses com renda anual superior a 200 mil dólares canadenses (R$ 572 mil), que são 1% da população, passarão a pagar uma alíquota de 33%. Já o imposto de renda sobre canadenses com renda média (salários anuais entre R$ 129 mil e R$ 259 mil) baixou de 22% para 20,5%.

O ministro das Finanças, Bill Marneau, disse que a mudança busca tornar o sistema tributário “mais justo para quem mais precisa – aqueles na classe média”.

Abertura a refugiados
Trudeau se comprometeu a instalar 25 mil refugiados sírios no Canadá até fevereiro.

O número é 2,5 vezes maior que o total de refugiados sírios que o governo dos Estados Unidos se disse disposto a aceitar e mais de dez vezes o que o Brasil recebeu entre 2011 e agosto de 2015.

Trudeau recebeu pessoalmente um grupo de 163 sírios e pediu, em sua mensagem de Natal, que os canadenses dessem as boas vindas ao grupo em conformidade com os “nossos valores de compaixão, gentileza e generosidade”.

G1

Redação DiárioPB

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