Justiça bloqueia R$ 4 milhões de Delfim Netto, diz MPF
Polícia Federal e o Ministério Público Federal detalharam nesta a 49ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira, 9, que tem como um dos alvos ex-ministro Delfim Netto.
Segundo o procurador do MPF Athayde Ribeiro Costa, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 4 milhões de contas do ex-ministro. Dos mandados cumpridos em São Paulo, um foi na cidade do Guarujá, outro em Jundiaí, além de outros dois na capital. Os endereços estão ligados a Delfim Netto e ao sobrinho dele chamado Apolonio.
Athayde foi questionado sobre depoimento anterior de Delfim à PF, se ele teria mentido sobre os valores recebidos. “As investigações prosseguiram daquela época e acordos de colaboração foram efetuados. E se aprofundou e se demonstrou que valores de vantagens indevidas direcionados ao PT e ao PMDB foram direcionados a Delfim Netto por meio de contratos fictícios de consultoria. Sim, ele não falou a verdade (em depoimento) ele tentou mascarar”, disse o procurador.
Leia, abaixo, reportagem da agência Reuters sobre o assunto:
Lava Jato cumpre mandado contra Delfim Netto por suspeita de propina em Belo Monte
A Polícia Federal cumpriu nesta sexta-feira nove mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Paraná como parte de investigações sobre suspeita de pagamento de propina a agentes públicos e políticos envolvendo as obras de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, em nova fase da operação Lava Jato.
Um dos focos da operação é o ex-ministro e ex-deputado federal Antônio Delfim Netto, suspeito de receber 15 milhões de reais em propina por sua atuação na estruturação do consórcio Norte Energia, responsável pela obras da usina, informou o Ministério Público Federal (MPF) em comunicado.
“As provas indicam que o ex-ministro recebeu 10 por cento do percentual pago pelas construtoras a título de vantagens indevidas, enquanto o restante da propina foi dividido entre o PMDB e o PT, no patamar de 45 por cento para cada partido”, afirmou o MPF.
Segundo as investigações da PF e do MPF, há fortes indícios de que o consórcio Norte Energia foi favorecido por agentes do governo federal para vencer o leilão destinado à concessão da usina. Após ser escolhido, o consórcio direcionou o contrato de construção a empresas que deveriam efetuar pagamentos de propina em favor dos partidos políticos e de seus representantes.
“As provas indicam que o complexo esquema criminoso verificado no âmbito da Petrobras se expandiu pelo país e alcançou também a Eletrobras, em especial nos negócios relativos à concessão e construção da usina Hidrelétrica de Belo Monte”, disse a procuradora da República Jerusa Burmann Viecili, em comunicado.
“Essa obra, além de ter ocasionado graves impactos sociais e ambientais na região que já haviam sido demonstrados pelo Ministério Público Federal, também redundou em elevados prejuízos econômicos para toda sociedade”, acrescentou.
De acordo com a Polícia Federal, os mandados de busca expedidos pelo juiz federal Sérgio Moro, do Paraná, foram cumpridos nas cidades de Curitiba, Guarujá, Jundiaí e São Paulo, dentro da 49ª etapa da Lava Jato. A nova fase recebeu o nome Buona Fortuna.
Em fevereiro do ano passado, policiais federais já haviam cumprido mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra Marcio Lobão, filho do senador Edison Lobão (MDB-MA), e o ex-senador Luiz Otávio Campos (MDB-PA), como parte das investigações sobre propinas nas obras de Belo Monte.
A enorme usina no rio Xingu tem como principais sócios a Eletrobras e as elétricas Cemig, Light e Neoenergia, além da mineradora Vale.
A hidrelétrica está orçada em mais de 35 bilhões de reais. A usina já está em operação com algumas turbinas, mas a conclusão do empreendimento é prevista atualmente para 2020. Quando estiver concluída, a usina será uma das maiores do mundo, com 11,2 gigawatts em capacidade instalada.
O consórcio Norte Energia, responsável pelas obras de Belo Monte, não respondeu de imediato a um pedido de comentário na manhã desta sexta-feira sobre a operação da PF.
Além da operação deflagrada nesta sexta, o MPF informou que as investigações envolvendo a usina de Belo Monte ainda prosseguem, “especialmente no que se refere aos pagamentos de vantagens indevidas direcionados ao Partido dos Trabalhadores e a seus representantes, assim como em relação a outras empresas integrantes do consórcio construtor de Belo Monte que destinaram parte da propina inicialmente direcionada aos partidos políticos para o ex-ministro (Delfim Netto) e pessoas a ele relacionadas”.
As investigações envolvendo o esquema de corrupção originaram-se de leniências firmadas pelo Ministério Público Federal com as empresas Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, disse o MPF.
Brasil 247