Dilma: neofascismo de Bolsonaro constrange a direita mais civilizada
Deposta pelo golpe jurídico-midiático-parlamentar, com pitadas militares, de 2016, a ex-presidente Dilma Rousseff concedeu entrevista ao jornalista Leonardo Sakamoto, publicada no Uol, em que aborda o constrangimento dos setores mais civilizados do Brasil com o neofascismo de Jair Bolsonaro. “Este é um governo neoliberal e neofascista. Essa visão incomoda o centrão, a direita mais civilizada, a centro-direita. Eles achavam que iriam tutelar o Bolsonaro, que iriam conseguir fazer com que se civilizasse um pouco. E não os constrangesse com as manifestações toscas, não civilizadas, grosseiras que ele faz sistematicamente”, afirmou.
“O que eles [centro, centro-direita, direita] pensaram? Que era fácil, que seria tranquilo conter o governo Bolsonaro, mitigar o governo Bolsonaro. Mas ele tem um componente neofascista que não é mitigável, que não é passível de ser contido. Foge dos controles. Esta contradição que a direita e a centro-direita terão que conviver ao longo desse processo daqui para frente. Eles precisaram de um impeachment, prender, condenar e impedir que concorresse à eleição o presidente Lula, um inocente –hoje claramente provado pela “Vaza Jato” [a divulgação de conversas entre membros da força-tarefa da Lava Jato e o juiz Sergio Moro pelo site The Intercept Brasil]”, disse ainda Dilma.
Ela também falou sobre o exemplo de dignidade que dá ao Brasil, após enfrentar a ditadura e o golpe de 2016. “Não são cicatrizes. São experiências dramáticas e terríveis, que obviamente são pessoais, mas também são do país. São momentos históricos, duros de se viver, de sobreviver. Eu tenho muito orgulho de ter sobrevivido aos dois [ao impeachment e à ditadura]. Com dignidade. Acho que o que a gente tem que esperar da gente é isso: ter coragem para enfrentar e resistir. E ter sempre a força da sua convicção de que está no caminho certo. Porque se você não tiver a força da certeza que está no caminho certo, aí, de fato, é ferida, é cicatriz, cabem essas palavras. Mas, no que eu vivi, não cabe não.
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