Dois pesos, duas medidas
É fato e notório que um dos temas que mais preocupa a sociedade como um todo diz respeito a gestão da saúde pública, em especial, as comunidades descobertas por esse serviço que acaba gerando traumas e danos sociais nas grandes cidade.
Parece que esta eleição não é só bem diferente das outras, na questão da propaganda eleitoral, mas também no conjunto de propostas que Luciano Cartaxo (PSD), Cida Ramos (PSB), Charliton Machado (PT) e Vitor Hugo (PSOL) vêm apresentando, de forma mais digital e menos acessível. Há uma dificuldade de conseguir reunir as cartas programas dos candidatos, coisa que deveria ser natural, e instintivo encontrar, para que possamos avaliar e poder comparar, infelizmente não é o que acontece e parece que a saúde pública está em segundo plano.
Depois de muita paciência encontramos os dados dos candidatos aqui e começamos a verificar as propostas para a saúde pública pela ordem alfabética, ou seja, o candidato Charliton Machado.
Seu texto está pautado na ampliação do atendimento básico nas comunidades carentes, onde o serviço é muito falho, com a ampliação da rede das Unidades Básicas de Saúde – UBS’s, Centros de Atenção Integral à Saúde – CAIS, Centro de Atenção Integral do Idoso, Centros de Atenção Psicossocial e um Pronto Atendimento em Saúde Mental, além base regional do Serviço de Atendimento Móvel de Urgências (SAMU) e duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), além de hospitais estaduais como o Edson Ramalho e o Arlinda Marques. sempre ressaltando que estas conquistas são frutos de programas do governo federal.
Números e dados complementam sua carta programa fazendo referência ao histórico, claro que bem embasado pela sua proximidade com a prefeitura da capital enquanto aliado do agora oponente de urna, Luciano Cartaxo.
Entretanto, quando se chega ao X da questão, a carta apresenta uma série de propostas, dividida em tópicos, muitos deles voltados para a descentralização de atendimento básico, humanização do atendimento e agilidade dos serviços. É de longe o que mais apresenta propostas para a saúde que podem ser conferidas aqui.
Já o candidato Luciano Cartaxo apresenta suas propostas para a saúde dividindo o texto em realizações, que coincidentemente tem 13 itens, e 4 parágrafos de propostas que basicamente têm a ampliação do atendimento, um atendimento especializado para gestantes e por fim, seu grande trunfo que são as academias da saúde, para que as pessoas façam atividades físicas em praças e em alguns locais com especialistas. Parece pouco para quem já tem a máquina na mão e aqui você pode conferir.
A candidata Maria Aparecida Ramos, mais conhecida como Cida, desculpem-me o trocadilho, foi a que mais decepcionou, já que tem ao seu lado o governador do Estado que poderia dar suporte na implantação de várias políticas públicas para a saúde. Apenas uma página, ou melhor, uma coluna e meia, porque tem uma arte e muita margem, falando sobre a temática de saúde. Muito se fala sobre a atual gestão e alfineta Luciano Cartaxo. Espaço desperdiçado e 5 tópicos de propostas, apresentadas de forma genérica, apenas dando conta da ampliação do atendimento e humanização. É muito pouco em comparação a outros temas que ela trabalha, sem desmerecer os outros eixos de atuação, como por exemplo cultura, que tem boas propostas e ocupa duas páginas.
Por fim, o candidato Victor Hugo é a grande surpresa, trazendo um vasto material de propostas, sem ataque ou crítica direta há gestões anteriores. Dividido em tópicos e subtópicos tem a preocupação que os outros tem, de ampliação da rede, fortalecimento das práticas, mas também se preocupa com o material humano, na valorização do profissional das comunidades, no concurso público, claro que sem explicar de onde viria esse recursos, mas também na saúde alternativa, associando práticas como a da permacultura e saúde, cultivo de plantas medicinais, na preocupação da saúde da mulher, violência obstétrica, doméstica e de gênero, ou seja, ele faz uma junção de assuntos que estão ligados a saúde, e vai além com o que destaco como pertinente e esquecido por todos nós que é a saúde mental e luta antimanicomial. O programa também faz referências a equidade e saúde da população negra, LGBT e de comunidades tradicionais.
O que estamos mostrando aqui é como são apresentadas essas propostas em relação a saúde pública, vista pelos candidatos a prefeitura de João Pessoa e como elas podem colaborar, mas fica claro que quem mais pode fazer é quem menos arrisca, Se Cartaxo e Cida são os que mais podem fazer, um pela máquina administrativa e a outra por aliados políticos de grande influência, são os pequenos que querem algo mais substancial, mais enérgico e ousado para a saúde pública municipal, desdobrando formas de melhorar a caoticidade do atendimento e a revolta de quem precisa do atendimento. Os dois grandes têm pesos, mas quem parece saber das medidas são os dois pequenos
Dia 2, isso vai contar na hora do voto, assim esperamos.
Redação por Renato Galotti