Deputado critica governador e justiça pelo grande número de despejos no campo
“Enquanto muita gente está vivendo a alegria de comemorar o São João, 160 famílias de posseiros estão apreensivas esperando, a qualquer momento, a chegada da polícia para despejá-las das terras onde vivem há cerca de setenta anos”. A declaração é do deputado estadual Frei Anastácio (PT), em relação às famílias das fazendas Paraíso, em Pilar, fazendinha e Paraíso, em Mogeiro. “São famílias posseiras que têm direito adquirido e querem trabalhar para garantir o seu sustento”, ressaltou o deputado.
Segundo o deputado, a polícia já está com três ordens de despejos autorizadas pelo governador para cumprir e deve fazer isso a qualquer momento. “Nunca vimos tanto despejo como no atual governo. Só do ano passado até agora, presenciamos despejos no distrito de Livramento, em Santa Rita, além de fazendas em Pilar, Mogeiro, Caaporã e Alhandra”, disse o deputado.
De acordo com o deputado, “a justiça paraibana não tem dificuldade para autorizar despejo de famílias, mesmo que elas tenham nascido e se criado nas terras onde estão. Por outro lado, o governador do estado autoriza a ação da polícia, sem se quer dialogar com os movimentos sociais do campo. Ricardo está entrando na história da luta pela terra como o rei dos despejos”, disse Frei Anastácio.
O parlamentar argumenta que a alegação da liderança do governo, na Assembleia Legislativa, é que o chefe do poder executivo está apenas cumprindo o que determina a justiça. “O engraçado é que quando a justiça toma alguma decisão contra o chefe do executivo ele não cumpre. E o mais interessante é que a justiça não reage contra o governo. Já no caso dos trabalhadores rurais existem dois opositores: a justiça e o governador que agem rapidamente para prejudicar”, disse o deputado.
De acordo com Frei Anastácio, muitas vezes os juízes só conhecem a realidade dos fatos quando descrita no papel e perdem o contato com o mundo real. “Antes das decisões, que tanto ferem os trabalhadores, seria preciso ver o outro lado que são dos trabalhadores. No caso do governador, falta sensibilidade porque ele conhece a realidade da luta pela terra”, declarou o deputado.
Frei Anastácio enfatizou que “é necessária a conscientização de que a comida que chega a nossa mesa vem desses homens e mulheres que estão trabalhando com a terra. Setenta e um por cento dos alimentos que chegam à nossa mesa, são provenientes dos pequenos agricultores. A sociedade e os poderes públicos precisam mudar a idéia sobre quem são os trabalhadores e trabalhadoras do campo, e dar o devido valor que eles merecem”, afirmou o deputado.
Assessoria