Alceu Valença repudia ditadura, filosofa e dedica música à mãe em gravação do DVD Vivo! Revivo!

alceu vivoCom o mesmo figurino usado no show original do álbum Vivo!, lançado em 1976, Alceu Valença subiu ao palco do Teatro de Santa Isabel, no bairro de Santo Antônio, nesta quinta-feira (8), para gravar o DVD Vivo! Revivo!, que, como o nome sugere, revisita as produções daquela fase da carreira. À exceção das botas – apertadas, segundo o músico, depois de calçar dois pares de meias na tentativa de ajustar o tamanho dos calçados aos pés -, Alceu usou a repetição proposital de figurino para justificar o que disse no palco: “Tudo está acontecendo ao mesmo tempo. Passado, presente e futuro.” No repertório, músicas de três discos dos anos 1970, Vivo!Molhado de Suor (1974) e Espelho Cristalino (1977). É uma fase mais psicodélica, com arranjos e letras bem diferentes das canções mais populares do pernambucano.

As músicas – Agalopado, Anjo de fogo, Cabelos longos, Veneno e Pontos cardeais, entre outras – não são as mais conhecidas do público. Infelizmente. Primeiro pela qualidade e engajamento político das composições. Segundo, porque a gravação de um DVD – objetivo do show – requer interação da plateia e, de preferência, domínio dos versos. “Percebi que pouca gente conhecia esse show. Levanta a mão quem não conhecia”, disparou Alceu, ao fim da performance. E, embora a mesma montagem tenha sido apresentada no Recife em 2012, no Baile Perfumado, a maioria absoluta da plateia ergueu as mãos.

Rindo, Alceu soltou palavrões em tom de brincadeira. A plateia – com quantidade considerável de pessoas que sequer haviam nascido quandoVivo! foi lançado, na década de 1970 – riu de volta. “Vou começar outra vez, então. Vocês topam?”, propôs o cantor, saindo de cena para, em seguida, recomeçar o show – sim, do começo ao fim. O repeteco seguiu a mesma sequência de faixas e deve render a captação de mais imagens para o DVD – que será lançado no ano que vem, quando o álbum Vivo! completa 40 anos.

Foto: Larissa Lins/DP/DA Press

Entre uma canção e outra, Alceu aproveitou para declamar poemas, filosofar sobre o tempo e compartilhar as impressões de um artista que vivenciou o período da ditadura militar no Brasil. “Esse show reflete a década de 1970. Na verdade, a década de 1960 em diante, uma época horrível em muitos sentidos. Havia sempre o risco de você ser preso, torturado, às vezes sem ter nada a ver com a história. É por isso que eu digo sempre que, apesar do quão ruim pode ser a democracia, apesar de todos os roubos e corrupção, a ditadura é sempre pior”, discursou.

Foi ovacionado, claro. Aproveitou para engatar Papagaio do futuro, composição que cantou no Festival Internacional da Música de 1972, ao lado de Geraldo Azevedo e Jackson do Pandeiro. “Compus essa música em estado de graça, em estado de luz.”

Entre as 21h30 e as 22h49, intervalo de duração da primeira rodada do show, alguns momentos se destacaram. Em Epidiana nº1, cujos arranjos vocais foram favorecidos pela acústica do teatro, Alceu dedicou a composição à mãe, que recentemente completou 101 anos. “Essa música eu escrevi para ela. Na época, eu já havia escrito umas 200 músicas para ela. Hoje devo ter escrito 500. Isso porque todas as músicas que eu escrevo são para me amostrar para a minha mãe”, brincou. 

Dia branco, interpretada com luzes mais intimistas, também foi bastante ovacionada, assim como Sol e chuva Espelho cristalino. Na sexta-feira (9), Alceu volta ao palco do Teatro de Santa Isabel para uma nova sessão do show Vivo! Revivo!, com captação de mais imagens para o DVD homônimo. Desta vez, o público pagante compõe a plateia, com ingressos esgotados.

Diário de Pernambuco

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Redação DiárioPB

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