Erro no Enem é a crise mais aguda da educação brasileira nos últimos 50 anos, diz especialista
247 – O Sisu é responsável pelo acesso a 128 instituições públicas de ensino no Brasil e oferece 237 mil vagas.
O processo de seleção tinha suspenso pela Justiça Federal que exigia que o MEC comprovasse documentalmente que corrigiu todas as falhas nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
A pasta divulgou ter encontrado erro na correção de 5.974 provas, de 3,9 milhões participantes da última edição do exame.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Lincoln Araújo, professor da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), disse que o erro no Enem é uma das crises mais graves enfrentadas pela educação brasileira nos últimos 50 anos.
“Essa talvez seja a pior crise, a crise mais aguda do processo educacional somando os últimos 50 anos”, afirmou.
Segundo Lincoln Araújo, isso se deve ao fato de centenas de milhares de jovens e adultos contarem com o exame para o seu futuro profissional.
“Quando que você se estabelece um conjunto de dúvidas em relação ao processo de avaliação e de ingresso na universidade isso traz um baque e um trauma profundo a esses jovens adolescentes, aos seus pais, que sonham com o acesso à universidade e a profissionalização”, analisou.
Lincoln Araújo disse que, apesar do Enem já ter apresentado falhas em outras edições, dessa vez o problema é de uma dimensão diferente porque coloca em questão a lisura do processo de correção.
“O Enem está fazendo 22 anos e então são políticas públicas permanentes no campo da educação e que são fundamentadas no principio da Constituição de 88. Nestes 22 anos o Enem passou por problemas, é preciso reconhecer isso. Mas esse atual problema do Enem, que vai se desdobrar no Sisu e no ProUni, é um problema ímpar, diferentemente daqueles que aconteceram em outro momento”, disse.
Segundo o especialista, o principal culpado pelas falhas é o próprio governo federal.
“Os setores que hoje gerenciam o estado brasileiros foram eleitos com o discurso da eficiência, do gerencialismo e nós estamos vendo na prática que não conseguem aplicar um exame que já tem 22 anos de expertise”, completou.