Joseph Blatt avisa que não renunciou e diz que não está pronto para virar museu

Os tempos de Joseph Blatter à frente da Fifa podem não ter os dias tão contados assim. Nesta sexta-feira, ao participar da inauguração de um museu da entidade em Zurique, na Suíça, o homem que comanda o futebol mundial ressaltou que seu gesto em 2 de junho, interpretado por muitos como uma desistência, não foi uma renúncia. O que ele fez foi convocar novas eleições e colocar seu cargo à disposição de um congresso extraordinário – que deve ser realizado em dezembro. Ele pode concorrer novamente. Pode ficar.

De fato, Blatter jamais falou em renúncia naquele discurso, mas boa parte da imprensa mundial usou o termo em manchetes. O que o mandatário da Fifa fez foi tentar uma jogada de xadrez que amenizasse os ânimos – visto que, cinco dias antes, sete dirigentes do alto escalão da Fifa haviam sido presos, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin.

– Eu não renunciei. Eu deixei meu mandato disponível a um congresso extraordinário – disse ele nesta sexta-feira.

Joseph Blatter com pessoas que participaram da construção do museu da Fifa (Foto: Reuters)

– Não estou pronto para um museu ou para virar um boneco de cera.

Foi a primeira aparição pública de Blatter desde que comunicou que estava colocando seu cargo à disposição. Antes, ele se dirigira ao público por redes sociais e pelo site da Fifa. Nesta sexta, voltou a adotar um de seus habituais discursos de louvação ao futebol.

– Apenas aqueles que conhecem o passado podem entender o presente e preparar o futuro. Para mim, este museu é um trabalho de amor.

Depois das colocações de Blatter, a Fifa confirmou que as afirmações citadas pelo jornal suíço são verdadeiras e que estão de acordo com o que ele disse em 2 de junho.

A situação

Blatter comunicou que seguiria à frente da Fifa até novas eleições serem realizadas – mas jamais disse se concorreria ou não no novo pleito. Ele foi reeleito, em 29 de maio, para seu quinto mandato à frente da entidade – mesmo vivendo a maior crise da história do órgão, fez 133 votos, contra 73 do príncipe da Jordânia, Ali bin al-Hussein.

Desde então, o diretor do comitê de auditoria da Fifa, Domenico Scala, responsável por reestruturar a Fifa (teoricamente, ao menos), vem defendendo que Blatter cumpra a mensagem dada em 2 de junho. Ou seja: que saia. Mas aumentam os rumores de que ele pode ficar. Klaus Stöhlker, conselheiro de Blatter, figura muito próxima a ele, disse no dia 14 que o suíço cogitava se manter no cargo.

Certo é que Blatter, caso não fique mesmo, tentará colocar alguém de sua confiança no posto. Enquanto isso, surgem possíveis candidatos de oposição – entre eles, novamente o príncipe Ali e também o ex-jogador brasileiro Zico.

Globo Esporte