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Bombardeios cruzados na Síria deixam 65 mortos, a maioria civis

Pelo menos 35 pessoas morreram nesta terça-feira (20) com o impacto de um foguete, lançado por rebeldes sobre um “mercado popular” dos arredores de Damasco, enquanto o regime sírio prosseguia bombardeando a Ghuta Oriental, onde hoje morreram cerca de 30 civis.

A TV estatal síria acusou os “grupos terroristas” de terem lançado este foguete que atingiu a localidade de Jaramana, ao leste de Damasco, fazendo referência aos rebeldes. A agência oficial de notícias Sana contabilizou em 35 os mortos

O foguete caiu em um mercado perto de um ponto de controle do Exército, disseram moradores contatados pela AFP.

“A potência da explosão nos causou terror”, informou a enfermeira Hania, uma moradora do bairro Kashkul, nos arredores de Jarama.

O ataque aos subúrbios de Damasco – o mais mortal dos últimos meses – é parte dos bombardeios que os rebeldes lançam regularmente em represália aos ataques do regime em Ghuta, que já custaram mais de 1.450 vidas civis, entre elas as de 300 crianças, segundo a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Nos ataques desta terça-feira a Ghuta morreram ao menos 29 civis, destacou o OSDH.

Enquanto isso, no norte do país, os curdos, derrotados, se preparavam para novas operações turcas.

Estas duas frentes diferentes, mas representativas da complexidade da guerra na Síria, provocaram uma das priores crises humanitárias desde o início do conflito, em 2011, com dezenas de milhares de civis deslocados devido aos combates.

Várias ONGs expressaram sua preocupação e alertaram para o clima de desespero que prima entre os moradores destas zonas sitiadas pela violência da guerra.

Para evitar os bombardeios do regime em Ghuta Oriental, último enclave rebelde perto de Damasco, quase 70.000 pessoas deixaram estes territórios nos últimos dias.

Após um mês de operações aéreas e terrestres, o regime reconquistou mais de 80% do enclave, com o apoio de seu aliado russo. Está decidido, mais do que nunca, a tomar o controle total dessa região.

Desde a noite de segunda-feira, foram registrados ao menos 15 ataques do regime contra Duma, a maior cidade do enclave, segundo informações do OSDH.
AFP / GEORGE OURFALIAN Civis que fogem da cidade de Afrin, no noroeste da Síria, chegam a Al Ziyarah, sob controle do regime sírio, em 19 de março de 2018

Socorristas se concentram nos casos mais urgentes, e muitos muitos deles nem se atrevem a sair do centro da Defesa Civil por medo de se tornarem alvos de bombardeios, constatou um correspondente da AFP.

O Alto Comissário da ONU em Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, denunciou os bombardeios constantes de civis “assustados e presos”.

“As famílias fogem (do enclave rebelde), mas muitos civis temem represálias por causa de seu suposto apoio aos grupos de oposição”, afirmou.

O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) também deu um sinal de alerta sobre as condições difíceis dos deslocados nos centros de refúgio que estão “saturados”, indicou.

“As pessoas fazem filas durante horas para usar os banheiros e a maioria (dos centros) não contam com iluminação”, lamentou a agência da ONU em um comunicado.

– O EI, uma ameaça presente –

Enquanto isso, em Damasco, os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) demostraram que continuam sendo uma ameaça, após tomarem o controle de todo um bairro onde mantinham uma presença na periferia sul da capital, após violentos combates com as forças pró-regime.

“O EI tomou o controle total de Qadam e 36 membros das forças do regime e combatentes aliados morreram”, afirmou o OSDH.

Os jihadistas do Estado Islâmico, encurralados na Síria, mantêm uma presença nos bairros do subúrbio do sul de Damasco, especialmente no campo de refugiados palestinos de Yarmuk.

Eles controlam menos de 5% do território sírio, depois de sofrer vários golpes de múltiplas ofensivas das forças do regime, apoiadas pela Rússia ou forças curdo-árabes apoiadas por Washington.

– Célula adormecida curda –

Bombardeio na siriaEm outro front da guerra, ao norte da Síria, a Turquia anunciou na segunda-feira que se esforçava para consolidar o controle na cidade de Afrin, abandonada por seus habitantes, onde viveram cenas de caos.

A polícia militar turca foi mobilizada nesta terça-feira para Afrin, segundo o OSDH, que qualificou a situação de “caótica”.

A ofensiva turca, lançada em 20 de janeiro, dirige-se à milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG), classificada de “terrorista” por Ancara, mas aliada valiosa de Washington na luta contra o grupo EI.

A administração local curda da região de Afrin prometeu que seus combatentes se tornarão um “pesadelo permanente” do exército turco e seus aliados sírios. Segundo o OSDH, as células adormecidas das YPG continuam presentes nos arredores de Afrin.

Agência AFP

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