Em relatório, HRW alerta sobre “período sombrio” para os direitos humanos
A Human Rights Watch (HRW) lançou nesta quinta-feira o seu relatório anual e nele alerta para “um período sombrio para os direitos humanos” – destacando Brasil, Estados Unidos, Rússia, China, Arábia Saudita e Venezuela -, apesar de ressaltar que a “resistência” está “ganhando força” em instituições multilaterais, nacionais e também nas ruas.
No documento, apresentado em Berlim (Alemanha), a organização oferece um panorama amplo de 2018, quando “líderes autocráticos” violaram os direitos humanos e espalharam “ódio e intolerância”. De acordo com a ONG, isso estimulou, porém, a “resistência” que “continua a vencer batalhas” em diferentes cenários.
“É visível a intensa reação contra os autocratas”, disse em entrevista à Agência Efe o diretor-executivo da HRW, Kenneth Roth, defendendo a que esta união se transforme em “tendência”.
No relatório, a organização adverte sobre o grande “risco” que a chegada de Jair Bolsonaro à presidência do Brasil representa pelas suas posições “racistas, homofóbicas e misóginas”. Roth, não obstante, alerta que o “Trump do Brasil” poderia também se deparar com a “resistência” que o presidente dos Estados Unidos enfrenta, já que o país é uma “democracia forte” com Justiça e imprensa “independentes” e uma sociedade civil consolidada.
A HRW aponta ainda a “catástrofe” de direitos humanos no México e abusos impunes na Nicarágua após a enorme concentração de poder operado pelo presidente Daniel Ortega. O relatório dedica um espaço grande à Venezuela e diz que o “custo humano pode ser enorme” quando um autocrata se mantém no poder.
O documento ressalta também o efeito de “incomuns coalizões de países” pequenos, como o Grupo de Lima na condenação da Venezuela e a Organização para a Cooperação Islâmica no trabalho a favor dos rohingyas em Mianmar, talvez pela falta de ação das grandes potências.
O relatório faz críticas abertas ao governo do presidente Donald Trump, tanto no âmbito interno quanto na política internacional em um ano marcado pela separação forçada de menores migrantes e sua ambígua postura diante do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi.
Além disso, A HRW critica a “repressão de vozes independentes e oposição política” na Rússia e destaca a “detenção em massa” de integrantes da etnia uigur na China, dois países que, na opinião da ONG, “fizeram todo o possível para minar a aplicação dos direitos humanos em nível global”
“Os mesmos populistas que espalham ódio e intolerância estimulam uma resistência que continua a vencer batalhas. A vitória nunca é garantida, mas os sucessos do ano passado sugerem que os abusos cometidos por regimes autocráticos estão alimentando um poderoso contra-ataque”, enfatizou Roth no texto de divulgação do relatório anual.
Agência EFE