Bota volta à Libertadores com vitória sobre Colo-Colo
Reza a lenda que todo bom alvinegro é supersticioso. Quantos fizeram a sua “mandinga” antes de sair de casa e ir para o estádio? Ou na hora de ligar a televisão, o rádio, abrir a página na internet? A força de pensamento foi tanta que parece ter chegado ao Nilton Santos. Quem imaginaria que o gol no jogo mais importante do ano até aqui sairia dos pés de Airton, volante que vem jogando muito, mas nunca havia balançado as redes com a camisa alvinegra em três anos e 75 jogos no clube. Ou que o chileno Baeza, que estava para ser negociado, mas ficou para chutar em cima de Pavez e fazer gol-contra? Só que o imponderável também sabe atrapalhar, que o diga Emerson Silva e o sutil desvio que deu um perigoso gol para o Colo-Colo. O placar final 2 a 1, junto com uma linda festa na arquibancada, marcaram a estreia do Alvinegro na Pré-Libertadores. Porém, foi com um placar de risco…
Com a vitória por 2 a 1, o Botafogo leva uma vantagem pequena, mas jogará pelo empate na próxima quarta-feira, às 21h45 (de Brasília), no Estádio Monumental, em Santiago, para passar para a última fase da Pré-Libertadores. Derrota por 1 a 0, porém, favorece os chilenos. Antes de decidir sua vida na América do Sul, o Alvinegro volta a campo pelo Campeonato Carioca: neste sábado, recebe o Macaé às 19h30 no Nilton Santos, provavelmente com time reserva.
A vontade era imensa. 100%, 110%, 120%… Parecia imensurável. A linha também era tênue para a ansiedade, o nervosismo. Aquela falta desnecessária, aquele passe precipitado… Mas aos poucos o Botafogo foi acalmando os ânimos. Montillo e Camilo começaram a aparecer, e a ajudar na marcação, coisa que muitos não imaginavam que pudessem fazer. Outra coisa que ninguém imaginava era que o gol fosse sair dos pés de Airton. Com um lindo e improvável chute, o volante arriscou de fora da área e acertou o cantinho do goleiro Villar, aos 29 minutos de bola rolando. Onze minutos depois, Pimpão, que corria o campo e o tempo todo, foi premiado pela insistência: batalhou pelo rebote do chute de Montillo na pequena área, dividiu com Baeza, que chutou em Pavez e fez contra: 2 a 0. O Botafogo foi com o placar dos sonhos para o intervalo.
Mas havia uma ameaça de pesadelo. A começar pelo próprio Airton, que lesionou o cotovelo esquerdo no último lance antes do intervalo e não voltou para o segundo tempo. O Botafogo voltou com o estreante João Paulo, mas faltou o volante em campo para bloquear o passe para Paredes ou o chute do centroavante, que desviou no calcanhar de Emerson Silva e matou Gatito, diminuindo o placar para 2 a 1. Gol que foi um baque para o Alvinegro e acordou o até então nocauteado Colo-Colo. E só não empatou porque o árbitro não marcou um pênalti claro quando Marcelo colocou a mão na área nos minutos finais. Com Montillo e companhia cansados, a equipe de Jair Ventura perdeu para a parte física, mas conseguiu segurar a mínima vantagem.
A torcida do Botafogo deu o seu show e exibiu um mosaico 3D, ocupando toda a arquibancada Leste, Superior e Inferior. Não foi com a imagem do ídolo Nilton Santos como era esperado. Os cerca de 20 mil panfletos, sendo 13 mil pretos e sete mil branco, formaram a frase “Lutem por nós”, enquanto subia a imagem de um cachorro uniformizado, um dos símbolos do clube, em meio a fumaças no chão, proporcionando um efeito tridimensional. Foi o terceiro mosaico alvinegro na Libertadores. Já havia feito dois em 2014, com as mensagens: “O gigante voltou” e “Somos um só”.
Aposta de Jair Ventura, Marcelo mostrou ser um jogador pronto mesmo com só 21 anos. Nem parecia que era a primeira Libertadores, a primeira partida com estádio lotado, a primeira “final” no profissional. O camisa 14 teve grande atuação, parou sozinho diversos ataques do Colo-Colo e ainda deu sorte quando falhou. Nos minutos finais, usou a mão para cortar um cruzamento na área, pênalti que o juiz não viu. Além da vitória, o Botafogo sai de campo com a certeza de que encontrou um zagueiro de muito futuro.