FIFA impulsiona força-tarefa em prol do futebol feminino no Brasil

futebol femininoA gente recebe dezenas de e-mails semanalmente. É muita menina pedindo para querer jogar, querendo uma oportunidade. Pais que ligam para nós: “Quanto tem que pagar para a minha filha jogar com vocês?”.

E-mails, ligações, visitas. O relato acima vem do Kindermann, atual campeão da Copa do Brasil feminina. Mesmo com os títulos e estrutura, o clube vive a empreitada constante em busca do reconhecimento da modalidade no Brasil. A atual organização do time comporta 40 atletas. Mas a  quantidade de meninas em busca de uma chance é bem maior e uma equipe não pode resolver a tarefa sozinha. O dirigente aponta o maior problema: a falta de categorias de base. Segundo ele, o desenvolvimento de novos talentos é precário.

– Já tivemos 50 atletas, mas a falta da base é gritante no Brasil. A gente tem agora o exemplo de uma seleção que tirou 25 atletas dos clubes (para a formação da seleção permanente) e baixou o nível do campeonato. Nós tivemos que contratar atletas em razão disso, mas não há atletas disponíveis. Então fizemos estrutura com jogadoras sub-20. E veio a convocação do sub-20 que também acabou levando as jogadoras – afirmou Richard Kindermann Ferreira, vice-presidente do clube, durante o seminário para o desenvolvimento do futebol feminino realizado esta semana na CBF.

Parte do legado da Copa do Mundo chega justamente com essa finalidade.  Realizar o sonho de diversas meninas que não sabem a quem recorrer. O processo é lento e US$ 15 milhões (R$ 45 milhões) – valor destinado ao futebol feminino – é pouco para um país como o Brasil. Mas a cubana Mayi Cruz Blanco, gerente sênior de desenvolvimento do futebol feminino da FIFA, acredita ser um primeiro degrau. Ela aponta a falta de estrutura como a maior dificuldade. É preciso um planejamento e um direcionamento nos investimentos.

– Há uma necessidade de estrutura, mas uma estrutura que não seja somente na seleção principal. Desenvolver também a formação de atletas. Estávamos falando no seminário que nós queremos ver uma liga que seja referência no mundo. E há um grande potencial para isso. Com o fundo do legado da Copa há 15% que tem que ser investido no futebol feminino e com isso nós iremos discutir com a CBF como esse investimento pode ser feito. Mas certamente para ser como a Alemanha você tem que ter um plano de desenvolvimento de estrutura para mulheres e meninas. Quinze milhões (de dólares) não é muito para um país como o Brasil, mas se pensa nisso como um primeiro passo – declarou.

Se o objetivo é chegar ao nível da Alemanha, o processo será longo e detalhado. A técnica da seleção nacional, Silvia Reid, explica que as associações regionais se mobilizam de forma conjunta na procura por talentos. Além disso, há a unificação até mesmo nos sistemas táticos na base. O resultado? Quando chega ao time principal, a atleta já está ambientada com o tipo de jogo da colega ao seu lado.

– O segredo é: trabalho duro e boas estruturas. Nos temos na DFB (Federação Alemã de Futebol) e nas suas associações regionais um sistema muito bom de desenvolvimento de talentos. Além disso, nós trabalhamos junto com os clubes. Nós temos uma colaboração muito boa de acordo com padrões uniformes. As nossas equipes sub-15 até sub-20 jogam com o mesmo sistema tático. Isto ajuda integrar as jovens jogadoras no time principal – afirmou Silvia Reid, técnica da seleção da Alemanha, em entrevista por e-mail ao GloboEsporte.com.

O talento brasileiro aguça a FIFA. A entidade quer que o país possua no feminino a mesma referência que possui no masculino. O foco no projeto é tão importante que organização colocou suas atenções voltadas ao Brasil. Um projeto dedicado ao nosso talento, um projeto para que outras Martas apareçam e deem espetáculo.

– Esse projeto vai ser somente para o Brasil. Vai trabalhar com a parte regional em mais níveis como primeira e segunda divisões. Assim, queremos que os times deem maior espetáculo e evoluam – disse Gregory Engelbrecht, diretor sênior para o desenvolvimento de programas nas Américas.

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Redação DiárioPB

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