Joaquim Barbosa diz que ‘ainda não se convenceu’ a ser candidato

Joaquim BarbosaCotado para disputar a Presidência da República pelo PSB, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa afirmou nesta quinta-feira que ainda não se convenceu a ser candidato. Após uma reunião do Diretório Nacional do partido, Barbosa afirmou que há dificuldades tanto pessoais como dentro da sigla.
Não mudou nada em relação à nota que eu divulguei na internet no dia em que eu me filiei ao PSB. Ou seja: há dificuldades dos dois lados. O partido tem a sua história, tem as suas dificuldades regionais, as dificuldades de alianças regionais. E eu, do meu lado, tenho as minhas dificuldades de ordem pessoal. Eu ainda não consegui convencer a mim mesmo de ser candidato. Então, persiste essa dúvida muito grande da minha parte. Isso afeta a minha família e várias pessoas do meu entorno — disse Joaquim Barbosa.

Mais cedo, ao chegar para o encontro, o ex-ministro demonstrou otimismo em relação à última pesquisa Datafolha, na qual apareceu com índice entre 8% e 10% nas intenções de voto.
— Para quem não frequenta ambiente político, não dá entrevista, tem uma vida pacata, está muito bom — disse o ex-ministro.
Ele não quis dizer se realmente será candidato à Presidência. Segundo o ex-ministro, “ainda falta muita coisa”.
— Estou conhecendo o partido -— disse Barbosa.
Participaram da reunião o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira; os governadores Paulo Câmara (Pernambuco), Márcio França (São Paulo), Ricardo Coutinho (Paraíba); a viúva do ex-governador Eduardo Campos, Renata Campos e o ex-deputado federal Beto Albuquerque, entre outros.
Joaquim Barbosa foi recebido como presidenciável pela corrente “Negritude Socialista”, do PSB. Com cartazes e pétalas de rosa, os filiados da corrente traziam a seguinte mensagem: “Joaquim Barbosa, aguardamos e acreditamos na sua chegada para unidos pensarmos um Brasil para todos”.
— Já preparei a minha sala com a ficha para ele assinar (da corrente Negritude) e tenho um kit — diz Valneide Nascimento dos Santos, secretária nacional da Negritude Socialista.
GOVERNADORES EVITAM DECLARAR APOIO
Márcio França deixou o encontro antes do fim, e disse que na sua visão a candidatura do tucano Geraldo Alckmin ainda é a melhor opção para o Brasil. Aliado de Alckmin em São Paulo, de quem era vice e herdou o governo para que o tucano se lançasse ao Palácio do Planalto, França afirmou que Joaquim ainda não parece seguro de que quer mesmo ser candidato. E que neste momento o que está acontecendo é uma fase de reconhecimento mútuo entre o partido e o magistrado.
— Acho que, na minha visão, no meu ponto de vista, a opção do Alckmin é a opção mais madura que existe para o Brasil. Agora, o Joaquim não é candidato ainda. Se ele virar candidato, ele tem sido muito cortês, é claro que é um novo nome. Ele produziu um fato político significativo no Brasil. Mas cada tijolo a seu tempo — disse França, admitindo que o desempenho de Barbosa na pesquisa “foi surpreendente”.
O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, também saiu antes do fim da reunião. Apesar de afirmar que a conversa com Joaquim Barbosa foi “boa”, ele foi enfático ao dizer que o mais importante, neste momento, é formar uma “frente em defesa da democracia”. Para o governador, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado sem provas e é “preciso acabar com o clima fascistoide” que, segundo ele, tomou conta do país.
— O que nós estamos fazendo é um reconhecimento mútuo no campo das ideias — disse o governador sobre a reunião com Barbosa.
Apesar do bom desempenho no Datafolha, o ex-ministro do STF ainda enfrenta dificuldades no PSB para se consolidar como candidato a presidente da República. Segundo integrantes do partido, há ainda oposição interna ao nome de Barbosa em estados do Nordeste, e até agora nenhum dos cinco governadores da sigla declarou apoio explícito a ele.
De qualquer forma, para ter o nome e a foto na urna eletrônica, a avaliação no PSB é que Barbosa precisará conquistar o apoio do grupo de Pernambuco. O estado é ligado à história do partido por causa dos ex-governadores Miguel Arraes (1916-2005) e Eduardo Campos (1965-2014).

O Globo

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